Teor de sódio superior a 200 mg/l deve constar na embalagem da água mineral

Especialistas recomendam que consumidores fiquem atentos a números informados nas garrafas

Beber água é a recomendação mais comum para a hidratação do corpo humano. Mas até com ela é preciso ter cuidado. Diferentemente da água da torneira, o consumidor pode conferir a composição das águas minerais nos rótulos. Um dos elementos que aparece é o sódio, substância associada a uma série de doenças. 
Uma pesquisa feita pela reportagem do Correio do Povo analisou 13 diferentes marcas de água mineral. O produto registra crescimento no consumo no País, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria das Águas Minerais (Abinam). O teor de sódio entre as marcas investigadas varia de 6,7 a 103,6 miligramas por litro (mg/l). A Crystal, embalada pela Vonpar (Coca-Cola), está no topo da lista, concentrando a maior quantidade de sódio (103,6 mg/l). As demais marcas pesquisadas pelo jornal não ultrapassam os 75 miligramas por litro.
Uma das explicações para a água mineral Crystal ter quantidade de sódio superior na comparação com o produto de outras indústrias é a localização da fonte, em Ijuí. As características do solo e a profundidade do aquífero de onde a água é extraída poderiam esclarecer a diferença na concentração de sódio. Para ser vendida como água mineral natural, ela não pode ser modificada. 
O geólogo e coordenador da Câmara Especializada de Geologia e Engenharia de Minas do Crea/RS, Ivam Luis Zanette, lembra que a água tem de ser embalada in natura, assim como foi retirada do aquífero, para que não viole a legislação que classifica as águas minerais. Ele explica que muitos fatores influenciam na maior ou menor quantidade de sais. “Depende da geologia do local, do contato que essa água subterrânea foi tendo com as rochas ao longo de milhões de anos. A região de Ijuí e do rio Ijuí tem essa característica de ter um alto teor de bicarbonato e sódio que está muito ligado à geologia”, afirma Zanette.
Apesar de não ter encontrado estudos que abordem os malefícios dos minerais na água, o geólogo comenta que tem escolhido águas mais “leves” para consumir. “Prefiro água com pH neutro e com pouca quantidade de minerais”, diz. 
A nutricionista do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, da Divisão da Vigilância Sanitária, Josete Baialardi Silveira, lembra que existe uma resolução publicada em 2005 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que aponta que, se a água contiver mais de 200 miligramas de sódio por litro, essa informação deve estar em destaque na embalagem. 
A nutricionista responsável pela área de nutrição no Ambulatório de Hipertensão do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, de Porto Alegre, Denise Ruttke Dillenburg Osório, recomenda às pessoas que confiram embalagens da água e de todos os tipos de alimentos antes da ingestão. “Para os hipertensos e pessoas que sofrem com problemas renais crônicos e doenças cardiovasculares, o cuidado precisa ser ainda maior. Isso também vale para a água. Se puderem encontrar água com menos sódio, melhor”, orienta a nutricionista do Cardiologia. 
Denise também recomenda a consulta no rótulo do pH (nível de acidez da água). “O recomendado é o pH estar entre sete e dez, que vai do neutro ao alcalino”, afirma a profissional.

Fonte: Correio do Povo