Um acolhimento que emociona e inspira; 14 pessoas da familia raspam a cabeça em apoio à jovem Josi

Uma demonstração de amor sem igual. Apoio é tudo e quando vem da família tem um poder ainda mais especial. Quem é que não gosta de histórias lindas de superação? O PAT sempre conta e se emociona muito e tem aquelas que marcam, de verdade. A seguir vou relatar mais uma, uma belíssima e inspiradora história.

 

Tudo começou em dezembro do ano passado, quando Josiélen Caroline Vargas Corrêa foi diagnosticada com câncer no ovário, um tipo que é raro em pessoas jovens. Ela tem 24 anos e geralmente a faixa etária para o tipo diagnosticado é de pessoas acima de 65 anos. Com muita força, fé e destemida, Josi como é carinhosamente chamada, bacharel em Direito, não teve medo e encarou cirurgia e agora tratamento – quimioterapia. Até esta etapa, parecia que a força e garra que ela buscou diante do amor da família eram o suficiente e o mais intenso, porém, ela iria se surpreender ainda mais e ser arrebatada por uma demonstração de acolhimento, de desprendimento e de amor que a emocionou. No dia 5 de março, foi o dia de se despedir, momentaneamente, do cabelão. Em entrevista ao PAT, Josi ressalta: nenhuma mulher gosta de ficar perdendo cabelo, por isso resolveu raspar. Após a primeira aplicação da quimioterapia os cabelos começariam a cair, ela estava com muito medo e triste por ter que ficar carequinha (mesmo que não demonstrando tanto),mesmo assim, recebeu muito apoio da família e amigos, principalmente da tia Elisete que desde o início disse que iria raspar o cabelo junto com ela (não tinha como tentar convencê-la do contrário), no meio do temor ela acalmava, Josi. Mas a surpresa foi ainda maior, não apenas a tia, como mais 13 membros da família rasparam a cabeça, entre os pais, irmão, tios, tias, a avó e o sobrinho-afilhado de quatro anos que disse que queria ficar igual à dinda. Josi foi embriagada de amor.

 

Confira a história por fases. Na primeira, a descrição da importância de falar sobre o assunto, como destaca a alegretense, e também como ela descobriu o tumor.

Em novembro, Josi e a família testaram positivo para Covid-19. O mal estar, se intensificou com uma dor ainda mais forte no ovário. Tanto que ela dormia abraçada ao travesseiro. Quando foi levar a mãe no gripário, estava com muita dor e pediu para consultar com o Doutor Dauro. Ele solicitou uma bateria de exames, algo que um outro médico já tinha falado que seria normal o que ela sentia. Mas, a alegretense realizou todos os exames que, com muita atenção, Dr Dauro solicitou.

 

Quando ficaram prontos os exames o médico disse que ela tinha que operar pois estava com um cisto enorme e poderia estourar. Imediatamente, ela foi para Porto Alegre, onde foi atendida pela médica Rosilene Jara Reis, médica que ela destaca como sendo uma profissional maravilhosa.

A cirurgia

Dia 13 de dezembro foi realizado o procedimento pela médica Rosilene e a equipe, todas mulheres. Foi neste momento, que percebera ser um tumor que foi encaminhado para biópisia e a encaminharam para verificar em qual órgão o câncer estava. Até então, não sabiam de onde tinha surgido o tumor.

Em janeiro ficou pronto o imuno-histoquímico -pra detectar onde estava o câncer e novamente ela fez uma cirurgia e retirou o ovário, útero e o peritônio. “A médica maravilhosa, tirou tudo. Então, a quimioterapia que eu vou fazer é um protocolo para câncer de ovário, que é comum em pessoas de 65 anos para cima. É normal ser germinativo para pessoas mais jovens, mas o meu era epitelial.”- comentou.

 

 

 

Falar sobre

Josi salienta o quanto é importante falar a respeito do câncer, pois ela é jovem, não consome bebida alcoólica, não fuma, frequentava academia e está enfrentando a batalha. “No meu caso foi por uma falha genética, mas Graças a Deus, tudo está se encaminhando para dar certo. Mas isto também tem relação pelo fato de que descobri em um estágio médio, pois o câncer de ovário é silencioso. Infelizmente, a maioria das mulheres descobrem em um estágio bem avançado. Desta forma, é importante que sempre, no sinal de qualquer sintoma diferente, não pode deixar para depois, é indispensável que tire todas as duvidas e que um diagnóstico seja feito. Pois o que me dava mais incômodo era o ovário, eu dormia abraçada no travesseiro, ciclos menstruais irregulares, barriga inchada”- pontua.

