Um talento alegretense que não desiste dos seus sonhos

O músico alegretense Helton Saldanha, iniciou aos 13 anos cantar profissionalmente. Nos palcos, seu primeiro grupo foi o Estilo Campeiro, onde atuou por 1 ano.

Filho do casal Pedro Saldanha e Ana Cláudia Fontoura, aos 14 anos, Helton foi para o Grupo Freio De Ouro, por 7 anos atuou como baterista e cantor, nesse período adquiriu um aprendizado gigantesco sobre animação de baile.
Aos 21 anos, surgiu a oportunidade de fazer parte da Gurizada Macanuda.  Com uma historia linda na música gaúcha, o alegretense se declarou muito fã e admirador da banda.
“Entrei no grupo assumindo o vocal e fui muito feliz na banda, pois, fiz amigos e não apenas colegas. Fiz parte da Banda por quase 2 anos, onde reconheci que estava no caminho certo e estava fazendo um trabalho bom”, avalia Helton.

Foi então que recebeu uma ligação de Balneário Camboriú, do Grupo Tchê Campeiro, que precisavam de um baterista. “Apesar das circunstâncias eu estava ciente que poderia não dar certo, mas fui fazer um teste por um final de semana”, conta.
Em Santa Catarina o alegretense ficou três 3 meses e pegou um visão muito ampla da música. “Comecei a conviver com ídolos que eu escutava apenas pelo rádio, em programas de TV como João Luiz Correa, Ivonir Machado, Tche Garotos entre tantos outros.
Ele não conseguiu a vaga de baterista no Tchê Campeiro, mas acabou presenteado com o convite do Grupo Herança Serrana de Santa Cruz do Sul,  onde foi vocalista.
“Saí do grupo porque a proposta era voltar para o Estado de Santa Catarina. Voltei e morei por 6 meses em Itapema, assumindo o vocal da Banda GDB”, relembra.

Atualmente, Helton amadureceu profissionalmente, entre idas e vindas,  reside em Alegrete e aqui resolveu dar um tempo e focar em outras atividades fora da música, mesmo assim toca em barzinho, e alguns bailes com grupos locais da cidade.

Confira o bate-papo:

Portal: Entre idas e vindas na música o que tu fazes atualmente em Alegrete ?

Entre ida e vindas, hoje opto por ficar perto da família, e atualmente trabalho em um supermercado.

Portal: De toda esta tua trajetória,qual a lição para vida ?

Desses longos 17 anos, na música, profissionalmente, o que eu tiro de lição é que devemos sempre correr atrás dos nossos sonhos, se der certo agradecer a Deus sempre, e se não der certo, agradecer a ele da mesma forma e ter isso como um aprendizado para oportunidades futuras.

Portal: Te arrepende de algum momento ?

Não me arrependo de nada, me arrependeria se não tivesse a ousadia de chegar até onde cheguei, de ir à lugares que jamais imaginaria estar.
A vida é uma só, o amanhã a Deus pertence, então eu vivo o hoje, e sou muito grato por cada pessoa que passou pela minha vida, por todas amizades, aprendizados, e, principalmente por todo apoio que tive durante minhas escolhas, sejam elas quais foram.

Portal: Com a pandemia do novo coronavírus a classe dos músicos foi abalada. Tu ainda canta ou tem algum projeto em andamento ?

Com a Pandemia, nós músicos fomos os primeiros a parar e com certeza vamos ser os últimos a voltar. No momento não tenho nenhum projeto em andamento, mas tenho muitas ideias futuras, e tenho fé que logo vamos estar novamente levando alegria para esse povo que sofre tanto com essa fase que estamos passando.

Portal: Por que é tão difícil viver de música ?

Pois bem, a classe dos músicos é uma classe que deveria ser mais valorizada, pois trabalha dignamente como qualquer trabalhador, mas nem todo mundo tem essa visão, quando eu falo “sou músico, trabalho com música.” as pessoas vão logo perguntando, mas tu não trabalha?
Não somos valorizados, pois na própria cidade, em alguns eventos os promotores preferem pagar um preço alto por grupos de fora, sendo que na cidade particularmente existem grupos com melhor qualidade.
É o ditado, procuram fora, sendo que tem em casa. Valorizem mais os músicos da terra.

Portal: Qual é o segredo para aprender tocar uma bateria ?

Eu não saberia dizer o real segredo, mas o meu foi força de vontade, querer exercer aquela função, eu fui a muitos bailes e fiquei horas olhando diversos bateristas tocarem baile, tive alguns conselhos, mas foi na prática, sozinho que aprendi a tocar.
Por isso eu digo, corra atrás, nada é impossível, eu não me considero um baterista top, mas sei que se surgir algo eu estou preparado para ajudar quem for, na função de baterista.

Portal: Foi uma Semana Farroupilha diferente de todas as outras. O que tu sentiu mais falta ?

A pior semana farroupilha da minha vida. O que eu mais senti falta foi da energia, da empolgação de uma semana farroupilha, do povo dançando um baile lotado. De sentir um sentimento único pelo Estado, de ver a tradição e a cultura estampadas em cada canto da cidade. Espero que essa sensação seja a última e única na minha vida.

Portal: Como músico tu tens algum projeto para o restante de 2020 ?

No momento não tenho nada em mente, estou focando em outros coisas, mas estamos sempre abertos para novas ideias, e novas propostas.

Portal: Estamos em ano eleitoral. Como alegretense o que tu pediria para o prefeito que assumir em 2021 ?

Pediria que antes de pensar em pedir voto, que sejamos mais humanos, que venhamos a nos colocar no lugar do outro.
Que sejamos a mudança que queremos e que venhamos a olhar mais para a necessidade da população.
Que invistam na área da saúde, nos ensinos escolares. Vamos colher amanhã, o fruto do que plantamos hoje.

Portal: Estamos vivendo um momento difícil. Qual a mensagem que tu deixa para aqueles que buscam dias melhores na profissão ?

Deus é suficiente, entrega, confia e descansa. É apenas uma fase difícil, se estamos aqui ainda é porque Deus tem um propósito em nossa vida. Agradeça mais, reclame menos. Abraça teu pai, tua mãe, diz a eles o quanto você o ama. Porque vivemos o hoje, mas o o amanhã a Deus pertence. Seja mais amor e menos ódio. Antes de julgar o cobrar, seja exemplo.

Júlio Cesar Santos                                      Fotos: acervo pessoal