Laudos apontam presença de bactérias na água e na areia de escola onde duas crianças morreram em Santa Maria

Mortes aconteceram em dezembro do ano passado. Apesar de constatar vínculo entre os casos e a escola, conclusão do laudo é de que não há como saber de onde veio a doença.

Laudos assinados por órgãos de Santa Maria, na Região Central do estado e da Secretaria Estadual de Saúde apontaram a presença de duas bactérias na água e na areia de uma escola onde duas crianças morreram em Santa Maria, em dezembro do ano passado.

Na época, um surto de intoxicação intestinal provocou a morte de uma criança de 5 anos e outra de 4. Outras 58 pessoas apresentaram os mesmos sintomas, e cinco precisaram de internação.

As bactérias são a Escherichia Coli e a Campylobacter Jejuni. As análises foram feitas pelo Laboratório Central do RS e pela Fiocruz, no Rio de Janeiro.

As amostras de água analisadas foram retiradas do reservatório superior com água tratada e do reservatório de irrigação da escola. Já as amostras de areia foram tiradas da pracinha e da quadra de futebol de areia da escola.

O laudo ainda cita uma inspeção sanitária no principal fornecedor de alimentos da escola, onde uma das bactérias estava em seis produtos diferentes.

“Tanto a Escherichia Coli quanto o Campylobacter são bactérias que geralmente induzem o processo infeccioso a partir do contato com água e alimentos contaminados. Também existem relatos do contato com carne crua e mal cozida, leite, contaminados com esses microrganismos”, explica o coordenador do Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Santa Maria, Roberto Christ.

Apesar de os testes apontarem a presença das duas bactérias na escola, não foram as mesmas que contaminaram as pessoas. Por isso, apesar de constatar vínculo entre os casos e a escola, o laudo conclui que não tem como saber de onde veio a doença.

O Ministério Público arquivou o procedimento do caso das mortes das crianças porque não identificou negligência ou culpa da escola.

O Sesi-RS, responsável pela escola, informou que está à disposição para as pesquisas e que segue as orientações repassadas pelo órgãos competentes e reforça que não foi identificada a fonte de transmissão da doença.

As famílias das duas vítimas, no entanto, esperam por respostas, como diz a avó da pequena Antônia, Rosane Pradie.

“A gente quer saber as responsabilidades. Como aqui dentro, na nossa casa, a gente era responsável pela Antônia, no botar ela pra rua, levar ela pra um local, as pessoas eram responsáveis. E essas responsabilidades é que a gente tá cobrando. A gente tá revivendo sempre a dor em função do que poderia ser feito”.