Criança foi levada, já morta, até o hospital Santa Casa e, graças a isso, os crimes de estupro e homicídio foram desvendados
Uma situação que só pode ser definida como barbárie, crueldade sem proporções ocorreu Santana do Livramento. Uma menina de 4 anos morreu na manhã de ontem, após ter sido estuprada, no mínimo, duas vezes na noite e madrugada por volta das 5h da manhã e depois espancada, situação que, segundo as primeiras informações captadas pelas polícias Civil e Brigada Militar era recorrente na Rua Luís Inácio Garcia, n° 66, no Parque do Sol, bairro Umbú. O próprio pai estuprava a menina, acobertado pela mulher – madrasta da menor. A criança apresentava várias marcas pelo corpo, “os dedos estavam em carne viva”, segundo disse um policial. Imagens da menor não foram permitidas, a cena de horror é chocante. Numa primeira averiguação foram encontrados sinais de esperma em várias regiões da menor.
Na tarde de quarta-feira, 24, as forças policiais, acompanhadas de representantes do Conselho Tutelar, prenderam o pai da menina e a madrasta.
Lúcia Helena Silveira, 31 anos de idade e Mariano dos Santos Aires, 32 anos, foram presos após os policiais terem obtido alguns detalhes da morte da criança por intermédio da mulher. Foi a madrasta quem começou a falar, detalhando o que o acusado fazia nas madrugadas com a menor. No local, em uma primeira investigação da Polícia Civil, foram descobertas 10 crianças, sendo 7 filhos da mulher, 3 dele; e uma terceira filha – uma segunda mulher, que teria ido para a colheita para as maçãs, também mantinha um caso com o acusado – sendo a identidade dela desconhecida.
Algumas crianças são portadoras de necessidades especiais, conforme constatação da conselheira tutelar Cléia Gonçalves e Luciana que acompanharam o trabalho da ROTAM e Polícia Civil.
Desvendando os crimes
A situação foi revelada a partir do momento em que, na tarde de ontem (24/06), a madrasta chamou o SAMU e se apresentou no hospital Santa Casa de Misericórdia, levando o corpo da menina – afirmando que ela havia passado mal e morrido com uma batida na cabeça. Os médicos, os plantonistas e uma equipe da SAMU desconfiaram da história contada pela mulher, pois perceberam os sinais de violação sexual e espancamento, e chamaram o Conselho Tutelar e a Brigada Militar. Gradativamente, a mulher foi revelando os detalhes da macabra história. Informou, primeiro, que reside com outras crianças, cujo pai trabalhava em uma madeireira. Lentamente, foi revelando detalhes sobre o que ocorria.
O pai da menina morta foi preso na região do Wilson-Tabatinga. Averiguações no sistema deram conta de que ele é reincidente em acusação de abuso e passagem por furto.
No hospital, em primeira análise, foi constatado que a menina de 4 anos apresentava, além dos sinais de violação vaginal e anal graves, um ferimento na cabeça que deixou a menor com parte do crânio aberto. A Reportagem de A Plateia (Jornal e TV)/ Rádio RCC FM acompanhou passo a passo as prisões, enquanto as averiguações policiais buscavam elucidar os acontecimentos, com o interrogatório da mulher e do pai da menina. A mulher já havia cometido diversas contradições em suas primeiras afirmações, mas afirmou que sabia dos abusos e que também batia na criança – “batia nela e botava de joelho, porque ela era danada, coisas que a gente faz com filho”, disse.
O local dos crimes
Na casa da Rua Luís Inácio Garcia, 66 – onde a menor de 4 anos, violentada pelo pai, dormia em uma garagem, junto a outras crianças, muitas menores de 5 anos – havia vestígios de sangue pelo chão, nos fundos da casa. Mais tarde, a madrasta informou que havia lavado o piso e algumas roupas que estavam sujas de sangue (a intenção seria fazer com que o crime passasse por um acidente).
Há razões para acreditar que os estupros eram recorrentes e não está descartada, ainda, a possibilidade de outras crianças menores também serem vítimas. Vários exames foram solicitados, devendo indicar os detalhes em relação à questão. Um exame específico também foi solicitado para identificar o esperma colhido na criança.
