Pares de tênis pendurados em fios no Centro Cultural chamam atenção e provocam curiosidade

Uma cena que talvez você já tenha se deparado em algum local, mas tão pouco saiba o seu significado. Afinal, o que significa esses tênis pendurados em fios. A reportagem foi até o largo do Centro Cultural de Alegrete e constatou quase uma dezenas de pares de tênis pendurados.

A cena chama atenção e provoca curiosidade. Por se tratar de um local público onde seguidamente ocorrem eventos culturais com aglomerações de pessoas, surgem indagações. O espaço ali é frequentado por várias pessoas durante o dia e noite. Longe de fazer alguma polêmica, mas a reportagem foi atrás do verdadeiro, ou possível significado de jogar um par de tênis sobre fios.

Na década de 1990, a cena servia para demarcar territórios do tráfico. Provavelmente o leitor já viu uma cena como a da foto que ilustra a matéria, sem entender por que diabos tanta gente tem esse costume de prender os cadarços de um tênis e jogá-lo em fios de energia ou qualquer outro tipo de fio suspenso.

Na Austrália, por exemplo, um par de tênis é colocado nos fios quando alguém perde a virgindade. Nos EUA, representa um caso de bullying ou um ponto de venda de crack. Na Espanha, é um sinal de acordo entre a máfia e a polícia.

Já no Brasil, é dito que servem tanto para o bullying (sendo que geralmente os tênis são da vítima, que volta pra casa descalça) ou de pontos de venda de drogas. Apesar disso, é claro que, de tão popular, o sinal provavelmente é usado por gente que nem sabe o que ele significa e simplesmente queria se livrar de um par de tênis velho.

O que muita gente não sabe é que essa “brincadeira” infantil na verdade não tem nada de infantil, servia de código para criminosos e engraçadinhos da área. Atualmente, o significado perdeu seu valor. E aqui não há nenhuma caracterização por partes dos órgãos de segurança que seja por esse entendimento.

A reportagem colheu diversos depoimentos sobre a cena. Um MC, que prefere ficar no anonimato, relata que virou uma cultura. “Até entre nos Mc’s,  acontece”, revela o jovem de 22 anos.

Ele explica que quando o tênis não serve mais para andar de skate ou jogar bola, o pessoal já atira no fio. Outro skatista diz que, às vezes, durante uma ou outra manobra acaba rasgando o tênis, daí  o pessoal joga como um troféu.

Uma menina de 17 anos, revela que jogou o tênis na saída de uma balada. Achou engraçado aquilo tudo pendurado, e resolveu jogar o calçado que estava semi-novo, conta a adolescente, sem receio. Um rapaz disse que foi na onda e acabou jogando o tênis surrado. Foi para casa de pés descalços mesmo.

O que impressiona no Centro Cultural é que alguns pares não estão em ponto de descarte, já outros não têm mais serventia mesmo. Isso é um problema que não assola apenas o Brasil, como também países de primeiro mundo.

Em Alegrete, tanto Polícia Civil como Brigada Militar não mencionam os locais com tênis pendurados como ponto de tráfico, demarcação de território. A cena é entendida como um modismo.

Entre os entrevistados que já lançaram seus calçados ao ar em algum ponto da cidade, não passa de uma tendência, sem finalidade alguma. Brincadeira ou não, os tênis estão lá. Seja numa quadra de esportes, na fiação da rua do bairro ou próximo aos campos de futebol de alguns bairros. Uma cultura que sobrevive e nunca saiu de moda. Em Alegrete, as cenas não confirmam o dito significado. O real significado se perdeu no tempo. A moda perdeu seu sentido original e a gurizada joga mesmo por cultura. Não tem mensagem nenhuma.

Júlio Cesar Santos