Neste ano, sete pessoas morreram em acidentes envolvendo transporte público na Capital
O número de mortes por atropelamentos envolvendo ônibus e lotações em Porto Alegre segue alto, mas teve uma redução de 46,15% nos oito primeiros meses do ano, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. De acordo com o setor de estatística de acidentes de trânsito da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), são sete casos de vítimas fatais, contra 13 em 2013. E grande parte desses acidentes ocorrem nas proximidades dos corredores de ônibus, necessários para dar mais agilidade ao transporte coletivo.
Desde o ano passado, a empresa adotou algumas medidas para reduzir casos como esses. Foi intensificada a presença do radar móvel para coibir o excesso de velocidade dos ônibus nas pistas destinadas ao trânsito desses veículos, gradis para proteção dos pedestres foram colocadas nas proximidades dos corredores e ações foram feitas por agentes para a conscientização.
Porto Alegre conta com dois modelos de favorecimento do transporte coletivo no trânsito: o tradicional no centro da avenida e a faixa exclusiva, diferenciada por sinalização pintada na cor azul no asfalto. “O corredor é o mais adequado por estar bem identificado, com pavimento especial e sem a interferência de garagens e ruas transversais”, afirma o presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari.
Porém, segundo ele, mesmo que direcione o pedestre para a travessia com sinalização, o corredor é arriscado, pois tem maior demanda de pedestres, enquanto, na faixa exclusiva, o pedestre desce no passeio, reduzindo a necessidade de cruzar a via. Por outro lado, o engenheiro civil e professor de transportes da Faculdade de Engenharia da Ufrgs João Fortini Albano acredita que o corredor é ainda mais seguro para o desembarque e a travessia. “O pedestre atravessa a avenida em partes, pois há uma fragmentação da faixa de segurança. Na faixa preferencial, o pedestre precisa ter cuidado com os dois fluxos diferentes de carros e ônibus.”
O professor ressalta ainda a necessidade de atenção dos pedestres para qualquer um dos modelos, pois o choque com o ônibus tende a ser muito grave. “A travessia só deve ser feita quando tiver visão total da via, às vezes a visão fica encoberta pelo próprio veículo.”Ambos são necessários para reduzir o tempo das viagens dos coletivos e, assim, atrair mais usuários. Afinal, até junho deste ano, a frota de automóveis em Porto Alegre era de 792.854, um aumento de 25% desde 2007. Desse total, apenas 7.074 são ônibus ou lotações.
“Essas opções são consequências do aumento de trânsito na cidade onde um carro carrega, em média 1,4 pessoa, que divide o espaço com um ônibus que pode carregar 45”, destaca Albano. “A ideia é reduzir o tempo de deslocamento dos ônibus para que a população dê preferência a esse transporte”, diz Cappellari. Do ponto de vista técnico, a faixa é mais precária que o modelo tradicional, mas atinge a meta de beneficiar o transporte coletivo.
Proposta para avenida Ipiranga
No final de setembro, entrou em discussão na Câmara Municipal a proposta de indicação do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), que sugere a implantação de faixas exclusivas para o transporte coletivo na avenida Ipiranga. A medida favoreceria os ônibus e as lotações da Borges de Medeiros à Antônio de Carvalho. A ideia é implementar a faixa nos dois sentidos da via.
A proposta será debatida e votada para, se aprovada, ser encaminhada ao Executivo. O vereador estima que o tema deve ser discutido ainda neste ano. “É um poder falando para o outro que o assunto deve ser, ao menos, estudado.”
Para Sgarbossa, a Ipiranga é uma via que estrutura a cidade e, pelo elevado fluxo, deve incentivar o uso do transporte público. “O coletivo está acima do particular. A partir do momento que as pessoas acharem que o ônibus leva menos tempo, irão perceber que o custo também é mais baixo”, diz ele, que destaca também a presença das ciclovias como uma outra opção de deslocamento. Além disso, estão localizados grandes centros comerciais e instituições como Ufrgs e PUCRS nessa avenida.
A escolha da sugestão das faixas exclusivas foi feita pelo custo mais baixo, pela versatilidade e por não precisar de barreiras físicas. “É possível ter restrições nos horários de pico, como ocorre na zona Sul”, acredita o vereador. Nesse trecho citado, houve uma redução de 27% no tempo das viagens de 45 linhas que por ali circulam.
A EPTC está realizando estudos para a implementação das faixas em dez vias. No entanto, o diretor-presidente da empresa, Vanderlei Cappellari, não confirmou se a Ipiranga faz parte dessas análises.
Redução de passageiros
Porto Alegre reduziu o número de usuários de transporte coletivo. Em 2004, a média mensal de passageiros era de 27,5 milhões; e, no ano passado, 26,8 milhões. Com a implantação das faixas e corredores, a EPTC espera tornar o tempo das viagens mais curto e, assim, aumentar esse número. De acordo com técnicos, a faixa da Cavalhada de 4,5 km representou redução de 27% no deslocamento.
Fonte: Correio do Povo