Júri da Kiss: familiares se retiram do plenário em protesto a depoimento de ex-prefeito

Atual secretário de Planejamento de Porto Alegre, Cezar Schirmer foi convocado pela defesa do réu Elissandro Spohr. Além de Schirmer, serão ouvidos também Fernando Bergoli, Geandro Kleber de Vargas Guedese e o Promotor de Justiça Ricardo Lozza.

56 assentos destinados aos familiares ficaram vazios — Foto: Janaína Lopes/g1
56 assentos destinados aos familiares ficaram vazios — Foto: Janaína Lopes/g1

Familiares de vítimas da tragédia na boate Kiss deixaram o plenário do Foro Central I, onde ocorre o julgamento dos réus pelo incêndio, durante o depoimento do ex-prefeito de Santa Maria Cezar Schirmer, nesta quarta-feira (8). A mãe de um dos mortos na tragédia passou mal e precisou de atendimento médico.

“Nos causou náuseas”, afirmou o presidente da Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Kiss, Flávio Silva. Ele criticou declarações de Schirmer, que afirmou não ter responsabilidade pela tragédia.

Ao juiz Orlando Faccini Neto, o político, atual secretário de Planejamento de Porto Alegre, disse que governava uma “cidade traumatizada” após a tragédia. Arrolado pela defesa do réu Elissandro Spohr, ele é o primeiro a ser ouvido nesta quarta.

“É uma atitude que revolta a gente. Um prefeito que resolve querer fazer graça em pleno interrogatório eu acho o cúmulo. Ele deveria ter tomado algumas atitudes como gestor quando ocorreu a tragédia e isso ele não tomou. Então, agora, não adianta ele ficar aí com esse blá, blá, blá. Ele veio apenas para se promover politicamente e isso a gente não aceita”, disse Flávio Silva.

Ele chegou a ser indiciado no inquérito policial decorrente da tragédia, mas não foi denunciado pelo Ministério Público. Ao juiz Orlando Faccini Neto, afirmou que a investigação policial foi “medíocre e espetaculosa”.

“O inquérito não tinha nenhuma coerência. Polícia indiciou o chefe da fiscalização e não indiciou a secretária da Fazenda. Era notória a má vontade da polícia”, disse. Já as famílias das vítimas criticam o fato de Schirmer e outros entes públicos envolvidos na liberação da boate para funcionamento não constarem no rol de réus pelo caso.

Quem são os réus?

  • Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, 38 anos, era um dos sócios da boate
  • Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, era outro sócio da Boate Kiss
  • Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, músico da banda Gurizada Fandangueira
  • Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, era produtor musical e auxiliar de palco da banda

Entenda o caso

Os quatro réus são julgados por 242 homicídios consumados e 636 tentativas (artigo 21 do Código Penal). Na denúncia, o Ministério Público havia incluído duas qualificadoras — por motivo torpe e com emprego de fogo —, que aumentariam a pena. Porém, a Justiça retirou essas qualificadoras e converteu para homicídios simples.

Para o MP-RS, Kiko e Mauro são responsáveis pelos crimes e assumiram o risco de matar por terem usado “em paredes e no teto da boate espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso, contratando o show descrito, que sabiam incluir exibições com fogos de artifício, mantendo a casa noturna superlotada, sem condições de evacuação e segurança contra fatos dessa natureza, bem como equipe de funcionários sem treinamento obrigatório, além de prévia e genericamente ordenarem aos seguranças que impedissem a saída de pessoas do recinto sem pagamento das despesas de consumo na boate”.

Fonte: G1

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