Menina passou por avaliação para saber em que nível estava e foi matriculada no 4º ano do fundamental. Criança estava desaparecida desde 2014 e foi localizada após crime em Brasília (DF).
A menina de 8 anos que estava na casa onde Rhuan Maycon foi morto e esquartejado pela mãe começou a estudar em uma escola da rede estadual de ensino em Rio Branco. Segundo o pai da criança, o servidor público Rodrigo Oliveira, não há registro de que a criança tenha estudado.
A criança retornou ao Acre depois da mãe, Kacyla Pessoa, e a companheira dela, Rosana Cândido, assassinarem Rhuan a facadas no dia 31º de maio deste ano em Samambaia, no Distrito Federal. O corpo da vítima foi achado dentro de uma mala deixada em um bueiro. A menina não se feriu.
Ela estava desaparecida desde 2014, quando Kacyla e Rosana fugiram do Acre levando a menina e Rhuan. As crianças só foram localizadas após o crime em Samambaia. (relembre abaixo).
O pai conta que dois meses após chegar em Rio Branco, a criança passou por uma avaliação na escola para saber em que nível estava e foi matriculada no 4º ano do ensino fundamental.
“Na verdade, ela chegou bem abalada mas agora está bem melhor. Creio que essa seja a primeira vez que ela estuda em uma escola. Ela fala que já esteve em algumas escolas, mas a gente não sabe como foi, porque nunca a gente viu registro de matrícula. Então, talvez ela tenha ido para escola como ouvinte ou algo parecido”, disse o pai.
A menina começou a estudar em agosto desse ano, no início do segundo semestre. O pai afirma que ela não está mais sendo acompanhada pela equipe do Centro de Atendimento à Vítima (CAV) do Ministério Público do Acre (MP-AC). Segundo ele, ainda este mês, ela deve iniciar um tratamento com psicólogos da rede municipal.
“O que precisa mesmo ser trabalhado é só a questão de alguns comportamentos. Porque onde ela morava, aparentemente, não tinha regras e nem limites e ela fazia tudo o que queria, na hora que queria. Aí é só essa questão de reeducar, a questão dos estudos, para levar mais a sério, porque também é a primeira vez que ela estuda de forma sadia. Ela não tinha essa cobrança dentro de casa”, afirmou Oliveira.
O pai contou ainda que se preocupa em como a menina vai lidar quando chegar na fase da adolescência diante de tudo que viveu nos anos em que esteve com a mãe. Segundo Oliveira, ela costuma falar algumas coisas do que passou, mas ele prefere não comentar a respeito.
“Ela comenta naturalmente as coisas que aconteceram, não costumo perguntar e nem cobrar. Como são coisas muito íntimas, prefiro não dizer o que ela conta. Vai fazer cinco meses que ela chegou em casa, é um processo lento mesmo. Creio que a abordagem da psicologia clínica vai ajudar um pouco mais. Meu problema não é nem tanto agora, porque a psicologia fala que quando chega a fase da adolescência a criança acaba externando algumas coisas que estavam escondidas no subconsciente. Minha preocupação, então ,é lá na frente”, concluiu.
Mãe e companheira vão a júri
O juiz Fabrício Castagna Lunardi, do Tribunal do Júri de Samambaia, no Distrito Federal, determinou que Rosana Cândido, de 27 anos, e Kacyla Pryscila Pessoa, de 28 anos, devem ir a júri popular pelo assassinato do menino Rhuan Maycon. As duas acusadas estão presas na Penitenciária Feminina do DF.
Ao G1, o advogado Renato Barcat, que representa as acusadas afirmou que “somente se manifesta no processo, uma vez que há determinação de segredo de Justiça”.
A sentença de pronúncia, que determinou a análise do caso pelo júri popular, é da última quinta-feira. No caso em questão, o juiz entendeu que existem indícios de que Rosana e Kacyla cometeram um crime contra a vida e tiveram intenção de matar. Por isso, devem ser julgadas pelo tribunal do júri.
As duas respondem pelos crimes de:
- Homicídio qualificado
- Lesão corporal gravíssima
- Tortura
- Ocultação e destruição de cadáver
- Fraude processual
Depoimentos
A decisão foi tomada na última quinta-feira (24), após a realização de audiência na qual testemunhas do caso foram ouvidas pela Justiça. No último dia 21, sete pessoas prestaram depoimento ao juiz Fabrício Lunardi. Entre elas, o delegado responsável pelo caso e ex-vizinhas das acusadas.
Outras oito já haviam sido ouvidas no Acre, onde Rhuan nasceu e viveu até 2014. A família do pai do garoto também mora no estado. A maioria dos intimados eram partes das duas acusadas e do menino Rhuan Maycon.
Rosana e Kacyla também tiveram a oportunidade de prestar depoimento, mas preferiram permanecer em silencio durante a audiência. Ainda não há data marcada para o julgamento delas.
Partes do corpo de menino de 9 anos assassinado em Samambaia foram escondidas em mochilas — Foto: TV Globo/Reprodução
Morte de Rhuan
O corpo de Rhuan Maycon foi encontrado na madrugada do dia 1º junho, esquartejado, dentro de uma mala deixada na quadra QR 425 de Samambaia, no DF. As partes da vítima foram localizadas por moradores da região.
A mãe do menino, Rosana Cândido e a companheira dela, Kacyla Pryscila, foram presas na casa onde moravam com o menino e com a filha de Kacyla, uma menina de 9 anos.
Em depoimento à polícia, Rosana contou que “sentia ódio e nenhum amor pela criança”. Na denúncia, o Ministério Público do DF afirmou que a mãe de Rhuan arquitetou o crime por odiar a família do pai dele.
“Rosana nutria sentimento de ódio em relação à família paterna da vítima. Kacyla conhecia os motivos da companheira e aderiu a eles”, diz a denúncia.
As duas também foram acusadas por tortura. Segundo o MP, elas “castraram e emascularam a vítima clandestinamente” e “impediram que Rhuan tivesse acesso a qualquer tratamento ou acompanhamento médico”.
“Com apenas 4 anos de idade, Rhuan passou a sofrer constantes agressões físicas e psicológicas e a ser constantemente castigado de forma intensa e desproporcional, ultrapassando a situação de mero maltrato”, diz a denúncia.
Já as acusações de ocultação de cadáver e fraude processual dizem respeito às tentativas da dupla de se desfazerem do corpo de Rhuan e dificultarem as investigações.
As duas acusadas deixaram o Acre em 2014. Segundo a família, Rosana fugiu do estado com a criança, a companheira Kacyla Pessoa e a filha da companheira, uma menina de 8 anos.
O pai de Rhuan tinha a guarda do menino, por decisão judicial. A família chegou a registrar um boletim de ocorrência após o sumiço do garoto.
Fonte: G1