“Fizemos tudo que podíamos”, diz médico que participou de atendimento a estudante da UFSM

Mônica chegou a ser reanimada, mas sofreu outra parada cardiorrespiratória

UIFSM

 

Apesar do grande aparato técnico e da presença de pelo menos 12 profissionais do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) envolvidos, não foi possível salvar a vida da jovem Mônica da Silva Machado, 18 anos. Ela morreu após passar mal depois de uma aula no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no bairro Camobi. Conforme o médico cardiologista Aníbal Abelin, que participou do atendimento à jovem, havia pelo menos dez médicos e dois enfermeiros envolvidos no atendimento. Por alguns instantes, a estudante do curso de Engenharia de Telecomunicações voltou a apresentar batimentos cardíacos, mas logo depois teve outra parada cardiorrespiratória e não resistiu.

De acordo com Abelin, logo que chegaram ao Pronto-Socorro do Husm, os médicos tomaram os procedimentos iniciais de praxe. Como a jovem estava inconsciente, o primeiro passo é tentar acordar o paciente. Caso não responda, procura-se os batimentos cardíacos na veia artéria do pescoço. Como Mônica estava sem pulsação, os médicos começaram os procedimentos de massagem cardíaca no tórax e usaram o desfibrilador. A estudante voltou a ter batimentos. Neste momento, conforme explica Abelin, ela recebeu medicamentos para aumentar a pressão sanguínea e voltou a respirar com a ajuda de aparelhos. Pouco tempo depois, a jovem teve uma nova parada cardiorrespiratória.

Nos últimos 45 minutos de vida de Mônica, os médicos realizaram, novamente, todos os procedimentos possíveis, principalmente as massagens, já que eles acreditavam em uma boa resposta.

_ Ela tinha reagido com uma resposta satisfatória. Tivemos sucesso inicialmente, mas por um curto período. Então, ela teve outra parada. Utilizamos todas as possibilidades para salvá-la. É bastante frustrante para a equipe, pois não havia mais o que se fazer, mesmo com médicos com muita experiência e uma equipe organizada. Foi uma fatalidade, ficamos todos muito tristes _ lamenta Abelin.

Médicos explicam que morte da aluna da UFSM é incomum

Mônica tomava medicação contínua e tinha a mesma doença da mãe: miocardiopatia hipertrófica. Segundo o cardiologista Fernando Pasin, a doença é hereditária e acarreta o aumento do músculo do coração, o miocárdio, que é o órgão responsável por bombear o sangue. A patologia é uma das principais causas de mortes súbitas em jovens com menos de 30 anos e se manifesta, muitas vezes, de forma silenciosa:

_ A doença pode estar associada a arritmias e dores no peito mas,  em alguns casos, é assintomática. Se a pessoa não faz exercícios físicos em exagero, o risco é baixíssimo. O que aconteceu com a menina é algo imprevisível e raro de acontecer, já que ela tinha acompanhamento médico.

Pasin ainda explica que mesmo com exames de rotina o diagnóstico pode ser difícil. O médico recomenda prestar atenção no histórico de doenças familiares e consultar um especialista em cardiologia.

Fonte: Zero Hora