Polícia investiga suposto golpe que estaria sendo aplicado dentro do Husm

Duas mulheres relataram que receberam telefonemas de pessoas que diziam ser médicos do hospital pedindo dinheiro para marcar exames e cirurgias

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A 4ª Delegacia de Polícia Civil de Santa Maria está investigando um suposto golpe que pode estar sendo aplicado dentro do maior hospital público da Região Central do Estado, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).

Duas mulheres registraram ocorrência informando que receberam telefonemas de pessoas que dizem ser médicos do Husm e cobravam para realizar exames e cirurgias. O Husm também abriu sindicância para investigar as suspeitas.

A reportagem é de Alice Pavanello, da RBS TV Santa Maria.

O primeiro caso envolve uma babá de Santa Maria. Segundo ela, seu filho morreu em 2013, dias depois de nascer. No último domingo, conta a babá, um homem ligou dizendo ser do hospital e informando que seu filho precisava de uma transfusão de sangue urgente.

– Eles disseram que meu filho estava vivo. Eu fui até o Husm pelas 5h, no domingo e tinha uma pessoa me esperando. Ela me levou para uma sala onde havia oito pessoas que disseram que ele precisava de uma transfusão de sangue e de um transplante de coração – afirmou a babá Priscila Dias à reportagem da RBS TV.

Conforme a babá, as pessoas se apresentaram como diretores e médicos do hospital e disseram que o filho dela estava vivo e teria sido trocado na maternidade. Priscila contou à reportagem que respondeu que faria a doação de sangue se pudesse ver a criança, mas o grupo não aceitou. No outro seguinte, disse a babá, o grupo mandou para o celular dela uma foto que seria a do bebe. E fez um novo telefonema com outro pedido de dinheiro.

– Pediram R$ 70 mil para entregar a criança – disse a babá.

Conforme Priscila, na última terça-feira, ela e o marido desconfiaram que se tratava de um golpe e procuraram a polícia para registrar ocorrência.

– A pessoa que fez isso, ligou de lá, tinha foto de um bebê lá de dentro, tinha acesso a todas as informações do caso, sabiam de tudo lá – afirmou o vigilante Alcir da Silva, marido de Priscila.

Ao procurar a Polícia Civil para entender o caso, a reportagem descobriu que outra mulher registrou uma ocorrência relatando ser vítima do mesmo golpe. A mulher contou à RBS TV que sua irmã está internada na UTI do Husm e que, na semana passada, ela recebeu uma ligação de um homem que se apresentou como médico e dizia que a irmã precisava fazer um exame com urgência. Para isso, ela precisaria pagar R$ 3 mil

– Cheguei a conferir a agência de depósito. Confirmamos que era de Rondonópolis. Daí se pensou na possibilidade de estelionato. Eu cheguei a acreditar mesmo porque a gente se envolve e tá assim fragilizada pela doença – relatou a mulher.

A assessoria do Husm confirma que esse caso chegou ao conhecimento da Ouvidoria do hospital, que teve contato com a mulher e orientou que nada fosse pago, que todos os serviços do Husm são gratuitos.

Na manhã desta quinta-feira, o Husm entregou à polícia as imagens das câmeras de segurança correspondentes ao dia que a babá e o marido relataram ter estado no Husm. Conforme a assessoria do hospital, o casal não aparece em nenhuma sala do Pronto-Socorro, onde indicou ter estado.

Conforme o delegado Antônio Firmino, que investiga o caso, as imagens serão analisadas e vai pedir a quebra de sigilo telefônico da babá e da pessoa que efetuou as ligações.

– Primeiro, vamos verificar se há um caso de estelionato tentado, se há participação de funcionários do Husm ou verificar a possibilidade de uma venda de bebês – confirmou o delegado.

O Husm abriu sindicância interna para acompanhar o caso e informou as suspeitas à Polícia Federal, que irá analisar o caso e ver se irá investigar.

– Qualquer possibilidade vai ser apurada, vamos tomar todas as medidas inclusive com a polícia civil e federal, nossa intenção é esclarecer o caso – afirmou o gerente administrativo do Husm, João Batista Vasconcellos, à reportagem da RBS TV.

Conforme a assessoria do Husm, em 2014, um caso semelhante chegou a ser cogitado e envolveria uma quadrilha do Mato Grosso. na época, nada ficou provado. Mesmo assim, o hospital espalhou cartazes alertando os pacientes que todos os serviços oferecidos são de graça.

Fonte: DIÁRIO DE SANTA MARIA