Entenda a importância do dia do Orgulho LGBTQIA+

No dia 28 de junho celebra-se o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. A história desta dada aconteceu em 1969, nos Estados Unidos. O bar Stonewall Inn, em Nova York, era frequentado por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Na época, em Nova York e em boa parte dos EUA era considerado crime ser LGBT.

Nesta data, a polícia invadiu o bar e houve confronto com os frequentadores. Alguns foram presos, sobretudo, aqueles que estavam vestidos com “roupas do sexo oposto”, as travestis e drag queens. Nesse sentido, nos dias subsequentes, manifestantes se reuniram em frente ao bar para protestar contra a violência exercida pela polícia, assim como, a violência de maneira gerak que sofriam da sociedade. O episódio ficou conhecido como a Rebelião de Stonewall. A partir deste evento, nasceu o Dia Internacional do Orgulho LGBT.

Em junho de 2016, o então presidente dos EUA, Barack Obama, tornou o bar Stonewall no primeiro monumento norte-americano a homenagear a trajetória de lutas dos homossexuais nos Estados Unidos.

Quem quiser conhecer um pouco mais do episódio que ocorreu em Nova York, pode acessar os quadrinhos de Mike Funk, que reconstituiu o evento. A HQ está disponível no site Lado Bi e pode ser acessada por meio do link: (http://ladobi.com.br/2013/10/revolta-stonewall-recontada-quadrinhos/).

LGBTQIA: você sabe o que significa?

O movimento, que nasceu a partir da sigla GLS (gays, lésbicas e simpatizantes), passou por diversas mudanças ao longo dos anos. Essas alterações foram essenciais para a inclusão de diversas pessoas que pertencem à comunidade, mas que antes não estavam, de fato, inseridas. Dessa forma, atualmente a sigla passou por algumas modificações para abarcar as diferentes orientações sexuais e questões de gênero, tornando-se em LGBTQIA+.

Para entender a importância do dia 28 de junho para a comunidade, é essencial compreender a sigla como um movimento social e político que busca mais representatividade e direitos, assim como, defende a diversidade. Nesse contexto, o mês de junho representa a luta das pessoas LGBTQIA+ por reconhecimento enquanto indivíduos, que necessitam ter os mesmos direitos e oportunidades que os demais.

Compreenda o que cada letra representa:

L: lésbicas → são mulheres que sentem atração afetiva e/ou sexual por outras mulheres;

G: gays → são homens que sentem atração afetiva e/ou sexual pelo mesmo sexo, ou seja, por homens;

B: bissexuais → são mulheres e homens que sentem atração afetiva e/ou sexual pelos dois gêneros (feminino e masculino);

T: transexuais → são pessoas que não se identificam com o gênero em que nasceram. Nesse sentido, a transexualidade não tem relação com a orientação sexual, mas sim, com a identificação de gênero. As travestis são, genericamente, incluídas neste grupo, entretanto, os conceitos de transexual e travesti não são os mesmos, pois as travestis se identificam com a identidade feminina e, muitas vezes, não tem o desejo de mudar de sexo.

Q: queer → a teoria queer entende que a orientação sexual e a identidade de gênero não resultam da funcionalidade biológica, mas da construção social dos papéis. Assim, pessoas pertencentes ao gênero queer são aquelas que transitam entre as noções de gênero, como por exemplo, as drag queens.

I: intersexo → são pessoas em que o desenvolvimento, por exemplo, o corporal não se enquadra na norma binária (feminino – masculino).

A: assexual → pessoas assexuais não sentem atração sexual por outras pessoas, independente do gênero.

 

+: o uso do + indica que outros grupos e variações de sexualidade e gênero estão inclusos nesta comunidade.

A realidade no Brasil

 

Apesar de todos os avanços conquistados pela comunidade nos últimos anos, a luta ainda tem uma longa trajetória para que sejam, de fato, alcançados os espaços de igualdade. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF), criminalizou a homofobia e a transfobia, imputando pena de um a três anos e, em casos mais graves, pode chegar a cinco anos a quem cometer o delito.

 

 

Embora a decisão do STF seja uma vitória para a população LGBTQIA+, o Brasil necessita de muitos outros avanços, pois o preconceito ainda é enraizado na sociedade e acarreta em muitos casos de violência, seja ela física ou emocional, trazendo inúmeros prejuízos para as vítimas.

 

Nesse contexto, destaca-se a onda de violências que essas pessoas sofrem. Violências que, muitas vezes, iniciam-se em suas próprias casas – no meio familiar -, passam pelas escolas, pelas relações de trabalho, pelas relações sociais, por questões de saúde e política, chegando até as ruas, entre tantos outros lugares.

Divulgada no ano de 2020, uma pesquisa realizada com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS) evidenciou que a cada uma hora uma pessoa LGBT é agredida no Brasil. Ressalta-se também que muitos casos não são notificados, pois muitas pessoas não registram as agressões, assim como, também não procuram por ajuda médica e, quando procuram, muitas não mencionam, de fato, o que ocorreu e o porquê. Outro dado importante apontado pela pesquisa é de que mais da metade das agressões são sofridas por pessoas negras.

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) aponta o Brasil como o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Em torno de 46% das vítimas são transexuais ou travestis. Entre os 57% dos homossexuais que já sofreram agressão, 32% são lésbicas e 25% são gays. Esses dados revelam que o gênero é um fator relevante quando se refere as questões de violência.

Segundo o Relatório: Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil, em 2020, 237 pessoas da comunidade em questão tiveram morte violenta. Sendo 70% travestis e transexuais, 22% gays, 5% lésbicas, 1% homens trans, 1% bissexuais. Além disso, 0,4% representam dois casos de heterossexuais que foram mortos após serem confundidos com gays.

Para finalizar, o coletivo #voteLGBT, em parceria com a Box 1824, produziu um relatório em junho do ano passado que aponta os maiores impactos da pandemia para a população LGBTQIA+. São eles: 42,72% mencionaram uma piora na saúde mental; 16,58% disseram que a solidão está os afetando muito; 11,74% relataram dificuldades com as novas regras de convívio; 10,62% destacaram a falta de dinheiro; 7% ressaltaram a falta de trabalho e 0,30% apontaram que a pandemia impactou na terapia hormonal.

Portanto, diante do exposto, ressalta-se a importância do respeito as pessoas e suas diferenças, pois é isso que torna a sociedade plural e faz com que esta se desenvolva. Preconceito e violência não são o caminho para uma sociedade mais igualitária e justa, muito menos se relacionam com o desenvolvimento, seja da cidade, da sociedade, pessoal, entre outros.

Laís Alende Prates