Profissional de saúde desabafa: a população precisa ter mais responsabilidade e respeito em relação à Covid

Um profissional do setor da saúde que não quis se identificar, por medo de represálias, falou com a reportagem na tarde de ontem(23). O enfoque da entrevista foi destacar a preocupação de todos os profissionais na área da saúde em relação ao descaso da população. O número crescente de contágios vai além, de governo, de todas as informações que, de forma reiterada estão nas mídias para que as pessoas compreendam a necessidade do distanciamento controlado. “Não adiante tentar achar um culpado depois que tiver o colapso na saúde. O problema não é do Prefeito, do Governador ou de terceiros, é de cada um. O que espanta é a falta de respeito e de sensibilidade das pessoas que continuam achando que o vírus é uma “gripezinha” ou que não é algo que vai matar muitos, se a contaminação ocorrer em surto. O sistema de saúde de Alegrete, não está preparado para receber 5% da população do Município. Se isso acontecer vai ter gente morrendo em casa, na porta do hospital. Isso é real” – comentou.

(Foto ilustrativa)

 

Isso evidencia o que a Dra Marilene Campagnollo, já havia falado em uma entrevista ao PAT, não é a quantidade de respiradores que importa, mesmo que Alegrete receba um número maior, o que vai faltar são profissionais na área da saúde para atender esses pacientes. Tem uma equipe preparada para atender 10 pacientes que é o número de respiradores da UTI Covid-19. Essa é uma realidade de muitos outros Municípios como Porto Alegre que, embora tenha leitos, não tem profissionais para atender os pacientes.

Em muitos casos, além de toda a demanda que o hospital já enfrenta diariamente, também tem o novo coronavírus que é um vírus, ainda, sem vacina ou um tratamento que possa garantir o combate sem sequelas maiores. O que muda é o organismo de cada pessoa.

Como exemplo, o profissional cita que a falta de educação da população é o agravante de maior potencial. Pois muitos estão saindo nas ruas com o uso das máscaras de forma incorreta, no queixo, no pescoço ou até mesmo àqueles que não fazem uso da máscara.

“É a mesma coisa eu saber de que forma eu vou transmitir o vírus HIV e não ter a prevenção, manter relação com uma pessoa sem preservativo. Eu vou contaminá-la ou ser contaminado. Isso é questão de empatia, educação e respeito. Talvez não vamos ver isso tão cedo no Brasil, nem falo em Alegrete, mas é o mais importante em um período em que estamos entrando, talvez, no pico da pandemia” – explicou.

Um outro destaque foi que na China, em Wuhan, com mais de 10 milhões de pessoas, todo o distanciamento e o próprio Lockdown feito teve o respeito 100% da população que conseguiu reverter o quadro em pouco tempo. Mesmo sendo uma comparação absurda, a questão toda é a educação. Se tem que cumprir, assim é feito.

(Foto ilustrativa)

“Infelizmente, em Alegrete, muitas pessoas vão “pagar” pelos erros e irresponsabilidades de quem não leva a sério algo que é muito grave. Quando falamos em inimigo invisível, isto, não é uma brincadeira, não é possivel saber quem está com o vírus se a pessoa está assintomática ou se os sintomas são leves. A diferença é que muitas sabem e, mesmo assim, estão circulando nas ruas, assim como, uma demanda muito grande da população que mantém o centro sempre “cheio”. – destacou.

Para concluir a reportagem, o profissional disse que a preocupação da pessoas não deve ser no número de respiradores e de leitos ocupados, precisam pensar em todos os profissionais da área da saúde que estão trabalhando diariamente de forma incansável, chegando à exaustão, para que a população tenha o melhor atendimento e que todos sejam assistidos, quando não estão fazendo o mínimo que é respeitar às medidas estabelecidas pela OMS e o Governo do Estado referentes ao distanciamento controlado.

“Se houver um colapso, o problema não será dos governantes, da Santa Casa e dos profissionais na área da saúde, será de cada um que de forma reiterada desrespeitou tudo o que vem sendo solicitado há meses. A questão não é a cor da bandeira, é respeito, conscientização e solidariedade com toda uma população. São centenas de pessoas diariamente circulando nas ruas, isso não é referente ao comércio, muitas estão simplesmente circulando com as máscaras no queixo ou sem, além das rodas de chimarrão, as festas, junções que não pararam, a exemplo de quarta-feira à noite no Caverá onde houve um churrasco(reunião de amigos), para assistir o Grenal. Uma falta de consciência total e absurda. Desta forma, assim como os profissionais de saúde que estão exaustos, a fiscalização também está. Pois diariamente e, principalmente nos finais de semanas, são muitas denúncias de aglomerações desnecessárias. A pandemia não passou, talvez estejamos entrando no pico e o resultado disso pode ser desastroso com a irresponsabilidade e falta de educação da população” – sintetizou.

Flaviane Antolini Favero