‘Por tanta falta de ar, vem aquela angústia’, diz mulher de Marau que ficou 12 dias na UTI por Covid-19

Margarete Benedetti Longo ficou 16 dias internada no Hospital de Clínicas de Passo Fundo. Paciente teve alta nesta quarta-feira (15).

Dezesseis dias de apreensão e contato com a família apenas via vídeo. Assim foram as duas semanas de Margarete Benedetti Longo, de 41 anos, internada com Covid-19 no Hospital de Clínicas de Passo Fundo, no Norte do estado.

“Para mim foram dias difíceis. A primeira semana, é a sensação que vai morrer mesmo sem respirar. É uma sensação que, por tanta falta de ar, tanto mal estar, vem aquela angústia, uma ansiedade. É uma coisa inexplicável. É uma coisa que só quem passa por isso sabe explicar. Não quero que ninguém passe por isso”, diz Margarete.

O esposo e a filha também testaram positivo para o vírus, mas não tiveram sintomas.

Margarete, que ficou 12 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e mais quatro dias no quarto, recebeu alta nesta quarta-feira (15). Ela conta que sentiu os primeiros sintomas do coronavírus no dia 24 de março. Teve dor no corpo, um pouco de febre e cansaço, mas acreditava que era um resfriado.

“Tomei uns remédios, mas logo comecei a sentir náuseas, dor no estômago, mas achei que era em consequências das medicações. No outro domingo [29 de março] já tava mais debilitada. Procurei o pronto atendimento do hospital, uma médica me examinou, testou pulmão e disse que poderia ser uma virose. Tomei medicação na veia, me senti um pouco melhor e voltei pra casa.”

Porém, no dia 30 de março já teve falta de ar e pela manhã, procurou o posto de saúde de Marau, cidade onde mora, a 30 quilômetros de Passo Fundo, mas foi avisada que não tinha nada no pulmão. No mesmo dia à tarde seguia com falta de ar e procurou um médico particular. Fez uma tomografia e no mesmo dia internou no Hospital de Marau. No dia 31 foi transferida para o hospital em Passo Fundo.

“Fiquei muito mal mesmo na terça [31] que internei e no domingo [4] comecei a melhorar e me dei conta do que estava acontecendo”, conta Margarete.

Desde o dia que internou no hospital ela não teve mais contato com a família. O esposo e a filha tinham contato com o médico uma vez por dia para saberem do estado de saúde de Margarete.

“O pessoal do hospital teve a ideia de conseguir um tablet para eu ter contato com a família, poder ver eles. Isso começou a mudar tudo. Tanto para mim e muito mais para minha família que estava naquela angústia, sem ver a pessoa. Mas a partir do momento que passamos ter contato foi muito bom, até na minha própria recuperação”, relata.

Margarete não sabe onde possa ter se contaminado, já que não viajou. Mas, como ela trabalha com público e trabalhou até o dia 19 de março, acredita que possa ter sido no trabalho

“Não viajei para fora. Talvez eu já tava assim. Não sei que dia, onde, de quem”, aponta.

Margarete recebeu alta do Hospital de Passo Fundo na quarta-feira (15) — Foto: Margarete Benedetti Longo/Arquivo pessoal

Margarete recebeu alta do Hospital de Passo Fundo na quarta-feira (15) — Foto: Margarete Benedetti Longo/Arquivo pessoal

Ela conta que se sente muito grata aos funcionários e profissionais da saúde do hospital de Passo Fundo.

“Muito agradecida a todo o pessoal das Clínicas. Tive um atendimento sensacional. Não vou nem citar nomes para não esquecer. Desde a moça da faxina, a gente acaba criando laços de amizade e contato. Porque foram dias, tanta tensão, tanta parceria. Como a gente não tem contato com a nossa família, acaba criando uma família lá dentro”, ressalta.

Fonte: G1