Paz e amor! João Candi, o popular João hippie, fala de sua trajetória de vida

Adepto ao movimento que surgiu nos anos 60 nos EUA, João continua a cultivar e difundir a ideologia hippie por onde passa

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Se falarmos em João Candi Paz de Campos, talvez muitos não vão lembrar, mas se falarmos em João, “o hippie”, com certeza irão logo reconhecer. João, juntamente com sua esposa Cláudia Arnold, visitaram o portal Alegrete, e de uma maneira bem descontraída, contaram um pouco da sua trajetória de vida.
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Portal: Desde quando você é adepto ao movimento hippie e por quê?
João: Desde os meus 6 anos de idade. Lembro-me que na época o movimento tomou força, isso em meados dos anos 60. Vinham de longe aqueles homens em suas motos harley davidson, com cabelos compridos, calças rasgadas e seus violões. Isso me deixou muito influenciado em conhecer mais sobre o estilo de vida deles, e a partir dali tornei-me um hippie. O motivo de me tornar “um deles”, foi exatamente o modo de vida que eles levavam, o ideologismo que propagavam de uma vida de paz e amor, de simplicidade, contra o consumismo, enfim, a liberdade!
 
Portal: O que é ser um hippie? Quais as características?
João: Bom, como eu já mencionei, ser um hippie é um estilo de vida, uma ideologia. É ser contra o consumismo, contra as guerras e a atual forma de governo. Pregamos a liberdade e a preservação do meio ambiente. O que identifica um hippie é o modo de se vestir, já que é característico usar calças rasgadas, cabelos compridos ou pintados.
Outra marca de um hippie é viajar. Viajar pelo mundo, sem destino certo. Ser um andarilho.
Portal: Você já fez um dessas viagens?
João: Sim. Nos anos 80 eu e minha esposa, minha companheira, viajamos para a Bahia. Levamos três meses para chegar lá, pois íamos de carona, e apreciando, conhecendo os lugares. Moramos lá por 3 anos. O local em que ficamos tinham muitos hippies e tem até hoje, na praia de Arembepe. Foi uma experiência muito boa, aprendemos muito mais sobre os costumes e a ideologia dos hippies de lá.
Portal: Vocês sofrem algum tipo de preconceito?
João e Cláudia: Hoje não! Há uns anos atrás sim. Se tinha aquela ideia de que o hippie era um vagabundo, drogado etc. Pelo próprio estilo de nos vestirmos o pessoal já ficava olhando atravessado. Hoje não! Até por que usar calças rasgadas, cabelos compridos, piercing é normal.
Portal: E aquela história de que um hippie não toma banho, é verdade?
João: Não! (Risadas) Essa história surgiu porque os hippies que viajavam muito, de fato, às vezes, não tinham como tomar banho, era difícil mesmo. Mas isso não acontece mais hoje.
Portal: Sabemos que a juventude se identifica muito com vocês. Como é esse relacionamento?
João: Eles simpatizam muito conosco pelo nosso próprio estilo de vida. Temos um bom relacionamento, seja com os jovens, seja com os mais velhos.
Portal: Vocês têm filhos?
João: Sim, dois. O Harijan e a Flora.
Portal: Vocês estão há quanto tempo no calçadão expondo os produtos de vocês?
João: Há 20 anos estamos ali no calçadão.
Portal: O trabalho artesanal é feito por vocês mesmo?
João: Alguns sim, outros só revendemos.
Portal: A fonte de renda de vocês é só da venda dos produtos?
João: Não. Não dá para se viver só disso. Eu sou tatuador. Tenho meu estúdio de tatuagem no calçadão, no prédio da gazeta. E a Cláudia trabalha em uma loja aqui na cidade.
Portal: Hoje em dia, o movimento hippie ainda é vivo?
João: Sim. Porém não da mesma forma que antes. Eu mesmo, hoje, me considero um “hippie misturado”, pois a gente tem que conviver a atual globalização.
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Por Johnny Salbego