Aviões agrícolas foram determinantes para combater fogo que consumiu 600ha de campo no Guasso-Boi

No feriado de Tiradentes, a reportagem do PAT falou com o proprietário da empresa Itagro Aviação Agrícola, Marcos Antônio Camargo, que esteve à frente do combate às chamas de um incêndio de grandes proporções no interior de Alegrete.

Foram mais de onze horas de voo entre dois aviões agrícolas e mais de 90 mil litros de água despejados em mais de 60 lançamentos durante a última segunda-feira (20).

A reportagem do Alegrete Tudo conversou com o proprietário da empresa que atuou como a principal força contra o incêndio que consumiu mais de 600ha no interior do Município, cerca de 50 KM da cidade.

A população alegretense teve a dimensão e a gravidade do que estava acontecendo na localidade conhecida como Ferraria, após um áudio do empresário Marco Antônio Camargo circular em grupos de whatsapp.

Ele descrevia toda ação que estava acontecendo no local e solicitava o auxílio de produtores.

Conforme Camargo, ele foi contato na noite de domingo pelos proprietários das estâncias. De imediato iniciou o planejamento para que já, na madrugada um avião de grande porte fosse para o local.

O fogo tinha iniciado no domingo e, quando a aeronave decolou no início do dia de segunda- feira, uma equipe de apoio já aguardava desde a madrugada em uma pista, que de acordo com o empresário, não ficava muito perto da área atingida.

 

Ele comentou ainda da dificuldade de água devido a estiagem e várias barragens estão sem água ou com uma quantidade muito baixa para que fosse possível abastecer o avião.

” Eu desde o início estava perto para auxiliar com uma aeronave menor. Mas por volta das 14h, o vento ficou forte e, mesmo com o trabalho ininterrupto, o pessoal que estava trabalhando no rescaldo não estava dando conta e a propagação aumentou de forma assustadora. Por esse motivo, resolvi enviar o áudio para grupos de produtores para que eles pudessem enviar auxílio, maquinário e pessoas para ajudar no rescaldo. As chamas eram apagadas, mas sem esse trabalho em alguns pontos o vento fazia com que o fogo permanecesse e logo tornava a se espalhar” – explicou.

Um dos aviões era um turboélice Air Tractor 402B, com capacidade para 1,5 mil litros de água.

Neste período da tarde, um outro avião também decolou para combater o sinistro, pois o grande receio era devido ao fato de que as chamas estavam chegando próximo às residências.

A segunda aeronave era um Embraer Ipanema, com capacidade para 800 litros de água. Este fez mais 17 lançamentos contra as chamas.

Em contato com os Bombeiros, o empresário salientou sobre o que estava acontecendo, mas tinha o entendimento de que a equipe não poderia sair da cidade pois o Município ficaria desguarnecido. “Da forma que o fogo estava no local, os Bombeiros não teriam como realizar o combate sozinhos. Por esse motivo, o apoio solicitado seria importante. Alguns produtores atenderam e cerca de 15 pessoas realizaram o rescaldo na parte da tarde e entraram a madrugada de terça. A equipe que estava atuando desde a madrugada estava exausta” comentou.

Um outro ponto determinante para a importância do trabalho realizado pelas aeronaves é em razão dos recorrentes focos de incêndio em campos na cidade e nas imediações. Outro fator que evidência ainda mais os riscos da equipe dos Bombeiros se deslocarem para um local distante de Alegrete é o tempo de retorno, de no mínimo uma hora, período que pode determinar uma tragédia em caso de incêndio vlna cidade

As aeronaves da empresa aeroagrícola Itagro, já realizaram outras ações de combate a chamas. E como em outras ocorrências, nesta, também foi de suma importância e a principal força no combate a esse sinistro que deixou um rastro de mais de 600 hectares de destruição.

O empresário também ressaltou o apoio dos voluntários que foi fundamental na eliminação dos braseiros e focos menores.

O impacto ambiental desse gigantesca queimada de campo não foi mensurado ainda, mas o prejuízo para fauna e flora é grande.

Informação extras:

No Brasil, há quase 50 anos esse tipo de operação é oficialmente uma das funções da aviação agrícola, conforme o Decreto-Lei nº 917, de 7 de outubro de 1969 – que diz: § 2º As atividades da Aviação Agrícola compreendem: e) combate a incêndios em campos ou florestas.

Desde o início dos anos 2000 órgãos governamentais começaram a contratar com certa frequência empresas aeroagrícolas para serviços de combate a incêndios em áreas de reserva natural. Isso ocorre principalmente com o Instituto Chico Mendes (ICM Bio), que é federal; o Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais, a Secretaria de Meio Ambiente da Bahia e o governo paulista. No entanto, conforme o Sindicato nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), apenas cerca de 15 aviões agrícolas de empresas do setor participam todos os anos de operações de combate a incêndios pelo Brasil.

A principal vantagem é, sem dúvida a segurança, tanto para os bombeiros quanto para a população direta ou indiretamente envolvida com o incêndio. Além da capacidade de chegar rápido nos pontos de incêndio e fazer lançamentos repetidos de grandes quantidades de água em campos e matas, o ganho do uso da aviação também para as cidades.

Em um incêndio em área de floresta, sempre que o bombeiro se desloca da cidade, são levados equipamentos, veículos (inclusive ambulâncias) e pessoal que normalmente fica na cidade, para proteger a população urbana. O mesmo incêndio que uma equipe sem apoio aéreo levaria sete dias para extinguir, pode ser resolvido em um dia com apoio de aviões. Ou seja, além de menor desgaste do pessoal (e de sua segurança), o avião garante bombeiros menos tempo ausentes de suas bases.

Já a vantagem econômica vem principalmente da economia na logística. Isso porque os órgãos governamentais não precisam comprar aeronaves que seriam usadas apenas para aquele fim, tento todo o gasto de manutenção e pessoal para um aparelho que ficaria parado boa parte do ano. Para as empresas de aviação agrícola, é uma função a mais para um equipamento que já está em seus quadros e que, por sua vez, tem utilização reduzida nas lavouras durante as estiagens – justamente quando ocorrem os incêndios.

Fotos e vídeos: Itagro