Conheça Rosimeri, a única mulher presidente de um clube amador de Alegrete

A alegretense Rosimeri Neri Mota, é a única mulher presidente de um clube do futebol amador de Alegrete. A Liga Alegretense de Futebol possui mais de 30 clubes filiados, e até então somente homens comandavam suas agremiações. Exceto o Clube Alegretense Boca Juniors, que é presidido pela desportista Rosimeri.

Aos 44 anos, ela é casada com Marcelo Gomes, fundador do clube no Bairro Vera Cruz. Estudante do curso de Serviço Social, trabalha na Câmara, na função de assessora parlamentar. Filha de Luis Carlos da Silva Neri e Laci Dorneles da Rosa (in memorian), Rosi como é carinhosamente chamada, se aventurou num universo dominado por homens.

Vai a campo aos finais de semana, organiza fichários do clube, que possui mais de uma categoria e se precisar lava o fardamento. Está sempre atenta às atividades do clube. No cargo desde 2018, Rosi é uma das batalhadoras do futebol local, é respeitada por todos e busca melhorias para os clubes amadores de Alegrete.

No outubro rosa foi pioneira em levantar a bandeira pela prevenção do câncer de mama. Vestiu o time de rosa e na beira do campo recolheu doações que serão entregue a instituições carentes do município. Não foi a primeira, nem será a última presidente de um clube do futebol amador alegretense, mas em 2019, figura sozinha, na presidência entre os clubes filiados à LAF.

Confira o bate-papo que a Presidente Rosi, teve com a reportagem do Portal Alegrete Tudo:

Portal:  Como foi teu envolvimento num esporte dominado por homens e ainda numa cidade do interior ?

Meu esposo fundou o Boca, a partir da participação do clube do América no torneio do Palmeiras, acabei me envolvendo. Acompanhava ele, ajudava nas atividades de campo e me entrosei.

Portal: Desde quando tu estás no futebol amador ?

Foi desde 2010, sempre acompanhando meu marido pelo futebol amador de Alegrete.

Portal: Já enfrentaste algum tipo de preconceito por ser mulher ?

Sim. E de mulheres mesmo, tipo quem vai aos jogos não tem o que fazer em casa ou comentários que campo de futebol não é lugar para mulheres. Tendo oportunidade sempre respondo com trabalho. Minhas tarefas domesticas sempre estão em dia. Tenho prazer em fazer um chimarrão e acompanhar meu esposo. Te digo, não existe nada mais prazeroso do que você estar em ótima companhia. Aliás, o lugar de uma mulher é onde ela quiser. Seja no campo de futebol ou em outro esporte qualquer.

Portal: Teu esposo foi um dos fundadores do Club Alegretense Boca Juniors e agora tu és a atual presidente. Como é o trabalho pelo futebol alegretense ?

Sim. A ideia de montar um time surgiu na época que morávamos na beira trilho, daí ele conversou com o Ricardo (Tita) e outros amigos e resolveram montar um time. Como ele sempre gostou muito do Boca da Argentina, colocou o nome de Boca Juniors, onde na ocasião elaboramos uma ata e fizemos uma reunião na casa do Jeferson (Careca). Nascia ali o Clube Alegretense Boca Juniors.

Portal:  Recentemente o teu clube foi pioneiro na campanha do outubro rosa. Qual o saldo dessa campanha nos campos recebendo doações e divulgando a causa ?

Eu fico olhando nos campos,o fluxo de pessoas que passam por ali durante os finais de semanas. De alguma forma poderiam ajudar sempre temos algo para doar, o pessoal da categoria 40 anos, me pediu para que eu arrumasse uma faixa para fazerem uma foto com o uniforme rosa, Daí me veio a ideia de além do alerta da prevenção, arrecadar doações. Falei com o Presidente Paulo Cunha da LAF, e convidei para ser nosso parceiro. Envolvi outras categorias que também aderiram e o saldo está sendo positivo para uma primeira edição. Até as pessoas reconhecerem que nos campos de futebol também é lugar de campanha social, vai pegando jeito a campanha. Ah, e não vai parar por aí. Já tenho projeto para o  Novembro Azul.

Portal: Qual a principal dificuldade em fazer futebol hoje em Alegrete?

Sem dúvida é a falta de gestão pública. Quem participa é porque realmente gosta. A falta de banheiro nos campos. Aos finais de semana têm mais fluxo de gente do que no EFIPAN, então é vergonhoso para o nosso município. O que mais me chama atenção é quem realmente tem participação direta, joga em algum time e não toma providências. O futebol alegretense está precisando somente de atenção.

Portal: Tu estás fazendo um trabalho elogiável por todos clubes. A  mulher presidente de clube amador de Alegrete. Já pensou em assumir a LAF ?

Olha não pensei nisso mesmo.

Portal: Como tu avalias o futebol amador de Alegrete ?

Como eu falei anteriormente, o futebol precisa urgente de atenção do poder público, principalmente de atualização.

Portal: Cada vez se nota mais mulheres assistindo futebol aos fins de semana nos campos do amador. É possível organizar um campeonato de futebol feminino, como antigamente ?

Creio que sim. Colocando à frente pessoas que realmente se interessem em organizar, é possível.

Portal: Qual é a tua maior gratidão. Neste anos todos se dedicando ao clube e consequentemente ao futebol amador de Alegrete ?

Tudo vem de Deus. Nada é em vão em nossas vidas. Ele nos colocou nesse caminho ao longo desses anos e me sinto grata em poder participar junto com meu marido, fazer amizades. É gratificante tu ver esse ambiente familiar que o esporte amador nos possibilita.

Júlio Cesar Santos                     Fotos: acervo pessoal