Vitórias sobre o coronavírus deixam marcas e ensinamentos nas famílias

O diagnóstico foi difícil, a luta pela vida foi muito dura e, após 22 dias o alegretense que reside em Uruguaiana, deixou a ala Covid-19 da Santa Casa de Alegrete, na manhã de ontem (12). Muita emoção, cartazes, agradecimento e as lágrimas como demonstração de carinho, respeito e gratidão à equipe da linha de frente e aos demais componentes que estão diariamente atendendo a todos os pacientes e familiares na Santa Casa. Ele foi aplaudido pelos profissionais da área da saúde e recepcionado pelos familiares.

 

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Em entrevista ao PAT, Regina Figueiredo de Oliveira de 63 anos, esposa do paciente João Batista Paz da Luz, 66 anos, falou da alegria em saber que ele vai retornar para casa. Muito comovida, Regina descreveu um pouco de como foram esses dias, no total, 22. Ela começa dizendo que eles são alegretenses, mas há anos foram para Uruguaiana, há época em razão de um problema de saúde de um dos filhos. Ele nasceu com problema grave no intestino e devido ao tratamento, a solução foi residir no Município vizinho. Entretanto, a corrida contra o tempo, desta vez, foi para salvar o esposo. Diagnosticado com a Covid-19, João chegou em Alegrete com 70% dos pulmões comprometidos e com um diagnóstico muito delicado em relação ao quadro de saúde. “Eu e meu filho choramos todo trajeto, ele veio de ambulância, o médico disse que, mais um dia e ele não teria resistido. foram dias difíceis, eu fiz dois testes para ficar na casa da minha irmã, Graças a Deus deu negativo e, eu tive forças para passar esse período que não foi fácil, mas com muita fé e esperança. Para Deus, nada é impossível e, hoje, vamos retornar para casa”- comentou.

 

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Regina explicou que o esposo fez o teste rápido em Uruguaiana e deu negativo, o tratamento começou para uma infecção na garganta, mas os dias passavam e ele piorava, até que um segundo teste constatou que ele estava infectado e a transferência para Alegrete ocorreu de forma muito rápida, mas ele estava muito debilitado e fragilizado. “Meu mardo não tinha nenhum problema de saúde, até então trabalhava diariamente como pedreiro, tinha muito serviço. Mas agora vai ser o período em que vai precisar rever e cuidar da saúde. Por um tempo, o médico disse que ele vai precisar de oxigênio. Mas está bem, dentro do quadro que chegou aqui, sobreviveu pois tinha uma saúde boa”- completou.

Durante esses 22 dias, cerca de 15 foram na UTI e quando foi para o hospital de campanha, a ligação diária para falar com Regina e a “visita” através da janela também auxiliaram na recuperação de João. Um forma de aproximar e trazer esperança aos familiares que todos os dias esperam pela alta de seus queridos é o contato através do vidro. Os profissionais tiveram a sensibilidade de levar o paciente até a janela onde através do vidro eles se comunicavam. Na primeira vez que João viu a família após sair da UTI, não conteve a emoção e teve que ser amparado pela médica. A esposa e os filhos também se comoveram e às lágrimas foram inevitáveis. Regina conta que o esposo não precisou ser entubado, mas necessitou de ventilação mecânica e ainda vai precisar do oxigênio, mas ressalta que vê o milagre em sua vida ao tê-lo novamente no convívio do lar. “A família agradece a todos pelo carinho, dedicação e amor ao que fazem pois isso é muito importante. Somente com a dedicação dos profissionais que tudo é possível – citou.

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“Sempre que ouvi falar desse vírus as estatistificas eram as piores possíveis ainda mais na idade dele. Tive muito medo e, hoje, nem sei bem como expressar a minha gratidão e felicidade por tudo.”- resumiu.

Além de falar todos os dias, alguns minutos através da janela, a família também recebia uma ligação para falar com João. É uma maneira de trazer conforto às famílias e alento ao coração dos pacientes, pois o amor também faz parte da recuperação.

Regina e João são pais de Patrícia, Patrick, Iuri e Marcos. Todos os filhos, embora residindo cada um em um Município, entre Uruguaiana, Barra do Quarai, Santa Maria e Santiago acompanharam a evolução do quadro de saúde do pai, que, desde o momento que chegou na Santa Casa de Alegrete, segundo testemunhal de Regina, teve melhoras no quadro grave até a alta hospitalar.

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De todos os familiares, o filho que trabalha como pedreiro com o pai foi o único a ter a Covid-19, assim como, uma das noras. Regina e os demais testaram negativo.

“Um dia saímos daqui para salvar a vida do nosso filho e agora retornamos para salvar a vida dele. Quando estávamos acompanhando a ambulância, no dia em que ele saiu de Uruguaiana(22 de outubro), durante o trajeto eu e meu filho chorando, eu lembrei que o pai dele havia feito o mesmo por ele,mas na contramão. Deus é maravilhoso, tudo deu certo. Agora é retornar para casa.”- disse Regina.

Todos os familiares residem em Alegrete, por esse motivo, Regina ficou todo o período em Alegrete. Vai retornar para Uruguaiana com o esposo, nesta quinta-feira(12).

Flaviane Antolini Favero