Chegou o CVV, o Centro que vai combater o suicídio em Alegrete

Na noite desta quinta-feira(15), o Centro de Valorização da Vida foi tema de uma audiência pública, com a presença do membro do CVV e coordenador de expansão do Nacional, João Régis da Silva, que reside em Uberlândia. Ele anunciou a implantação de uma sede na cidade e divulgou o número 188 do CVV. Também foram divulgadas vagas para o trabalho voluntário de pessoas que desejem auxiliar outras em situações de vulnerabilidade emocional e perigo iminente, tristeza, desespero, ansiedade e com necessidade de serem ouvidas.

O plenário esteve lotado, para o assunto que tem uma grande importância devido ao alto índice de suicídios no Rio Grande do Sul. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano passado foram registrados 16 suicídios por dia, sendo que o limite seria de 3 a 5.

Com nove postos no RS, até julho deste ano foram mais de 3.500 ligações ao 188 e 1.500 e-mails. O coordenador acredita que a divulgação mais expressiva do número, o aumento de voluntários e o acréscimo no número de postos são fatores que auxiliaram para estes números bem consideráveis. Ele esclarece que todas as situações não desejadas podem levar a pessoa a cometer o suicídio e que todas as pessoas de alguma forma dão sinais, pedem ajuda, basta a família saber interpretar.

O coordenador nacional de expansão do CVV, João Régis da Silva, ministrou uma palestra apresentando o trabalho do centro, sua metodologia e, também, dados sobre depressão e suicídio.

Sem vínculos políticos ou religiosos, o CVV é uma rede criada para evitar casos de suicídio. Foi fundada em 1962 na cidade de São Paulo e, em 1973, passou a ser reconhecida como uma instituição de utilidade pública municipal, estadual e federal. Como entidade reconhecida pelo Ministério da Saúde, participa de todas as discussões sobre políticas públicas relacionadas ao suicídio no país.

Segundo o coordenador, a instituição não tem fins lucrativos e depende do voluntariado. Atualmente, há 112 cidades que possuem unidades do centro, funcionando com um total de 3100 voluntários. O serviço é organizado por regionais. Em cada município, há uma ONG responsável pela manutenção, pela captação de recursos e pela divulgação. Atualmente, apesar de ainda não estar presente em quatro unidades da federação, todos os estados podem ser atendidos por meio do 188.

Em Alegrete, o CVV chega através do Núcleo de Apoio a Vida de Alegrete – Naviale, ong que trabalha a prevenção ao suicídio. A ideia é do casal Salete Jaques e Paulo Arnoud Grande . Salete, presidente da Naviale e coordenadora do posto do CVV em Alegrete ressaltou que eles estão em busca de voluntários que serão capacitados para atender o público. No começo o atendimento será através do telefone 188, e, na sequência, com os voluntários capacitados de forma presencial.

Cléo Trindade (MDB), proponente da audiência, explicou que a demanda pelo debate veio do casal Salete e Paulo, que pediu auxílio, há cerca de quatro meses, para que a Câmara fosse parceira em um assunto importante como o suicídio. Ele acrescenta que devido os dados atuais, mais jovens estão envolvidos, com casos de depressão. Isto está num crescente e a idade não tem um limite, acontece desde crianças até idosos. É muito importante falar do assunto, algo que está sendo feito também durante a programação Farroupilha para que as jovens participem desse debates. Cléo agradeceu aos que se dedicam a salvar vidas e amenizar o sofrimento do outro. “Uma conversa pode salvar alguém do adoecimento”.

Conforme a Coordenadora do Serviço de Saúde Mental, Nádia Mileto, no ano passado foram nove suicídios em Alegrete, neste ano, em sete meses foram nove. Ela falou da implementação do Samu Mental que vai auxiliar as pessoas que fazem parte da rede e o quanto esse serviço vai ajudar a todos, pelo número expressivo de usuários dos serviços em Alegrete.

O prefeito Márcio Amaral foi o responsável por dar a boa notícia de que o local para a sede do CVV em Alegrete, será na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), um dos mais indicados por ser 24h. Uma conversa com a administradora da Santa Casa, Tailise Ribeiro Lemos, foi disponibilizada a sala. A previsão é de que até dezembro já esteja funcionando.

O que leva a pessoa ao suicídio? São vários fatores, dentre eles:

  • depressão
  • histórico familiar
  • uso de álcool  e drogas
  • abuso
  • acesso ao instrumento
  • bullyng
  • estresse
  • pressa interna
  • dificuldade de interação social

Por dia, no Brasil são 32 suicídios, que somam 960 mês e 11.520 por ano. “Precisamos quebrar o tabu de que não se deve falar do suicídio, ele existe é real. Precisamos falar sim, para isto existe o CVV” – falou Régis.

Depois do trânsito o suicídio é a maior causa de morte entre os jovens. 17% dos brasileiros já pensaram em cometer algo contra a vida e 90% destas poderão deixar de cometer através da ajuda, por ter com quem conversar, por ter uma “amparo”. O Brasil é o 8° no ranking e de forma impactante, o Rio Grande do Sul pode ser considerada a capital do suicídio – finalizou.

Flaviane Antolini Favero