Saúde Mental constata: a pandemia mexeu com o emocional de muitas pessoas

Neste período de pandemia em razão do novo coronavírus o emocional das pessoas tem sido afetado.Sao muitos os casos de distúrbios emocionais. Nas ruas, o número de usuários que visivelmente estão mais “agitados” é perceptível. Em contrapartida, é notável o  trabalho desenvolvido pela Saúde Mental de Alegrete.

Em conversa com a coordenadora, a psicóloga Nádia Mileto, ela falou um pouco das ações neste período de pandemia. Nádia destacou que o Município foi o pioneiro a realizar um abrigo para os usuários  e pessoas que não são moradores de rua, pois todos têm famílias, mas que pela situação acabam ficando em via pública, devido ao uso de entorpecente. Ela também destacou que o período em que o abrigo funcionou no ginásio da Escola Eurípedes Brasil Milano, cerca de 26 pessoas foram acolhidas, entre elas dois idosos de 70 e 75 anos. Como o pico inicial seria em abril, conforme o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, o trabalho iniciou em março, com o apoio da Secretaria de Assistência Social do Município que deu o suporte de camas e alimentação. A coordenadora disse que a decisão de encerrar as atividades foi em razão de que como o local tinha regras, isso também era uma situação que nem todos se sentiam confortáveis, então, foi realizado um trabalho em conjunto com os agentes Redutores de Danos, Assistência Social e Caps Ad para a recolocação dos usuários em seus lares e, assim foi feito.

Nádia também ressalta que o trabalho do Samu Mental que é um investimento da Prefeitura Municipal, pois o recurso é do Município, tem sido de grande valia nos casos recorrentes de pessoas que estão em surtos ou caídos em via pública, por uso de álcool ou droga. A psicóloga falou de um projeto que entregou há tempos para Coordenadora do Samu Mental do Estado, que seria um socorro em âmbito federal do Samu Mental, projeto que não teve sequência em razão da pandemia, pois Alegrete, hoje, é referência no atendimento. O Samu Mental foi uma ideia que surgiu em São Lourenço do Sul e a coordenadora trouxe para o Município. Inicialmente, os atendimentos eram apenas em horário de atendimento do CAPS AD, mas com o fechamento da Comunidade Terapêutica e o encaminhamento de 30 pessoas para o CAPS, houve a necessidade de um trabalho intenso para realocá-los e isso exigiu um período mais prolongado, foi então que a coordenadora levou a proposta para o prefeito Márcio Amaral e para a Secretária de Saúde, Bianca Casarotto, para que o serviço fosse 24h. Hoje, com um equipe multiciplinar, o atendimento é realizado através de um telefone de plantão 24h por dia. De forma muito rápida e eficaz, muitos casos são contornados sem a necessidade de internação.

A psicóloga descreve que neste período há muitos atendimentos pois várias pessoas estão com síndromes, pânicos e, devido a incerteza do vírus e o receio de ser testado positivo ou de passar para familiares, isso deixa as pessoas muito ansiosas, gerando depressão. Esse atendimento tem sido muito intenso na saúde mental. Também há atuação  das benzedeiras e a possibilidade de voltar com o Reiki.

Nádia ainda comentou sobre o trabalho realizado na SANA e acrescenta ´que é uma vitória em 90 dias praticamente não ter problemas, pois os pacientes são portadores de esquizofrenia.” São mais de 20 pessoas e todas estão se comportando muito bem”- citou.

Um outro assunto que foi questionado foi em relação a uma mulher de 31 anos que faleceu e não ocorreu velório pois a mesma era usuária e não tinha mais vínculos com a família. Por mais que o Serviço e a Assistência Social da santa Casa tenham buscado familiares, a falta deles, fez com que o sepultamento ocorresse sem velório. Nádia diz que lamenta esse tipo de situação, que a mulher foi por inúmeras vezes auxiliada pelo serviço de saúde do Município, passou por muitas internações, mas nos últimos tempos não aceitava o tratamento, teve uma hepatite e demais complicações. ” Não se pode dizer que a culpa é da família, pois muitos são incansáveis, mas os próprios usuários não aceitam e acabam se afastando para não realizarem tratamento. Alguns são agressivos, são vários fatores” – explicou.

Por outro lado, em alguns casos, a família de sangue não é o local mais indicado, por não aceitar e não dar o apoio aos usuários. Então eles podem se sentir mais acolhidos com outros usuários que acabam se tornando suas famílias.