Ideia do ‘Habitar a Quarentena’ é mostrar, através de relatos e fotos, como pessoas estão se relacionando e se adaptando com as casas durante o período de isolamento.
A curiosidade de saber como as pessoas estão vivendo e percebendo as suas casas durante o período de isolamento social instigou a arquiteta Camila Thiesen, de Porto Alegre, a criar uma plataforma na qual as pessoas compartilham as experiências vividas no próprio lar.
Quais hábitos mudaram? Quais espaços foram adaptados para trabalho e para atividades físicas? Como é a forma de se relacionar com as pessoas com quem se compartilha o ambiente? São algumas das perguntas que a arquiteta de Porto Alegre deseja que as pessoas respondam, através dos relatos e imagens, enviados para o Instagram Habitar a Quarentena.
“Estamos vivendo um estado de permanência de incertezas, quase que em modo de espera. Em que permanecemos em um mesmo lugar, que antes era o lugar de morar, e que agora passa a ser um espaço multiuso. Um lugar que foi ressignificado ao atender novas demandas, onde se misturam as atividades, as relações, os sentimentos, as memórias e novas percepções com muita intensidade”, explica Camila.
A participação é através de relatos do dia a dia acompanhados de fotografias em preto e branco, para ilustrar o momento.
“Como está sendo no geral a quarentena, como a pessoa está se relacionando com os outros moradores, se tem outros moradores. E também se relacionando com a casa, se fez adaptações na casa. ‘Entrou uma luz que nunca tinha percebido. Agora tenho mais tempo para cuidar das minhas plantas’, são coisas que tenho recebido. É como é a relação de convivência e a relação da casa, como as pessoas trouxeram as atividades da rua para casa e como elas se adaptaram para fazer isso. A questão da terapia, onde escolheu fazer, ou o exercício físico, precisou arredar o sofá para fazer na sala”, exemplifica.
A intenção é que as fotos retratem, de fato, o dia a dia, sem produzir as imagens. “O relato é a peça mais importante do projeto. É o cotidiano, não precisa ser uma foto posada. O fio passando e as pessoas improvisando extensão para o computador, esse tipo de coisa que eu quero. Não é que a pessoa produza a casa para um editorial, é casa real mesmo, como está sendo no geral”, destaca Camila.
A arquiteta diz que o Instagram se tornou também uma rede de colaboração entre os usuários, que trocam dicas e sugestões.
“O relato é o apoio da fotografia. Não é ao contrário. A fotografia é para servir de ilustração para o relato. Retratar a luz entrando pela janela, a receita que tu fez. Qualquer coisa que simbolize o momento, não precisa expor realmente a casa”, aponta a arquiteta. “No momento, o projeto criou um centro de coletividade. As pessoas compartilham opiniões, e dão força, nos próprios comentários”
A ideia de Camila é expandir o perfil de colaboradores para diversos perfis, localidades e realidades. Para participar do Habitar a Quarentena, é necessário enviar um e-mail com o relato e até 10 fotos, em preto e branco, para o e-mail [email protected].
O instagram Habitar a Quarentena recebe relatos de como as pessoas estão se relacionando com as casa durante o isolamento social — Foto: Camila Pigatto/Arquivo Pessoal
Fonte: G1