
Rafaél de Lima está há mais de um mês trabalhando em uma unidade de saúde específica para atendimento de síndromes gripais. Pai de três meninos, ele está isolado de toda a família.
Motivado em ajudar o município a enfrentar a pandemia do novo coronavírus, o servidor público Rafaél de Lima abriu mão da convivência com a família ao se tornar voluntário de uma unidade de saúde específica para atendimento de síndromes gripais em Pelotas, na Região Sul do estado.
Pai dos meninos Aron Gabriel, Bernardo e Benjamin, ele está isolado de toda a família há mais de um mês.
“Dá saudades, mas eu não tive mais contato pela questão de risco. Eu achei arriscado demais estar em contato com eles, por isso, desde o primeiro momento a gente acertou que era melhor se isolar”, conta o vountário.
Convivendo com pacientes a partir da recepção, fazendo todo o processo administrativo da internação até a alta, Rafaél atua no Hospital de Campanha Covid de Pelotas desde a inauguração, em 24 de abril.
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Rafaél de Lima é servidor público e atua como voluntátio no Centro de Atendimento a Síndromes Gripais em Pelotas — Foto: Arquivo Pessoal
Entre os colegas que atuam na linha de frente do combate ao vírus, um dos assuntos mais recorrentes é a falta de colaboração da população em seguir as orientações de distanciamento social.
“É por isso que a gente está lá, essa atitude vai fazer com o vírus se propague de forma mais rápida. Enquanto uns não respeitam, a gente tem que estar lá para amenizar isso depois, mas é complicado”, desabafa Rafaél.
Ainda sem medicamentos ou vacinas que combatam a doença, o isolamento segue sendo a orientação das autoridades de saúde como forma de prevenção à Covid-19.
“A gente acaba se sentindo mais seguro lá dentro [do hospital] do que no ônibus ou na rua mesmo. Porque lá a gente sabe que todo mundo está com o equipamento e tomando as medidas necessárias. Quando tu sai, vê que muita gente não está dando a devida importância”, conta.
Em depoimento nas redes sociais da prefeitura da cidade, o servidor fala sobre a rotina dos plantões de 12 horas, os momentos de angústia e o medo de ser infectado (leia o texto completo acima).
Rafaél conta que o trabalho exige mais esforços psicológicos e emocionais do que físicos.
“Às vezes a gente já está ali há 11 horas de plantão, mas aquela pessoa que chegou não quer saber se a gente está cansado físico ou psicologicamente, ela merece o melhor atendimento. Teve alguns casos de mães que estavam completamente apavoradas, então é tu tentar acalmar. É um aprendizado muito grande! É a maior experiência que eu estou vivendo”.
Com uma rotina exemplificada como “de casa para o trabalho, do trabalho para casa”, o voluntário aproveita as facilidades das redes sociais para amenizar as saudades dos filhos.
“É chamada de vídeo quase que todo dia. O pior é o menorzinho, como ele é autista, ele sente essa necessidade de andar, de estar fora. Esses dias ele estava me dizendo que estava se sentindo preso e pedindo pra vir pra casa. Nesses casos fica mais complicado”, se emociona.
Apesar de toda a saudade, da dificuldade de adaptação e o constante medo de contágio, Rafáel pretende continuar o voluntariado.
“A ideia é ir até o fim e que o fim seja o mais breve possível”.
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Rafaél com os filhos Aron Gabriel, Bernardo e Benjamin antes do isolamento em Pelotas — Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: G1