Pesquisa identifica coronavírus em esgoto de Porto Alegre e Novo Hamburgo

Uma pesquisa da Universidade Feevale em parceira com o governo do estado detectou a presença de coronavírus no esgoto em estações de Porto Alegre e Novo Hamburgo. Das 30 amostras coletadas, seis apresentaram a presença do vírus causador da Covid-19.

Uma delas foi na estação de tratamento Mundo Novo, na cidade da Região Metropolitana. As demais foram na Capital, nas estações Baronesa de Gravataí e São João Navegantes, no Arroio Dilúvio e em um hospital de referência no combate à doença.

“Isso significa que os pacientes que são positivos pra Covid-19, com sintomas ou assintomáticos, eliminam os vírus nas fezes. Diverso trabalhos mostram que as fezes estão potencialmente infeciosas”, explica Caroline Rigotto, professora do mestrado em Virologia da Feevale e coordenadora do projeto.

Em relação à água que chega às torneiras das residências pelo encanamento, não há risco.

“Nos sistemas normais de tratamento, onde nós utilizamos cloro pra tratar a água de consumo humano, ele é eficaz pra eliminar os vírus”, diz a coordenadora.

“Não há nenhuma preocupação ou alerta que deva ser emitido para a população”, complementa o diretor-Geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) de Porto Alegre, Darcy Nunes do Santos. “O tratamento da água para consumo humano já tem uma barreira sanitária previamente estabelecida que contempla a eliminação não só do coronavírus, mas de outros.”

Pesquisa é feita por equipe da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo. — Foto: Reprodução/RBS TV

Pesquisa é feita por equipe da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo. — Foto: Reprodução/RBS TV

Estudo segue no Rio dos Sinos

Ao constatar o coronavírus em esgotos da cidade, a pesquisa está ajudando a encontrar pessoas assintomáticas, que estão com o vírus, mas não apresentam sintomas.

“Com isso, a gente consegue antecipar a circulação do vírus nesses ambientes e ter um mapeamento das regiões que estão com surtos mais isolados. Com isso, fornecer informações para os gestores para medidas mais restritivas em determinada comunidade, pensando em um plano futuro”, afirma Caroline.

A pesquisa vai seguir no Rio dos Sinos, em Novo Hamburgo e São Leopoldo, e também em alguns pontos de Canoas.

“Pensamos, mais para frente, incluir monitoramento até em afluentes de frigoríficos. A gente sabe que tem sido um grande problema aí”, aponta a pesquisadora.

Outro avanço importante da pesquisa é descobrir se pessoas que têm contato com a água contaminada pelo coronavírus podem acabar infectadas. Amostras já foram encaminhadas para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e o resultado deve sair nas próximas semanas.

“Se esses locais tiveram impactados e contaminados com esgoto humano, a gente não sabe se pode trazer um risco para essa população, porque não sabemos quanto tempo esse vírus está ali, sobrevivendo no ambiente”, comenta Caroline.

A Comusa, Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo, diz que ainda não foi notificada pela Secretaria de Saúde da cidade sobre os resultados da pesquisa.

“Já estamos em contato com a entidade para analisar os dados apresentados pelo estudo. O tratamento da água segue dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, disse, em nota.

Arroio Dilúvio, em Porto Alegre. Local teve amostra com resultado positivo. — Foto: Reprodução/RBS TV

Arroio Dilúvio, em Porto Alegre. Local teve amostra com resultado positivo. — Foto: Reprodução/RBS TV