Mãe denuncia negligência em tratamento de enfermeira que morreu com a Covid-19 aguardando por leito de UTI

A enfermeira Williane Lins dos Santos, de 30 anos, faleceu na sexta-feira (17), no Hospital João Murilo de Oliveira, em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata pernambucana.

Uma das vítimas do novo coronavírus em Pernambuco foi a enfermeira Williane Lins dos Santos. Ela morreu na sexta-feira (17) no Hospital João Murilo de Oliveira, em Vitória de Santo Antão, Zona da Mata, esperando um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo a mãe dela, a fisioterapeuta Maria Soares Lins, o tratamento na unidade de saúde administrada pelo governo do Estado foi negligente.

Central de regulação de leitos de UTI é inaugurada em Pernambuco para melhorar atendimento

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O diagnóstico da Covid-19 foi confirmado postumamente, na terça-feira (21). Williane, moradora de Vitória, que não atuava na linha de frente do combate à pandemia, deixou uma filha de seis anos.

“O que me dói é, como profissional de saúde, como uma menina que sempre foi muito dedicada, prestativa, morrer sem assistência”, disse a mãe. De acordo com a Maria Soares Lins, que é fisioterapeuta, a falta de assistência aconteceu desde o primeiro atendimento. A filha, Williane, começou a sentir sintomas no dia 2 de abril. A dor de garganta, segundo ela, foi diagnosticada como uma laringite.

Dez dias depois, no entanto, o quadro não cedera. Pelo contrário: à dor de garganta acrescentaram-se outros sintomas, como o cansaço, diarreia, vômito e falta de ar. Por conta deles, no dia 12, um domingo, Wiliane voltou ao João Murilo de Oliveira.

A enfermeira Wiliane Lins dos Santos tinha 30 anos — Foto: Arquivo pessoal

A enfermeira Wiliane Lins dos Santos tinha 30 anos — Foto: Arquivo pessoal

“Ela foi atendida e nebulizada e enviada para casa de novo. Liberaram ela. Eu estava de plantão, fiquei muito aperreada, pois o estado dela era para internamento. Mas eles pediram para ela continuar isolada e afastada do trabalho e de pessoas idosas e crianças”, afirmou.

Ainda segundo a mãe, a estratégia de isolamento não funcionou. A situação de Williane piorou rapidamente. A ponto de, na quinta-feira (16), a enfermeira procurar de novo uma unidade – desta vez um posto de saúde perto de sua casa. Foi encaminhada para o João Murilo, para onde iria pela terceira vez.

“Chegando lá, foi pedido um leito de enfermaria, só que a assistência [foi] muito vaga. Ela passou a noite todinha aguardando esse leito de enfermaria, e nada… De manhã, seu quadro veio a se agravar. Aí foi onde comecei a ficar mais desesperada ainda, por saber da situação”, declarou.

Fonte: G1