Ilhada, comunidade de Uruguaiana precisa contar com barcos do Exército para chegar à cidade

Estrada que liga o distrito de São Marcos ao município está alagada desde sexta-feira

interior de uruguaiana

Na úmida localidade de São Marcos, interior de Uruguaiana, ninguém chega por terra. De lá, ninguém sai caminhando. Desde sexta-feira, entrar ou sair depende de um meio que eles não dispõem: barcos. Ilhado pelo Rio Uruguai que transborda pela enchente, o distrito perdeu o laço que o unia ao resto do mundo, uma rodovia estadual hoje inundada. Eles não seriam mais ouvidos não fossem os 13 homens do Exército que, há três dias, vêm e voltam levando e trazendo moradores.
Debaixo da água por onde navegam os militares, há lavouras de arroz – no momento, invisíveis. Mais de 13 metros separam o que era campo do que agora é rio. Quem precisa comprar mantimentos ou consultar um médico enfrenta a travessia de 20 minutos em um dos três botes disponibilizados pelo Exército para assistência aos quase mil moradores de São Marcos. São 350 famílias que, vivendo circundadas pela enchente, dependem do transporte aquático.

Vinte minutos dura, em média, a travessia embalada pelo leito agitado do rio e pelo vento que sopra frio. O vaivém que começa às 9h da manhã e termina às 17h é constante – tanto, que os militares nem conseguem precisar o número de viagens feitas em cada dia. A bordo, três homens do Exército e, no máximo, oito moradores equipados com resistentes coletes salva-vidas. A água ainda derrubou o poste de luz e deixou os são-marquenses sem energia elétrica e, por consequência, água. E olha que eles nem reclamam.

Fonte: Zero Hora