Goleiro entra no fim, pega dois pênaltis contra a Costa Rica e avança após 0 a 0 no tempo regulamentar
A Copa do Mundo despediu-se de Salvador, depois de seis grandes jogos, mais de 300 mil pessoas na Arena Fonte Nova, e garantiu mais um poderoso semifinalista no torneio. A Holanda, que venceu a bravíssima Costa Rica nos pênaltis, depois de 120 minutos de bola rolando, enfrentará a Argentina, na quarta-feira, às 17h, no Itaquerão, em São Paulo.
Com Brasil e Alemanha e Argentina e Holanda, a 20ª edição do Mundial terá um final de luxo, cinco estrelas, sonho dos fãs do esporte mais popular da Terra. Falar da melhor Copa de todos os tempos, ao menos dentro de campo, não é exagero. É quase certeza.
Durante o jogo, em meio a “olas”, apoio à Costa Rica (Ticos, Ticos, Ticos), cânticos das torcidas de Bahia e Vitória, e vaias aos holandeses, o brasileiro saudou seu ídolo caído. O grito brotou lá do fundo da alma.
— Olê, olê, olê, olá, Neymar, Neymar…
Futebol é, antes de tudo, um jogo de confiança e coragem. Lotados de certezas e disposição, as duas equipes começaram a decisão com seus esquemas táticos preferidos e vitoriosos. Os europeus exibiam três zagueiros, os latinos, cinco jogadores na defesa e quatro no meio.
O jogo se concentrou no superpovoado meio de campo. A Holanda tinha a posse de bola e atacava mais. Navas fez quatro grandes defesas em sequência antes dos 40 minutos. Seus companheiros só arriscavam algo em esporádicos contra-ataques, com lançamentos longos e nem sempre corretos.
Tudo se repetiu no começo do segundo tempo. A Laranja Mecânica no ataque, Los Ticos, atrás, Navas como um gigante embaixo dos paus. Gonzalez arrancou um “uuuuu” da torcida ao cabecear perto de Cillessen num lance ousado da Costa Rica. Exigindo mais vigor, Jorge Luis Pinto sacou Campbell e chamou Ureña. Com 20 minutos, o jogo estava totalmente indefinido.
Sentindo o cheiro da prorrogação, Van Gaal trocou Depay por Lens depois de meia hora. Robben tentava resolver pela direita à base do drible. Numa falta cobrada por Sneidjer, a trave, melhor amiga do goleiro, salvou. Depois, Navas, extraordinário, defendeu o canhão de Van Persie que, em seguida, furou e perdeu o gol mais desenhado da partida, aos 43 minutos. Tejeda salvou na linha dos descontos e, no mesmo lance, a bola ainda beijou o travessão. Foram cinco chutes no gol da Costa Rica, zero no da Holanda.
A prorrogação repetiu os 90 minutos. Largou com outro perfeito e acrobático voo de Navas, reiniciou cor de laranja. A Holanda trocou um zagueiro por um homem de frente, Martins Indi por Huntellar nos 15 minutos finais. Passou a atacar com quatro, às vezes cinco e, pela terceira vez, a trave salvou a Costa Rica, que, minuto antes, obrigou Cillessen a imitar Navas. Logo, Van Gaal substituiu o goleiro. Apostou em Krul, 1m93cm.
O 0 a 0 depois de 180 minutos chamou os pênaltis. A Costa Rica não queria se entregar. Poderia jogar mais 360 minutos. O gol não sairia mesmo assim como Navas como dono de todas as ações.
Outra “ola” precedeu os pênaltis. Krul, a arma secreta holandesa, fez duas ótimas defesas. Van Persie, Robben, Sneijder e Kuyt marcaram e a Holanda avançou para as semifinais.
Depois da derrota, os torcedores da Fonte Nova aplaudiram os jogadores da Costa Rica de Pé. Eles mereceram. Despertaram para o futebol de competição. Basta seguir o caminho.
COPA DO MUNDO, QUARTAS DE FINAL, 5/7/2014
HOLANDA 0 (4)
Cillessen (Krul, 30’/2ºT prorrogação); De Vrij, Vlaar e Martins Indi (Huntelaar, 15’/1ºT prorrogação) ; Wijnaldum, Blind, Kuyt, Sneijder e Depay (Lens, 29’/2ºT); Robben e Van Persie.
Técnico: Louis Van Gaal
COSTA RICA 0 (3)
Navas; Gamboa (Myrie, 32’/2ºT), Acosta, Gonzalez, Umaña e Diaz; Borges, Tejeda, Bolaños e Ruiz; Campbell (Ureña, 18’/2ºT)
Técnico: Jorge Luis Pinto
Cartões amarelos: Diaz, Umaña, Gonzalez e Acosta (C) e Indi e Huntelaar (H)
Arbitragem: Ravshan Irmatov, auxiliado por Abduxamidullo Rasulov e Bakhadyr Kochkarov
A partida sofria por falta de intensidade, velocidade e belos lances. Robben jogava só para ele. Van Perse ficava preso entre a zaga. A Holanda cercou a área adversária, mas não encontrou espaço para o gol. A Costa Rica tirou aquilo que o treinador Louis Van Gaal mais gosta: o contra-ataque.
A Costa Rica imaginava buscar a vitória num rápido golpe, na bola parada, no escanteio. Quem pensou que o primeiro tempo seria da dupla de canhotos da Holanda, errou. Navas, um número 1 de 1m84cm, assumiu o protagonismo. Ninguém mais, só ele segurou o 0 a 0.
Fonte: Diário Gaúcho