Nesta virada lembre-se do sofrimento de cães e autistas com o estampido dos fogos de artifício

Uma cadela yorkshire morreu na noite de Natal em razão dos fogos de artifícios. Ela era mãe de quatro filhotes, que já estavam desmamados, porém todos residiam na mesma casa. A proprietária tentou salvá-la, mas não houve tempo suficiente, foi muito rápido. A cadelinha teve uma convulsão – explicou a veterinária Dileusa Alves.

Além deste caso, a veterinária falou que houve a sutura de um cão que desesperado, entrou no pátio de uma residência e outro cão mordeu no pescoço. Também, ficou com quatro cães que precisaram ser sedados devido ao grande stress e risco de convulsões. A veterinária lembra que os cães têm a audição 30 vezes mais aguçada que o humano e o barulho se torna intolerável.

Natal é momento de reflexão, compaixão, afeto, bondade, entendimento e harmonia. Mas há muitos que comemoraram com muito barulho de fogos. Essa prática, embora esteja proibida em várias cidades, em Alegrete teve o projeto, da vereadora Vanda Dorneles, rejeitado na Câmara de Vereadores. O motivo seria por ter sido inconstitucional, por constar a proibição da comercialização dos fogos. Entretando, o projeto apresentado pela Vereadora, não era somente relacionado aos Pet, mas também aos idosos, autistas, hospitais entre outros. Dos 15 vereadores, 9 rejeitaram. A indagação que muitos internautas fizeram se é inconstitucional aqui, não seria em outros municípios? Se a Lei vale pra nós, não teria o mesmo princípio em outros lugares. Mas o que se vê é que cada vez mais há municípios engajados na causa e aderindo a projetos que proíbem o uso de fogos de artifícios com estampidos.

Apesar da queima de fogos ser momentânea, o estresse causado por ela pode durar dias. “Quando o barulho acaba eles ficam muito agitados ainda, muito traumatizados. Qualquer barulhinho, eles latem muito. Além do estresse, a agitação por conta do barulho pode causar ferimentos quando os animais buscam por abrigo. A elevação da temperatura corporal também pode desencadear sintomas como vômito, diarreia além de convulsões.

A preocupação é ainda maior nesta virada do ano em que a queima é ainda mais intensa.

Ana Brasil, presidente do Grupo de Apoio de Amigos e País de Autistas de Alegrete (GAAPA), esclareceu:

Muitas crianças com TEA transtorno do espectro autista tem dificuldades em regular informação sensorial que lhes bombardeia diariamente, elas podem ser excessivamente sensíveis ou sub sensíveis a sons. Com isso, podem ter grande dificuldade em interpretar essas informações sensoriais que seu cérebro recebe. 40 % dos Autistas apresentam esse transtorno que chamamos de transtorno de processamento sensorial e a maioria têm ouvidos super sensíveis a pressões súbitas, estouros ou estalos e especialmente bombas e fogos artifícios.”Sabemos que a prática é um tanto primitiva que existe uma Lei ambiental n9.605/98 (poluição sonora)mas que é legal sob o ponto de vista jurídico e não há autoridade que se manifeste sobre o assunto e isso causa dificuldades e transtornos mesmo quando estamos em casa.” – comentou.

Algumas dicas de proteção:
Prepare seu filho, converse com ele tente explicar o significado das festividades, isso pode dar a ele algum senso de controle e ajudar a reduzir o seu nível de ansiedade .
Procure histórias na internet com imagens que simbolizam as datas comemorativas ajuda muito, uma vez que a linguagem dos autistas é associada às imagens.
Outra medida é proteger os ouvidos do seu filho, com tampões ou protetor auricular. Essa hipersensibilidade diminui quando vão entrando na fase da adolescência.

Muitos donos têm dúvidas sobre quais precauções tomar no período de festas. Por isso, Dileusa deu algumas dicas de como agir para evitar que os animais fiquem agitados e estressados.

  1. Evite deixar o animal sozinho. De preferência, fique com ele em um local fechado para diminuir os ruídos externos;
  2. Permita que o animal se esconda em um local onde se sinta seguro, mas fique de olho para evitar que ele se machuque;
  3. Evite ficar agradando ou pegar o animal no colo, pois essas atitudes só intensificam o medo;
  4. O ideal é não deixar os animais sozinhos durante a queima de fogos, porém, caso seja inevitável, mantenha portas e janelas fechadas para abafar os ruídos externos. Deixe um som ambiente. Retire objetos de decoração que possam machucar o pet e não o prenda com coleiras ou guias;
  5. Caso o animal fique muito estressado durante os fogos, o tutor pode procurar um médico veterinário para indicar uma medicação para controlar a ansiedade.

Flaviane Favero