“Ela me abraçava e dizia ‘sou feliz'”, lembra pai de menina atropelada em Caxias do Sul

Sonho de Ariele Simon Fures, de 13 anos, era se tornar veterinária

menina

“Não cabe a mim questionar o agir de Deus, ou tentar entender a razão” é o trecho de uma mensagem postada no Facebook por Ariele Simon Fures no dia 24 de fevereiro. A mensagem despretensiosa hoje serve de consolo para os amigos e familiares que choram a morte da adolescente de 13 anos, vítima de um  atropelamento na última quarta-feira no bairro Esplanada, em Caxias do Sul. Para a família e amigos, fica a lembrança de uma menina dedicada e alegre.

Homenagens à adolescente marcaram a sexta-feira na Escola Municipal Prefeito Luciano Corsetti, no bairro Kayser, onde a menina estudava há dois anos. Segundo a professora de inglês, Fernanda Bassanesi Cioato, os colegas do 9º ano foram dispensados. No intervalo, a escola tocou a música preferida de Ariele.

— Era uma aluna exemplar, estudiosa, muito amiga e querida. Estava sempre sorridente. Os colegas gostavam muito dela e os pais estavam sempre presentes, vinham sempre à escola — relata Fernanda.

— Tudo de bom ela era. Ela era querida, estava no caminho certo. Estudiosa, trabalhadora. Tudo de bom que existir pode dizer sobre ela que eu assino embaixo. O vazio que ela deixou é muito grande. Ela vinha, me abraçava e dizia “sou feliz” — emociona-se o pai da menina, Mário Nascimento Fures.

Ariele nasceu em Caxias, mas a família morou por sete meses em Pirapó, na região das Missões. Há dois anos voltaram e a adolescente passou a estudar na Escola  Municipal Prefeito Luciano Corsetti, no bairro Kayser. O pouco tempo de volta a Caxias já foi suficiente para que a jovem conquistasse o carinho de todos e adotasse uma rotina de estudos e ajuda em casa.

De acordo com Mário, todos os dias ela acordava junto com ele, às 5h20min. Diariamente ela ia com o pai em sua van de transporte escolar, para ajuda-lo a buscar as crianças. A responsabilidade ficava evidente também nos cuidados com o irmão caçula, de 4 anos, e na dedicação à escola. Seu sonho era ser médica veterinária.

— Eu estava fazendo economias pra ter o dinheiro pra ela poder fazer faculdade. Até fome eu passei para criar minha filha, mas hoje estava guardando um dinheirinho para ver minha filha na faculdade — conta Mário.


Fé na religião e esperança de Justiça

O empresário Mário Nascimento Fures se apega à certeza de que Deus guardou um lugar especial para a sua filha. Para ele, a mensagem que ela postou há pouco mais de um mês mostra que ela imaginava coisas boas para sua vida.

Em meio à dor de perder a filha mais velha, Mário só pede que seja feita Justiça. Ele reconhece que nada vai trazer sua filha de volta, mas pede uma Justiça mais eficiente, para que outros pais não passem pelo mesmo que ele.

— Esse menino que matou minha filha, eu faço uma aposta: ele não fica um dia na cadeia, não paga uma cesta básica — se revolta o empresário.


 

Fonte: Correio do Povo