Inspeção é realizada em escola de Santa Maria onde estudavam duas crianças mortas após infecção intestinal

Objetivo do gabinete de crise criado pela prefeitura é conhecer a rotina e identificar possível agente causador da doença. Município e Corsan descartam relação com a rede de distribuição de água.

O gabinete de crise criado pela Prefeitura de Santa Maria para investigar os casos do possível surto de infecção intestinal inspecionou, na manhã desta quinta-feira (26), a escola onde estudavam as duas crianças mortas no domingo (22) e na segunda-feira (23).

A Vigilância em Saúde coletou amostras de água, inspecionou salas de aula e cozinhas e entrevistou funcionários para entender a rotina do local e identificar as causas das mortes.

Até o momento, não foi identificado o agente causador das infecções nem a vinculação entre as vítimas.

O Secretário da Saúde, Francisco Harrisson, garante que a única relação entre os meninos de quatro e cinco anos e a mãe de outro aluno, que segue internada com quadro de diarreia infecciosa grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo Cesar de Azevedo, é a escola de educação infantil do SESI, no bairro Patronato.

“Já tínhamos toda a documentação. Todos os alvarás em dia, toda a inspeção sanitária em dia. Fomos para entender o ambiente, como as crianças convivem, quais as atividades das últimas semanas e como pode ter havido a contaminação”, explica o secretário. “A única coisa que une é a escola”, justifica.

No local, foi encontrado um poço desativado há três anos, segundo o secretário, e que, portanto, não teria relação com as contaminações.

O SESI-RS divulgou uma nota em que assegura que “permanecerá monitorando os desdobramentos quanto aos fatos, atuando de forma ativa na identificação de suas causas e adotando as providências necessárias”.

Harrisson relata que outra mãe de um aluno da escola foi atendida no Hospital da Brigada Militar com quadro de diarreia, mas foi tratada ambulatorialmente e liberada. Outras duas crianças também foram atendidas com sintomas semelhantes, no começo da semana, e liberadas.

Segundo a prefeitura, nas últimas 24 horas, 128 pessoas procuraram a rede municipal de saúde, e somente duas crianças e uma idosa ficaram em observação em casos sem gravidade.

Todas passaram por coleta de sangue e fezes. O material será encaminhado para o laboratório do Hospital Universitário de Santa Maria que, junto com o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen), será responsável por identificar o agente patológico.

“O desafio é isolar a bactéria, dar nome e CPF da bactéria que causou o dano”, diz o secretário.

A prefeitura diz que irá aguardar o período de luto entre as famílias, mas deve, em seguida, iniciar as entrevistas e a aplicação de questionários com alunos e familiares para saber onde foram, o que comeram, se visitaram outras pessoas, se mais alguém teve sintomas, entre outros fatores que podem auxiliar na investigação.

“Sabemos da importância do diagnóstico e dos cuidados que todos devem ter nos próximos dias. A prefeitura reitera o comprometimento com a população e a solidariedade com as famílias das vítimas”, disse o prefeito Jorge Pozzobom.

A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) informou, por meio de nota, “que a água distribuída à população atende integralmente a legislação de potabilidade do Ministério da Saúde, portanto pode ser consumida sem qualquer receio”.

A empresa disse, ainda, que “coloca-se à disposição das autoridades sanitárias para auxiliar na determinação do agente causador das infecções e outras ações que venham solucionar a questão o mais breve possível”.

“Que não se alarde que há propagação pela água. Tivemos um surto de toxoplasmose [no ano passado] e agora este, mas o padrão é totalmente diferente”, destaca Harrisson.

Fonte: G1