‘Um grande vazio’, diz delegado sobre morte da mãe e da irmã por Covid-19 na Região Metropolitana de Porto Alegre

Sandra Maria da Silva, 72 anos, morreu na sexta (17), em Sapiranga, após contrair coronavírus, 11 dias depois da filha, a técnica de enfermagem Maricene da Silva, 51 anos, em Novo Hamburgo.

Onze dias depois de se despedir da irmã, a técnica de enfermagem Maricene da Silva, de 51 anos, o delegado Clóvis Nei da Silva perdeu a mãe, Sandra Maria da Silva, de 72 anos, também para o coronavírus. Ela faleceu na sexta-feira (17), em Sapiranga, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

“O nosso luto é enorme. Éramos muito ligados, daquelas famílias que em praticamente todos os domingos almoçávamos juntos. Sentimos um grande vazio. A mãe era bastante ativa, cuidava da casa, ajudava com os netos, sempre pronta para receber familiares e amigos”, descreve Clóvis.

Mari, a irmã, atuava na linha de frente do combate ao coronavírus. Ela foi hospitalizada em 20 de junho, no hospital municipal de Novo Hamburgo. No dia 6 de julho, não resistiu às complicações da doença e morreu.

A mãe não presenciou a piora da filha. Em 28 de junho, ela sentiu os primeiros sintomas, como tosse e falta de apetite, e, segundo o filho, precisou ser entubada no dia 1º de julho, no Hospital de Sapiranga.

“[Eram] mulheres que tinham como característica a forma acolhedora com que tratavam a todos. Amavam estar em família. Faziam de tudo para dar o melhor para filhos, netos, esposo, pais. Acima de tudo, foram mulheres do bem, que ajudaram muitas pessoas que passaram nas suas vidas”, resume o delegado.

Técnica de enfermagem Maricene da Silva, de 51 anos, morreu de coronavírus — Foto: Divulgação/Anhanguera Educacional

Técnica de enfermagem Maricene da Silva, de 51 anos, morreu de coronavírus — Foto: Divulgação/Anhanguera Educacional

‘Uma luta muito difícil’, alerta Clóvis

Conforme Clóvis, Sandra trabalhou por muitos anos como voluntária na Pastoral da Criança do bairro Primavera, em Novo Hamburgo. Católica, fazia da solidariedade uma constante em sua vida.

Ele recorda que a mãe adorava pintar panos de prato e fazer roupas e sapatinhos de tricô para presentear as mães de recém-nascidos.

“Estamos muito tristes por todas as circunstâncias. Infelizmente, estávamos nos vendo pouco, evitando visitá-la, por questões de isolamento social, mas alguém sempre telefonava ou a via, mesmo que por pouco tempo”, relata o delegado.

De acordo com ele, o irmão e a cunhada também tiveram sintomas da doença, mas se recuperaram em casa. O delegado reforça a necessidade de todos obedecerem as recomendações das autoridades médicas sobre o distanciamento social, a higiene de mãos e o uso das máscaras.

“Quando chega nessa forma grave da doença, é uma luta muito difícil, tanto para o paciente quanto para os familiares. Em média de sete a 15 dias o paciente fica entubado e isolado. E boa parte desses pacientes não sobrevive, como foi o caso de minha mãe e irmã. Infelizmente, muitos ainda ignoram ou menosprezam a existência do vírus, mas é muito real. Nessas semanas em que elas estiveram internadas, outras tantas famílias sofreram essa angústia todos os dias”, alerta.

Almoços de domingo eram celebrados pela família Silva, diz o delegado Clóvis — Foto: Clóvis Nei da Silva/Arquivo Pessoal

Almoços de domingo eram celebrados pela família Silva, diz o delegado Clóvis — Foto: Clóvis Nei da Silva/Arquivo Pessoal

Fonte: G1