 

As amigas e a postagem

A alegretense falou que ao fazer a primeira postagem falando que estava com câncer, recebeu muitas mensagens de carinho e também de amigas que buscavam informações sobre sintomas.

Primeira Quimio

No dia 19 de fevereiro de 2021, foi a primeira e tão esperada quimioterapia. Serão 6 sessões, menos uma para conta – cita.

Neste dia ela fez a seguinte postagem: durante o descobrimento do meu câncer de ovário em dezembro de 2020, tudo mudou, foi um misto de emoções, porém, um misto de união, de força, de esperança e de fé. Nada é por acaso, eu estava no momento certo com a médica certa, na primeira cirurgia foi descoberto que o cisto no ovário era um tumor e o tratamento seria longo. Me assustei, mas nunca pensei que não conseguiria, minha família me fortaleceu muito, e sem dúvidas tive uma proteção espiritual para enfrentar essa doença com leveza, pois não é uma sentença de morte. Deus sabe de todas as coisas, Ele age no momento e hora certa, e não sou menos amada por Ele em estar passando por isso, pelo contrário eu continuo amada. É só uma fase e tudo ficará bem!

E sempre irá ter um sorriso em meu rosto enfrentando essa batalha, me fortalecendo porque é um momento de ressignificar a vida e valorizá-la. Sempre serei grata pelas minhas médicas, pelos profissionais maravilhosos que estão nessa trajetória comigo” – finalizou.

 

Já a surpresa em relação ao acolhimento quando raspou a cabeça, no dia 5, Josi descreveu: Hoje é um dia muito especial e alegre! Sim, alegre! CAREQUEI! O cabelo já estava incomodando e eu particularmente AMEI essa nova eu!
Segundo a oncologista, em torno de 10/14 dias após a primeira aplicação da quimioterapia os cabelos começariam a cair. Eu estava com muito medo e triste por ter que ficar carequinha (mesmo que eu não demonstrasse tanto), e recebi muito apoio da minha família e amigos, principalmente da minha tia Elisete que desde o início disse que iria raspar o cabelo junto comigo (não tinha como tentar convencê-la do contrário), e, no meio do temor, ela vinha e me acalmava. Nem tudo são mil maravilhas, mas eu nunca me virei contra Deus ou perguntei: “por que eu?”. Tudo tem um motivo, tudo tem um aprendizado e esse é o meu momento de reinventar a vida, valorizar cada momento e ser uma pessoa melhor. Hoje foi um dia especial, repito e repito mil vezes. As minhas tias, tios, irmão, sobrinho/afilhado, os meus primos, minha avó e os meus pais me surpreenderam e “carecaram” comigo. Tem demonstração de amor maior que essa? Claro que não! Eu sou muito grata, sou uma pessoa feliz e o que poderia ser uma situação tão triste se tornou um momento único e memorável! Grata demais por ter essa família maravilhosa!
Amo vocês.”- evidenciou.

 

Cabelo

Josi já havia doado outras vezes o cabelo e, desta vez, não será diferente. Vai doar para ONG em Porto Alegre, onde atualmente está residindo, que arrecada mechas para as crianças e jovens com câncer. Veja o nome dos familiares que rasparam a cabeça, no total, 14. Os  pais: Lulo e Josete; o irmão, João Vasco; sobrinho e afilhado, Vicente(4 anos); os tios: Elisa, Elisete, Juarez, Marilene, Rui e Onei, a avó Clair  e os primos Eliseu e Vitor.

 

Para finalizar, Josi disse que reside com os pais em Alegrete. Ela comentou que optou por não congelar óvulos, pois o irmão tem dois filhos e ela descreve que ambos são filhos dela também. Ela é madrinha dos dois, o mais velho tem seis anos e o mais novo quatro, sendo que a ligação entre eles é muito forte. “Então, na verdade eu já tenho meus filhos, que é o João Lulo e o Vicente. Pra mim esse lado maternal é suprido com eles, pois são como se fossem meus. Amo criança, mas também fiquei com receio em razão da genética”.

 

Flaviane Antolini Favero