Ator, diretor e mímico, alegretense Álvaro Assad radicado no Rio não esquece suas raízes

Os cabelos grisalhos já renderam diversas participações em novelas da Globo e nas mais inusitadas especialidades.

Ator, diretor e mímico, alegretense Álvaro Assad
Ator, diretor e mímico, alegretense Álvaro Assad

Ator, diretor e mímico, mas, antes de tudo, apaixonado pela comédia. Assim é o alegretense Álvaro Assad, 47 anos, que tem como característica marcante o bom humor não apenas para suas apresentações com o Centro Teatral Etc. e Tal, mas também para relembrar passagens curiosas dos seus mais de 25 anos de carreira.

Uma delas, por exemplo, envolveu “Fulano&Sicrano”, um dos 25 espetáculos dos quais já participou. Na esportiva, o gaúcho de Alegrete conta duas reações totalmente opostas que os espectadores tiveram em relação a esta mesma peça, só que, menos mal, em apresentações diferentes:

– Nos apresentamos para um público de 800 pessoas. Terminou com aplausos e pés fazendo estrondo. E ao apresentarmos em uma sessão para um público de 100 pessoas, se gerou um silêncio gélido. A frase do companheiro de cena Márcio Moura, ao nos cruzarmos na coxia, resume tudo: “Não conseguiremos matar o público de rir, ele já está morto” – recorda.

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Já como diretor, esteve à frente de montagens da própria Etc. e Tal, mas também de outras companhias. Alguns exemplos são “A Noite Dos Palhaços Mudos”, do grupo La Mínima, de Domingos Montagner, além “A Fantástica Baleia Engolidora de Circos”, da Cia. Frita. Conheça um pouco mais sobre este artista nesta entrevista exclusiva que ele concedeu ao Portal Alegrete Tudo.

Residindo no Rio de Janeiro, venceu a covid-19 e já está de volta ao trabalho. No primeiro contato, Álvaro logo dispara: O Alegrete é terra natal. Sou das famílias dos Ribeiros e neto de Anaurides e Maria. Filho de Mari.
Nascido no Alegrete e filho do Brasil. Correndo terra do norte no Amazonas, ao Rio de Janeiro aonde me radiquei.

Assim é o ator, pronto e brincalhão que trabalha com arte gestual e responsável diretor e ator de uma das mais longevas companhias de teatro e comicidade brasileiras, a Etc e Tal. Seu trabalho mescla a importância no audiovisual na parte dos bastidores.

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Atualmente assina a direção corporal e mímica da série Ninguém tá olhando na Netflix, agraciada com EMMY INTERNACIONAL como Melhor Série de Comédia. Outro trabalho elogiado de composição do personagem Louco interpretado pelo ator Rodrigo Santoro no filme LAÇOS TURMA DA MÔNICA.

Álvaro diz que Alegrete foi trabalho de parto. Nasceu em 1968, e aqui permaneceu 2 anos, os pais pegaram estrada e ele foi de carona, brinca o ator. “Sempre retornávamos para férias eventuais”, relembra falando nome completo dos avós, Anaurides Severo Ribeiro e Maria Flores Ribeiro, da mãe Mari Ribeiro Assad e do pai José Roberto Assad.

A rotina na Cidade Maravilhosa é corrida. Por conta da companhia estável de teatro com sede própria no centro do Rio, onde possui o acervo de 11 espetáculos acumulados e criados desde 1993. A Etc e Tal tem 28 anos de estrada e administra seus espetáculos se apresentando pelo Brasil e pelo mundo em festivais.
Os cabelos grisalhos já renderam diversas participações em novelas da Globo e nas mais inusitadas especialidades. Exemplo é o médico da novela Império, embora não sejam personagens fixos, ele sempre aparece na tela com participação de humor em séries como Tapas & Beijos e Grande Família, entre outras.

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O alegretense conta que a especialização da mímica veio com o encontro no início da década de 90, com o mais importante mímico português chamado Luís de Lima. Numa companhia de mímicos, Álvaro adquiriu conhecimento para agregar ao seu trabalho técnico na escola de teatro da CAL – Casa das Artes de Laranjeiras no RJ. E então, em 1993, fundou a companhia carioca ETC E TAL.

O alegretense diz que são décadas e foram algumas que passaram, desde que nasceu e cruzou o Ibirapuitã. “Nasci no dia da mentira do ano que não terminou. 01 de abril de 1968″. E claro, que a “parentada” não acreditou quando o neto do Anaurides e Maria, filho da Mari, havia nascido. Ficaram dando voltas em torno do hospital para ver se encontravam lá aquela camionete “suja de barro de fora”. Sim, nasci no dia da mentira e acreditem busquei como ofício a arte de contar as histórias que me aparecessem como se fossem a mais pura verdade. Ofício de atuar, especialização em atuar com mímica. Mímica – A arte do gesto”, versa o ator.

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Álvaro viajou desde guri do sul ao norte do Brasil e sempre que encontrava um gaúcho já dava um jeito de colocar na conversa que era natural do Alegrete.
“Sempre brinquei perguntando de onde a pessoa era e muitas vezes quando dizem que era da capital, eu dizia que eu era gaúcho, mas do Alegrete”, conta aos risos.
O ator carrega consigo uma espécie de passaporte do sorriso como identificação. “Nunca precisei explicar “aonde fica o Alegrete”. Só quem carrega o sotaque materno no coração sabe o que isso significa”. revela Assad.

Formado em Artes Cênicas, fundador da Etc e Tal, trabalhando no teatro e no audiovisual como Diretor Corporal e Mímico em filmes que estão nos streaming. LAÇOS – TURMA DA MÔNICA, foi ele que preparou e criou a partitura da cena com Rodrigo Santoro para o “Louco”; LIÇÕES – TURMA DA MÔNICA.

Orgulhoso de sua companhia, que tem dezenas de espetáculos em repertório, se apresentou pelo Brasil em todos os estados e o Distrito Federal.
Em circulação no Rio Grande do Sul(Marcio Moura, Melissa Teles-Lôbo, Fernanda Sabino, Levi Leonardo, Lu Altman e ele passaram por Porto Alegre, Caxias do Sul, Montenegro, Ijuí, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana, entre outras.

Nessa última, pediu para o motorista parar no caminho. Na entrada do Alegrete. “Não nos apresentaríamos na minha cidade, mas era fundamental tirar os sapatos e sentir os pés no chão. Na terra natal. Foi necessário. Sempre será”, contou.

Mas, faltava o Alegrete no currículo do ator e diretor. Tal foi a surpresa desse ano de 2021, quando recebeu o convite de preparar e filmar o espetáculo para a gurizada do Alegrete, como ele se refere.

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O projeto do Sesc Alegrete contemplou a obra O MAIOR MENOR ESPETÁCULO DA TERRA de forma a circular em telas digitais.

“Muita alegria de encenar, imaginar e sorrir. Estamos on-line e para o Alegrete. Espero passar esse momento fundamental que é nos cuidarmos para poder apresentar ao vivo na minha terra natal. Estar no Alegrete é preciso e precioso pra mim”, revelou Álvaro Assad.

Júlio Cesar Santos                                              Fotos: acervo pessoal