Governo do RS encaminha projetos para a contratação emergencial de profissionais da área de saúde

Secretaria da Saúde solicita autorização para contratar 17 médicos, enfermeiros, farmacêuticos e biólogos para o Lacen, além de conseguir 152 novos leitos de terapia intensiva. Deputados votam na quinta (19).

O governador Eduardo Leite levou à Assembleia Legislativa do estado (AL-RS), no começo da tarde desta terça-feira (17), dois projetos para a contratação de profissionais da saúde devido à pandemia de coronavírus.

As medidas visam, entre outras coisas, colocar o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen) em funcionamento 24h por dia, inclusive em fins de semana, para acelerar no diagnóstico dos casos de Covid-19.

O estado tem 11 casos confirmados da doença nesta segunda-feira (16). No Brasil, são 234 pacientes com diagnóstico para o Covid-19.

As lideranças dos partidos se manifestaram a favor e entraram em consenso para votar os projetos, em regime de urgência, na próxima quinta-feira (19), às 14h. Os parlamentares ainda demonstraram apoio às medidas do governo, pedindo, inclusive, mais contundência nas medidas de isolamento.

O governo pede a contratação de 17 profissionais para a Secretaria da Saúde por 30 horas semanais, sendo quatro farmacêuticos, quatro biólogos, sete enfermeiros e dois médicos. A contratação, se aprovada, é válida por um ano a partir da data de contratação.

“Por enquanto, temos apenas casos importados, mas é pertinente que desde já tomemos providências de restrição, pois muito provavelmente já está acontecendo contágio em nível local, a disseminação comunitária do vírus. Não é motivo para pânico, mas de muito cuidado”, afirmou Leite.

No outro projeto, o governo estabelece as regras para a regulação dos serviços de saúde. O objetivo é tornar mais eficiente a distribuição de leitos e auxiliar os pacientes no acesso ao tratamento do coronavírus. A estimativa da Secretaria de Saúde é conseguir 152 novos leitos de terapia intensiva para somar aos cerca de mil existentes.

“Nosso de plano de contingência tem níveis 1 a 4, conforme o número de casos. As evidências demonstram que, dos casos confirmados, 80% em média são leves e 15% precisa de leitos clínicos”, explica a secretária Arita Bergmann.

“A orientação é: cancelem tudo”, diz Leite

A secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), Leany Lemos, apresentou a projeção do avanço da doença no RS. Segundo ela, ainda não é possível determinar se o estado terá um aumento extremo como na Itália ou moderado como no Japão. Contudo, a principal medida, em todos os países é o distanciamento social.

“Estamos numa fase de contágio. O lockdown funciona. Quando se faz o distanciamento social, suspende aglomerações, para as atividades, tem uma redução imediata”, assevera. “O registro, não. Continuarão aumentando por causa dos que já estão circulando”, acrescenta.

Segundo projeção da secretaria estadual, o 50º caso deve ser registrado no RS na próxima terça-feira (24). Em duas semanas, por volta de 7 de abril, poderá ser medido o crescimento da disseminação da doença, conforme análise dos casos registrados em outros países.

Pelo estudo da Seplag, se o estado repetir o Japão, pode ter apenas 245 casos registrados. Porém, se tiver um comportamento semelhante ao da Itália, pode ter mais de 4,3 mil casos.

Com esta proporção, a estimativa é que sejam necessários 37 leitos de internação, em um cenário moderado, ou até mais de 650 em um cenário extremo.

“Uma grande preocupação é [com] a população com mais de 60 anos. É a maior do país. Uma em cada cinco tem alto risco. O importante daqui por diante é desacelerar o contágio”, afirma Leany.

“O distanciamento demora a produzir efeitos. Mesmo que se faça agora, vamos observar um aumento nos casos. Não são medidas de isolamento ou confinamento como outros países estão fazendo. Se fizermos esse distanciamento, talvez não seja preciso [isolar as pessoas]”, acrescenta o governador. “A orientação é: cancelem tudo.”

Coronavírus: infográfico mostra principais formas de transmissão e sintomas da doença — Foto: Infografia/G1

Coronavírus: infográfico mostra principais formas de transmissão e sintomas da doença — Foto: Infografia/G1

Fonte: G1