Religioso conta que o bichinho de estimação andava abusando e precisou de orientações de comportamento. Fifi tem 1 ano e foi adotada após ser abandonada no Santuário de Fátima.
São 40 anos usando batina e dar um sermão é mais uma das funções que cabe ao padre Valter Girelli em Erechim, no Norte do Rio Grande do Sul. Mas nesta semana, quem precisou de orientações foi a cadela Fifi, que andava extrapolando na desobediência e chegou a ser atropelada.
Após voltar do banho na terça-feira (16), o religioso aproveitou o momento para dar conselhos e a brincalhona chegou a ‘ficar envergonhada’ ao ouvir o recado do padre (veja no vídeo acima). Ele registrou um momento em um vídeo, que publicou nas redes sociais. Até a tarde de quinta (18), mais de 10 mil visualizações eram registradas na publicação.
“Foi um momento de catequese para a Fifi. Como ela andou abusando, correndo atrás de um motociclista, eu tava dando uma catequese pra ela. Dando um sermãozinho para que ela fosse mais carinhosa, mais atenciosa, porque ela tem quase um ano mas se comporta como um filhote ainda, é como uma adolescente rebelde”, lembra o padre.
A cadela foi abandonada em frente ao Santuário de Fátima no fim do ano passado e logo encantou a todos.
“Ela apareceu aqui chorando, resmungando e acabamos adotando para socorrê-la, inicialmente. Todo mundo foi se afeiçoando, ela foi crescendo e sabe como é que é, quando a pessoa se apaixona por um animal, depois é muito difícil se desfazer”, conta Valter.
Padre Valter Girelli brinca com a cadela Fifi em Erechim
Fifi também conquistou a dona da veterinária onde toma banho. Verenice Luisa Menegat conta que cuida dela desde o abandono. “Ela é um doce, muito carinhosa. Tu conversa com ela e parece que ela entende”, conta Verenice Luisa Menegat.
“Agora ela está registrada, em nome nosso, aqui do Seminário de Fátima de Erechim”, pontua Valter.
Mas tem um integrante do seminário que não gosta dela de jeito nenhum, o gato Belo. Morador antigo da casa, Belo é companheiro do padre Valter há quatro anos, dormem juntos e tudo.
“O Belo é muito mimoso, ele é mais calmo, mais discreto, mas tem muito ciúmes. Quando eu saio com a Fifi pra passear ele já fica me marcando de cima, e quando eu volto, ela já vem onde eu estou pra fazer amizade comigo e pra querer dizer ‘olha, não esqueça que eu vim primeiro‘. Mas eles não se dão bem, a convivência é possível, cada um tem o seu espaço”, explica o religioso.
‘Entendo São Francisco’
Nascido no interior São Valentim, Valter lembra de ter uma relação muito diferente com os animais na infância, e mesmo depois de padre formado, acreditava que as histórias de São Francisco eram fábulas.
“Agora eu entendo São Francisco, eu, hoje, dialogo com a Fifi, dialogo com o Belo. É uma linguagem própria do amor, da amizade e da empatia. Qualquer gesto, qualquer olhar revela e transmite uma mensagem”, conta.
Para os católicos, São Francisco de Assis é considerado o padroeiro dos animais. Segundo o padre Valter, esse reconhecimento existe por conta da amizade do santo com os animais.
“A biografia de São Francisco nos diz que ele falava com os animais, que ele fazia pregações e que os animais vinham escutar”.
Gato Belo dormindo junto com o padre Valter em Erechim — Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: G1