Quarenta e um ano depois, o primeiro Natal de mãe e filha juntas

O Natal é uma época mágica, que inspira união, empatia e compaixão. Passar este dia com pessoas especiais, amigos e familiares, todos que são importantes na vida de cada um é uma dádiva.

Estar junto da família nesse dia ajuda sedimentar o amor que os une. Por esse motivo, neste dia 25 de dezembro, depois de 41 anos, é o primeiro Natal que a alegretense Lucele Muruzzi passa na companhia da mãe biológica. Ela disse que a felicidade é tanta que não consegue externar em palavras, mas emocionada, chorou no dia da entrevista por relatar sua  história de vida.

“Sou uma pessoa abençoada, diz Lucele ao descrever como foi sua vida até aqui. Depois de quatro décadas, ela vai realizar o grande sonho de ter a avó e a mãe juntas em uma confraternização de Natal. Essa alegria, está sendo comemorada há mais de uma semana com a chegada de Marta Duarte Muruzzi, em Balneário Camboriú.

 

Lucele disse que desde o primeiro dia de vida foi entregue para os avós maternos, Jocelina dos Anjos Duarte, conhecida como dona Moza, e o avô João Alves Duarte(in memorium). Ela explica que os tios já estavam todos casados, e ela era a primeira neta, dos 13 netos atuais. A mãe biológica estava com 17 anos e pela necessidade de trabalhar e as dificuldades à época, a filha ficou com os avós.

“Sempre tive uma boa relação com meus pais biológicos, Marta Duarte Muruzzi e Fernando Juarez Mativi Muruzzi, apenas não fui criada por eles, pois trabalhavam no interior e eu residia na cidade com meus “segundos pais”. Sou muito amada por todos, nunca me faltou nada, Graças a Deus. Meus pais eram muito novos, sei que minha avó pediu para minha mãe me deixar com ela até as condições financeiras ficarem melhores, tudo se reestruturar e o resultado é que minha avó reside comigo até hoje” – contou.

“Pelo que sei da história, minha avó quando soube que minha mãe estava grávida disse que se fosse uma menina, ela queria cuidar e logo começou a fazer o meu enxoval. Sei que quando eu tinha alguns meses, meu pai me levou para o interior pra ficar com ele e minha mãe, porém, minha avó, meus tios, meu avô adoeceram foi uma função(sorriu). Por esse motivo retornei para casa dos meus avós.” – lembrou.

Em 2002 Lucele saiu de Alegrete e foi morar em  Balneário Camboriú. Três anos depois nasceu sua primogênita, Lorena, hoje com 13 anos. Quando Lorena nasceu, a avó abandonou tudo em Alegrete, e foi residir com ela para  cuidar da bisneta.

Não convivi com meus pais e, essas datas nunca passamos juntos, quando residia em Alegrete, eles ficavam no Vasco Alves. Nos encontrávamos, mas nunca nessas datas. Esse é o primeiro Natal que vou passar com a minha mãe Marta. Soube desde o início que eles eram meus pais biológicos, mas nunca os chamei de pai e mãe e sim pelo nome. Chamo minha avó de mãe e meu finado avô o chamava de “vô”.

Também tem a tia Mara que sempre a protegia e estava por perto para ajudar em tudo. “Sou mais que abençoada, eu sempre falo tenho 3 mães, e dois pais” – descreveu.

A alegretense citou também o tio Ibiratan dos Anjos Duarte, apelido Magro, ele auxiliava com roupas e calçados. Há 3 meses ele reside em Balneário e Mara, há 17 anos.

Minha filha Lorena é muito apaixonada pelos avós, com minha mãe biológica então, é uma de suas paixões. Tem dias que elas ficam 2 horas brincando no telefone, fazia mais de um 1 ano e 3 meses que não nos víamos pessoalmente. Estamos muito felizes que ela está aqui conosco, mesmo sabendo que são poucos dias, já vai valer muito a pena. Sinto saudades de Alegrete, e da minha família que está aí, mas como optei por SC faz parte essa saudade. Sinto muita falta dos meus irmãos Márcio, Marcelo, e minha irmã de criação, Suelem.

Mas são os desígnios de Deus, sou eternamente grata pela oportunidade de hoje. Com certeza este Natal com as quatro gerações: minha avó, minha mãe, eu e minha filha ficará para sempre marcado em nossos corações e que seja o primeiro de muitos a partir de agora.- completou.

 

Flaviane Antolini Favero