Fechamento de fronteira da Argentina causa transtornos no retorno ao país por Uruguaiana

Apenas cidadãos argentinos e residentes podem retornar ao país neste período. Medida que busca frear avanço do coronavírus é válida entre 25 de dezembro e 8 de janeiro. Argentina começa a vacinar nesta terça-feira (29).

A decisão de barrar o avanço da pandemia de coronavírus na Argentina causou transtornos para moradores que estavam no Brasil, mas precisaram voltar para o país vizinho após o feriado de Natal.

Entre 25 de dezembro e 8 de janeiro, somente cidadãos e residentes argentinos podem ingressar em Paso de los Libres por Uruguaiana, na Fronteira Oeste, por decisão do governo.

Nesta segunda (28), primeiro dia útil desde que o decreto entrou em vigor, a alfândega e o consulado ficaram movimentados. A exigência aos argentinos que foram ao exterior antes do decreto entrar em vigor é apresentar um teste RT-PCR negativo para a Covid-19 e cumprir uma quarentena de sete dias após o ingresso.

O publicitário Matias Janse, de 48 anos, que é argentino e mora em Buenos Aires, saiu do país em 1º de novembro e voltava apenas neste domingo (27).

Ele veio ao Brasil para visitar a família que mora em Florianópolis. Após a celebração de Natal, encontrou dificuldades para conseguir retornar ao país de origem para as festas de Ano Novo.

“Na fronteira de Paso de los Libres, no lado brasileiro, nos trataram muito bem. No lado argentino, não. Tive que passar a noite em uma pousada. Algumas pessoas que foram barradas na fronteira também [ficaram] na pousada. Estou cansado de dirigir e aqui faz muito calor. O dinheiro já está pouco para seguir pagando hospedagem aqui”, reclama.

Matias Janse, de 48 anos, ficou retido na fronteira com a Argentina neste domingo (27) — Foto: Henrique Dihl

Matias Janse, de 48 anos, ficou retido na fronteira com a Argentina neste domingo (27) — Foto: Henrique Dihl

A dona de casa Débora do Vale Rocha passou por situação semelhante. Ela é brasileira, mas mora na Argentina com o marido argentino e os filhos, que têm dupla nacionalidade.

No entanto, depois de retornar de Fortaleza, no Ceará, onde visitaram a família após cinco anos longe, foi surpreendida com a negativa de seguir viagem.

“Não deram nenhuma informação para a gente do porquê. A gente ficou embaixo do sol, com as crianças, foram bastante mal educados, deram as costas e foram embora”, afirma.

“É como você entrar na sua casa, com a sua chave, e tem um cara lá dizendo que você não entra. Esse é o sentimento”, resume o engenheiro mecânico Fernando Chaves.

O consulado argentino informou que não irá se manifestar, mas que irá auxiliar os argentinos que ficaram presos na fronteira.

Argentina irá utilizar a vacina Sputinik V, da Rússia — Foto: Governo de Corrientes/Divulgação

Argentina irá utilizar a vacina Sputinik V, da Rússia — Foto: Governo de Corrientes/Divulgação

Vacinação começa nesta terça (29)

 

Na semana passada, a Argentina recebeu 300 mil doses da vacina Sputinik V, do Centro Galameia, a estatal russa. A partir das 9h desta terça (29), os primeiros argentinos começam a ser vacinados.

O plano de vacinação do governo estabelece os grupos prioritários. Primeiro, serão imunizados os profissionais da saúde, principalmente intensivistas, funcionários de laboratórios e motoristas de ambulâncias.

Depois, o processo será ampliado de forma escalonada para outros grupos, como idosos em asilos, entre 60 e 69 anos e profissionais de segurança.

A vacina russa precisa ser aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias, para imunizar uma pessoa. O governo russo deve entregar mais 20 milhões de doses até fevereiro.

O governo argentino ainda tem acordos para receber as vacinas da AstraZeneca e do Fundo Covax, da ONU. Com isso, o objetivo é imunizar 26 milhões de pessoas, mais da metade da população argentina.

Um dos centros de vacinação fica exatamente em Paso de los Libres, na província de Corrientes, que receberá 6,7 mil doses no primeiro lote. Isto representa 76% do grupo prioritário na região.