A ala Covid de Alegrete na Santa Casa é segura, qualificada, mas é limitada no número de leitos

A preocupação com o comportamento da população ainda é um dos temas destacados por todos da área da saúde. Há muitas pessoas que ainda não compreenderam a necessidade do distanciamento controlado e todas as medidas a serem adotadas, conforme orientação da OMS.

A reportagem do PAT entrevistou o provedor da Santa Casa, Milton Araújo e a médica pediatra, responsável pela UTI Neonatal e Coordenadora do Comitê relacionado à Covid-19 e diretora técnica da Santa Casa de Alegrete, Marilene Campagnollo.

O assunto, não poderia ser diferente, abordagem do atual momento da pandemia no Município. Sob o comando do diretor da rádio Nativa FM e do Portal Alegrete Tudo, Jucelino Medeiros, vários pontos foram esclarecidos à população, como o real número de leitos, espaço montado especialmente para os pacientes com suspeita ou positivados do novo coronavírus, número de profissionais na linha de frente e contaminados com à Covid-19. Também, houve explicação sobre quando e quem deve fazer o teste.

Jucelino fez uma breve explanação sobre o atual momento da Santa Casa e da provedoria e seus novos pares. O provedor, Milton Araújo, reiterou que estão trabalhando ao máximo para resultados sempre positivos e a nova postura será de muita transparência para que haja conhecimento de tudo que é realizado no hospital.

Com a Dra Marilene, a abordagem foi  mais longa devido à necessidade de alguns esclarecimentos. Um dos pontos foi o número de leitos Covid-19, especialmente UTI. A médica explicou que há uma equipe, que não ultrapassa 10 médicos, que atua na linha de frente. Eles realizam um trabalho de 6h e, alguns técnicos em enfermagem chegam a fazer 12h. Todo esse cuidado é diretamente associado aos riscos de contaminação.

Ela comenta que há quatro meses quando se falava em pandemia e o novo coronavírus, parecia tudo muito distante, mas logo foi necessário uma integração entre Secretaria de Saúde do Município, Hospital Militar e Santa Casa. Foram traçadas algumas linhas de atuação e, imediatamente o exército já montou a barraca de triagem que fica em frente ao hospital, onde os casos suspeitos que apresentam síndromes gripais são inicialmente avaliados. Depois veio o Gripare, a UTI Covid-19 e mais recente o hospital de Campanha.

Essas ações foram muito importantes. A médica destaca o quanto tudo conspirou a favor na estrutura que se montou. ” Toda a ala relacionada ao novo coronavírus é interligada, mas ao mesmo tempo totalmente independente das demais áreas do hospital. As pessoas não precisam se preocupar, pois os pacientes que chegam de outros municípios e os daqui, não têm contato com os outros postos. Quanto ao fato da santa Casa ser referência na região, isso é importante para que desta forma possamos receber mais recursos e qualificar cada vez mais a equipe. Dos 10 respiradores atuais, há àquele que já não está em pleno funcionamento ou que não é tão equipado. Por esse motivo, esses que estão chegando, serão mais três, vão qualificar ainda mais a UTI Covid’- citou.

Marilene disse que o número de leitos  é motivo de preocupação, pois pode ocorrer falta como vem destacando o Governador Eduardo Leito, quando afirma que os próximos dias serão cruciais. Em alguns casos, como Porto Alegre, já há falta de leitos. A médica ressalta que não é só questão de respiradores, mas o número de profissionais que atuam. “Não adianta ter um número expressivo de respiradores e leitos, se não há profissionais para atuar na linha de frente. Aqui, há uma equipe montada que está 24h atuando neste número de 10 leitos UTI. Isso não significa que em casos extremos não venhamos a montar outros leitos, mas isso já seria uma situação de guerra”- descreve.

Por esse motivo, acrescenta que com 80% dos leitos UTI ocupados em alguns dias da última semana, o trabalho teve muito mais pressão e tensão. ” Não sabemos o tempo que esse paciente vai ficar naquele leito e se vai precisar do respirador. Há pessoas que começam com sintomas brandos e acabam evoluindo para a entubação. Já houve casos de pessoas internadas por longos períodos. Por isso é importante, acima de tudo, a prevenção.”-

A médica também enfatizou que é indispensável que as pessoas observem já as medidas de precaução: higienização, uso de máscaras e evitar a aglomeração. Em relação aos pacientes testados, ela esclarece que quanto maior for o número melhor, mas deve haver responsabilidade das pessoas no momento de informarem sobre o período de início dos primeiros sintomas, pois para cada teste há um período específico para a realização da testagem. Em relação ao PCR são quatro dias após o início dos sintomas e do teste rápido são dez dias.

Sobre os profissionais da Santa Casa, com síndromes gripais ou positivados, todos são rigorosamente afastados. “Não há motivo para preocupação em relação aos profissionais, todos são monitorados. Não há liberação de todos que tiveram algum tipo de contato com alguem que foi positivado, pois eles são acompanhados e sem sintomas não tem porque afastá-los. Há um controle rigoroso, as pessoas e familiares precisam compreender que há protocolos e todos são devidamente cumpridos” – concluiu.

Veja abaixo a entrevista completa.

 

 

 

Flaviane Antolini Favero