Técnica garantiu que mais de 50 casas fossem retiradas das águas desde sexta-feira
A cidade de Itaqui adotou uma maneira engenhosa de evitar que os moradores percam tudo para o rio Uruguai. Ao invés de retirar os móveis e eletrodomésticos de dentro das residências, as casas são removidas inteiras de dentro das águas. Isso foi testado pela primeira vez em 1998, na última grande enchente da região, e se repete agora em 2014.
Mais de 50 casas volantes (como são chamadas essas residências móveis) foram retiradas desde sexta-feira, quando o Uruguai começou a subir. Ele está 9m50cm acima do nível e a previsão é que chegue a 11 metros hoje. Em 1998 atingiu 13 metros em Itaqui, cidade da fronteira oeste com 38 mil habitantes e o município gaúcho mais distante de Porto Alegre (são 710 quilômetros até a Capital).
E como as casas se movem? É que são construídas sobre troncos inteiros de árvores, colocadas no lugar dos alicerces — que não são de concreto, mas de madeira. Isso forma um piso com estrutura retangular muito sólida e móvel. Aí a Defesa Civil e o Exército rebocam a casa inteira, com uso de tratores e retroescavadeiras. A residência é arrastada pela água e, depois, pelas ruas de barro, que ainda são maioria na periferia de Itaqui.
— É a terceira vez que removo a casa e salvo tudo que ia ser engolido pelo rio. A primeira foi em 1983, quando eu era jovem — recorda o pedreiro Alexandre Melo Marques, 55 anos.
Cristiele dos Santos, que também teve a casa removida, estava mais preocupada é com o cachorro Bagaceiro, que ficou preso numa corrente. Ela voltou e soltou o bicho, que tremia de frio e medo e correu para o colo da garota.
O coordenador da Defesa Civil Municipal de Itaqui, Marcos Santos dos Santos, diz que 117 pessoas estão desabrigadas em Itaqui (perderam as casas) e 55 desalojados (que foram para a casa de parentes). O pessoal das casas volantes está nesse último grupo.
Em São Borja, cidade vizinha, são 1.200 flagelados e em Uruguaiana, também na Fronteira Oeste, 17 flagelados.
Fonte: Zero Hora