Israel Ethur Vieira, 27 anos, foi visto pela última vez há seis dias. Nesta sexta, carro do jovem foi encontrado. Caso é tratado pela polícia como desaparecimento voluntário. Amigos contaram ao G1 que Israel teve depressão e usou medicamentos.
A Polícia Civil de São Leopoldo investiga o paradeiro de Israel Ethur Vieira, 27 anos, que não é visto desde o último sábado (5). Segundo a delegada Isadora Galian, uma equipe da polícia foi designada especialmente para o caso e, além de buscas na região, ouviu testemunhas ao longo da semana.
Nesta sexta-feira (11), o carro de Israel foi encontrado, em Cambará do Sul, na serra. Os bombeiros devem iniciar as buscas por ele na cidade às 5h de sábado (12).
A hipótese principal da investigação é de desaparecimento voluntário. A delegada não deu mais informações com o objetivo de não atrapalhar a investigação.
Imagens de câmera de segurança obtidas pela polícia mostram Israel deixando o prédio onde morava na companhia de outro homem. Segundo a delegada, a identidade deste homem ainda não foi confirmada.
Amigos de Israel contaram ao G1 que ele deixou cartas para pessoas próximas e avisou que sairia de casa. O ex-namorado Junior Evans conta que recebeu uma mensagem de Israel, no dia do desaparecimento, pedindo que ele fosse até o apartamento.
“Pediu pra eu cuidar das gatas. Nas cartas dizia que iria pra longe, que era pra ficar tranquilo, que tava bem, que não estava vendo essa morte como algo ruim. Que ele preparou uma morte indolor. Pacífica, calma”, relata.
A delegada afirma que ainda não é possível constatar se houve morte no caso de Israel.
Camila Botelho Schuk, também amiga de Israel, conta que esteve com ele dois dias antes. “Eu tinha visto ele na quinta, ele estava super bem, brincando, rindo, a gente até conversou sobre saúde mental. A pressão que a sociedade coloca nas pessoas”, comenta.
Os amigos contam que Israel é alegre e brincalhão, mas teve depressão e usou medicamentos, há tempos. Recentemente, trabalhava em uma empresa, e pediu demissão antes do desaparecimento.
Mensagens postadas em uma rede social de Israel também deixam os familiares e conhecidos desconfiados. Desde o desaparecimento, a conta do jovem tem sido atualizada com textos, aparentemente tirados de livros, alguns que falam sobre morte. Segundo a delegada Isadora Galian, não é possível confirmar se os posts são feitos em tempo real ou se foram agendados.
As demais redes sociais de Israel foram deletadas. O G1 tentou contato com familiares do jovem, mas não quiseram se manifestar.
Carro de Israel foi encontrado em Cambará do Sul — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Importância de ouvir, diz psicóloga
Consultada pelo G1, a psicóloga e professora da PUCRS Samantha Dubugras Sá lembra que é necessário ter sensibilidade para abordar o tema do suicídio quando alguém manifesta a intenção.
“A primeira coisa é ouvir, porque a tendência é que as pessoas, frente a um comunicado desses, não por má intenção, mas por ser assunto difícil, tendem a mudar de assunto, tipo ‘não fala besteira’, tentar animar a pessoa”, afirma.
Expressões como essa não validam o sentimento da pessoa. Samantha lembra ainda que dados da OMS apontam que o número de pessoas que comunicam a intenção antes de se matar chega a dois terços.
Ao constatar intenções como essa, a psicóloga aponta que o melhor a se fazer é levar a sério e ajudar a pessoa a buscar atendimento de um profissional de saúde mental. “Uma escuta especializada que vai saber como conduzir”.
“Escutar é acolher e ajudar a pessoa a buscar auxílio”, pontua a psicóloga.
Rede social de jovem continua sendo atualizada — Foto: Reprodução
Fonte: G1