A delegada da Polícia Civil, Giovana Muller, disse em entrevista que a princípio o caso será tratado como estrupo de vulnerável e homicídio. Os dois foram levados para o presídio e a prisão preventiva também foi pedida no caso. Até o fechamento desta edição a Polícia Civil não sabia informar se a criança teria morrido no momento dos abusos ou após, durante o espancamento. Um laudo tentará elucidar a questão.
Os casos de violência e maus tratos já eram conhecidos pelo Conselho Tutelar da cidade e, segundo informações, o órgão já teria pedido a mudança de guarda de alguns menores. Depois de presos os investigados pelos crimes, as crianças ficaram sob a guarda de familiares.
Entrevista com a madrasta
A madrasta disse em entrevista para a Reportagem do Jornal A Plateia (repórter Duda Pinto) que sabia o que o marido fazia:
“Eu sei que foi errado, eu admito. Ele batia. Ela caiu dos meus braços enquanto dava banho. Vi que ele pegou a menina e levou para o fundo e ela gritava. E agora ele diz que não tinha feito, ele tá botando tudo no meu e tirando do dele. Eu disse tudo o que sei, não menti nada, foi ele. Já apanhei muito dele. Ele quebrava tudo dentro de casa.
Duda Pinto: Por que tu não denunciaste nada antes?
Lúcia Helena: Porque ele me ameaçava.
Duda Pinto: Ele morava contigo?
Lúcia Helena: Sim
Duda Pinto: A criança nunca reclamou de nada?
Lúcia Helena: Não, ela não falava muito.
Duda Pinto: O que tu sente agora?
Lúcia Helena: Eu sinto muito arrependimento.
Duda Pinto: Por que tu batias nela?
Lúcia Helena: Porque é normal, criança faz arte e eu botava de castigo.
Duda Pinto: Como tu desconfiou que ele abusava dela?
Lúcia Helena: Porque ele fazia muito carinho nela, carinho diferente.
Duda Pinto: Que tipo de carinho?
Lúcia Helena: Carinho de tarado né, até com as minhas filhas.
Duda Pinto: E o Conselho Tutelar? Tu nunca procurou?
Lúcia Helena: Não, tinha medo. Ele dizia que ia me matar.
Duda Pinto: Que horas ele pegava as crianças?
Lúcia Helena: Ele pegava mais de manhã, na hora de sair.
Duda Pinto: E o gurizinho menor?
Lúcia Helena: Meu filho de dois aninhos ele nunca pegou, eu não deixava só.
Duda Pinto: E corria o risco? Se deixasse sozinho ele pegava?
– Nesse momento, no vídeo, a mulher faz um sinal de SIM com a cabeça.
Um policial pergunta: Viu ele fazendo isso?
Lúcia Helena diz: Vi.
Policial: Quando?
Lúcia Helena: Ele se levantou e teve horas lá na garagem fazendo sei lá o quê.
Policial: Ele levou a menina junto?
Lúcia Helena: Levou!
Policial: Que horas isso?
Lúcia Helena: 5 horas.
PRESSÁGIO?
Tia da criança morta declarou que a guarda judicial saiu de ex-mulher (1ª madrasta) do acusado para atual mulher (2ª madrasta)
A tia da criança assassinada, Maria Rosane Quevedo da Silva, declarou já por volta das 22h para a Reportagem do Jornal A Plateia: “minha irmã (Já falecida há pouco mais de cinco meses, mãe da menor morta) era muito quieta e nunca fez nenhuma reclamação sobre atos de violência ou abuso, embora existisse uma suspeita que ele abusasse da irmã da minha sobrinha, nunca realmente acreditamos que ele fosse capaz disso. Estamos todos perplexos, a minha sobrinha nunca reclamou”, destacou.
E, ainda relatou, “ele teve outro relacionamento e, quando se separou, as crianças ficaram sob a guarda da ex-mulher Rosane. Depois a juíza deu a guarda da criança para atual madrasta”, declarou a tia da menina horrorizada.
Fonte e fotos : Jornal A Platéia