Jornalista do RS grava documentário sobre quarentena em hostel na Argentina

Rafael Guerra foi para Merlo fazer trabalho voluntário antes do começo da pandemia. Com fechamento das fronteiras, ele ficou isolado no país vizinho e criou um curta-metragem.

O jornalista gaúcho Rafael Guerra chegou no dia 9 de março em Merlo, cidade turística a quase 800 km de Buenos Aires, na Argentina, para fazer trabalho voluntário. Com o começo da pandemia do novo coronavírus, e o fechamento das fronteiras, ele transformou a rotina de isolamento em um curta-metragem. [Veja neste link].

“Eu consegui trabalhar praticamente só uma semana e meia. Depois, a pandemia chegou e fui vendo os hóspedes indo embora, os funcionários indo embora, os voluntários indo embora. O hostel que tinha capacidade para 150 pessoas ficou apenas com seis pessoas”, conta.

Rafael teve, então, a ideia de registrar tudo com o celular.

“Merlo não tinha nenhum caso de coronavírus [toda a província de San Luís não tinha casos até esta sexta] e, pelo que eu sei, as pessoas se cuidavam. Você não tinha ideia. Eu ia ao mercado e me estressava. Tanto que, uma vez, eu estava voltando do mercado e tinha uma pessoa gritando: ʽVai pra casaʼ. Mesmo me vendo com as sacolas. As pessoas realmente entenderam o isolamento”, relata.

Rotina de hostel na Argentina durante a pandemia virou tema de documentário de jornalista gaúcho — Foto: Reprodução/Rafael Guerra

Rotina de hostel na Argentina durante a pandemia virou tema de documentário de jornalista gaúcho — Foto: Reprodução/Rafael Guerra

A rotina dos hóspedes foi gravada em abril e maio, durante o isolamento total determinado pelo governo argentino. A situação foi bem aceita pelos moradores.

“Se eu não posso curar todo mundo, então trato de me manter saudável. Eles perceberam que só iam vencer isso tudo unidos. Entenderam que era preciso. A minha percepção é que é verdade. Tanto que, até poucos dias, eles tinham menos de 800 mortes”.

Até esta sexta (12), a Argentina havia registrado, oficialmente, 772 mortes. O Brasil tem 50% mais óbitos do que os argentinos têm de casos: cerca de 41,1 mil mortes no Brasil diante de pouco mais de 27,3 mil casos na Argentina.

Rotina de hóspedes e funcionários de hostel virou tema de documentário — Foto: Reprodução/Rafael Guerra

Rotina de hóspedes e funcionários de hostel virou tema de documentário — Foto: Reprodução/Rafael Guerra

Rafael observou a preocupação dos argentinos com o jeito que os brasileiros estão enfrentando a pandemia.

“Aqui não sinto medo. Senti um pouco de preocupação quando estava no aeroporto e no avião, porque era um voo para Nova York e São Paulo, um voo grande, e a maioria das pessoas não usava máscara. Só eu e a minha filha”, afirma.

Quando chegou no Brasil, teve um choque de realidade.

“Eu saí da Argentina em um ônibus especial, só com brasileiros, com autorização do consulado. Quando parei em um posto, aqui no Brasil, me assustei só no caminho para ir ao banheiro. Passei por umas 15 pessoas sem máscara, e isso já não era mais a minha realidade”.

Realidades diferentes, tão perto uma da outra, no enfrentamento de um problema único no mundo inteiro.

“Eles realmente se privaram de muita coisa. Tem muita coisa fechada ainda lá. Academia, não tem aberta, acho que agora começaram a reabrir. É uma recompensa para eles. Tá na hora de voltar ao normal”, conclui o cineasta.

Gaúcho ainda sente choque de cuidados entre argentinos e brasileiros com o coronavírus — Foto: Reprodução/Rafael Guerra

Gaúcho ainda sente choque de cuidados entre argentinos e brasileiros com o coronavírus — Foto: Reprodução/Rafael Guerra

Fonte: G1