Quem são Fabiano e Felipe Bacchieri: pai e filho unidos pela música e pela tradição, vencedores do Canto Farroupilha

Felipe Bacchieri, natural de Pelotas, tem em sua história de vida a música e a lida no campo. Estudante de agronomia na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Felipe não só segue os passos acadêmicos, mas também constrói uma trajetória na música nativista.

Ele já participou como letrista em diversos festivais renomados no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, como a Sapecada da Canção Nativa (Lages), o Carijo da Canção (Palmeira das Missões), a Estância da Canção (São Gabriel), o Acampamento da Canção (Campo Bom), e o Expocanto (Arroio Grande), entre outros.

A convivência com o campo e o ambiente musical foi marcante em sua vida, uma vez que seu pai, Fabiano Bacchieri, sempre esteve envolvido com a música e trabalhou boa parte da vida com cavalos. Essas vivências influenciaram diretamente as composições de Felipe, que busca retratar suas experiências de vida em suas letras. “Sempre é muito bom ver o pai cantando! Quando a letra é minha, fica ainda mais emocionante. Ele sempre me passou a importância de apresentar composições que a gente acredita, cantar a nossa gente, a nossa casa, e ele sempre fez isso durante toda a vida. Por isso, ele é uma inspiração muito grande para mim!”, comentou Felipe.

Ao longo de sua carreira, Fabiano já defendeu várias composições de Felipe em diferentes festivais. Algumas delas incluem “A Professora da Escolinha” e “Penacho”, apresentadas na Sapecada, e “Morto”, defendida no Expocanto. Para Felipe, poder compor com o pai e ver essas obras apresentadas no palco é motivo de grande gratidão, pois retratam suas vivências e o amor pela cultura gaúcha.

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A composição “Tropa de Agora”, grande vencedora do 16º Canto Farroupilha, foi escrita por Felipe após uma experiência inusitada: uma viagem num navio de exportação de gado vivo. Ele, que atuou na equipe veterinária da viagem, associou os tropeiros do passado às pessoas que estavam com ele no navio. Durante a viagem, que durou cerca de 30 dias, saindo do porto de Rio Grande com destino à Turquia, Felipe observou muitas semelhanças entre as duas realidades e quis retratar isso na letra. Ele também buscou trazer uma nova perspectiva ao tema da tropa, que geralmente é abordado com saudosismo no cenário nativista. “A tropa ainda existe, de maneira diferente, mas com as mesmas características. E foi isso que tentei relatar na letra.”

Já Fabiano Bacchieri possui uma longa carreira como músico, compositor e intérprete, com mais de 400 músicas gravadas. Ele iniciou sua jornada na música na década de 1980, em Pelotas, com o Grupo ONTONTE, e posteriormente integrou o Grupo Querência, onde atuou como vocalista por mais de dois anos. Ao longo dos 40 anos de carreira, Fabiano já representou o Brasil em festivais de folclore na Europa, participou de eventos musicais no Chile, Uruguai e Argentina, e venceu diversos festivais nativistas. Ele é reconhecido por seu comprometimento em manter viva a cultura regional gaúcha.

Ao subir ao palco do 16º Canto Farroupilha, em Alegrete, Fabiano destacou o quanto essa experiência foi especial, principalmente por estar defendendo uma composição escrita por seu filho. “Foi uma maravilha poder retornar a Alegrete e participar dessa edição do Canto Farroupilha. Nesta ocasião, foi muito mais especial pelo fato de estar apresentando uma composição com letra do Felipe. Vivenciar a experiência dele de ‘ajustar-se’ numa tropa que saiu do Rio Grande até a Turquia e poder cantar essa história foi uma honra”, comentou Fabiano.

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Para essa apresentação, Fabiano contou com o apoio de grandes músicos e amigos: Negrinho Martins, Egbert Parada e Luiz Clóvis Girardi. O arranjo da obra foi assinado por Gabriel Maculan, um nome de destaque no cenário musical de Santa Catarina. Fabiano fez questão de parabenizar a organização do festival pela preservação das tradições, destacando a importância de manter vivas as histórias do presente para que as gerações futuras conheçam a realidade dos gaúchos de hoje.

O reconhecimento conquistado com “Tropa de Agora” no Canto Farroupilha foi, sem dúvida, um momento marcante para Felipe e Fabiano Bacchieri, que seguem firmes na missão de retratar suas vivências e a cultura do Rio Grande do Sul por meio da música, unindo pai e filho em uma jornada de resgate, preservação e renovação da cultura nativista gaúcha.

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