O autismo e seus diversos impactos na vida dessas pessoas e famílias estão sendo abordados na Jornada de Sensibilização ao Transtorno do Espectro do Autismo, no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), entre esta quinta (5) e sexta-feiras (6). O evento faz parte das discussões entre diversos entes da sociedade que resultarão na nova política pública da Secretaria da Saúde (SES) voltada a este público, uma prioridade do Governo do Estado para este ano.
A diretora do Departamento de Ações em Saúde, Ana Costa, abriu a Jornada ressaltando a importância da qualificação dos profissionais que trabalham com pessoas com autismo e a necessidade de lançar um olhar também sobre as famílias. “Esse transtorno perpassa as ações de todos os públicos: está inserido na saúde da criança, da mulher, do homem, do idoso. É uma discussão ampla, por isso precisa ser intersetorial”, falou a diretora. A estimativa da SES é que existam cerca de 2 milhões de pessoas com autismo no Brasil, aproximadamente 200 mil delas no Rio Grande do Sul e quase 50 mil em idade escolar.
O grupo de trabalho que está debatendo a questão em busca das melhores alternativas para oferecer aos cidadãos é formado, além de técnicos de diversas áreas da saúde, também as Secretarias de Educação, Trabalho e Assistência Social e Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, assim como a Federação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Sociedade de pediatria do RS, Rede Gaúcha Pró-Autismo, Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (Faders) e Telessaúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
A primeira palestra, na manhã desta quinta-feira (5), foi dada pelo professor Nelson Kirst, coordenador da Associação Pandorga, de São Leopoldo, que há 25 anos atende pessoas com autismo grave. Ele trouxe a realidade do cotidiano dessas pessoas e as famílias. “Nós, que não temos um autista na família, não fazemos ideia de como o transtorno afeta tão profundamente a vida de todos os que estão em volta”, disse Nelson. “Quem tem um filho ou familiar com autismo geralmente precisa se dedicar exclusivamente àquela pessoa e perde outros aspectos da vida, como trabalhos, estudos e tempo de lazer.”
O professor também colocou que o transtorno do espectro do autismo é “absolutamente democrático, pois não conhece geografia, raça, cor ou situação econômica. Toda a sociedade precisa entender o que é o autismo e entender as pessoas que têm este transtorno”.
Na programação da Jornada, ainda estão previstas palestras com outras autoridades na área do autismo, como os médicos Ricardo Halpern e Gledis Lisiane Motta e as profissionais de Pelotas Débora Jacks, Adriana Bastos e Luciana Santos da Silva que contarão da experiência no acolhimento das pessoas com autismo naquele município.
Fonte: Secretaria da Saúde