Um amor há mais de 17 mil Km do Brasil

Alegretense foi para o outro lado do mundo, construiu família e a vida na terra do sol nascente.
Ana Amélia Soares, sorriso aberto e muita espontaneidade é a marca da gaúcha de Alegrete que hoje, mesmo sem os olhos puxados, é uma Braponesa. Assim é a mulher que saiu daqui aos 22 anos para ir morar em Osaka, recém-casada com o japonês Tonico Nakashima que veio para o Brasil aos 5 anos e morou, uma época, em Alegrete, no Salso- Coxilha Vermelha produzindo hortifrutigranjeiros.
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O plano Collor, em 1992, mudou os planos do casal, que associado a um problema de visão da pequena Nozomi fez com que Tonico retornasse ao Japão à procura de um emprego melhor e tratamento mais sofisticado à filha. Tão logo a menina se alfabetizou aqui, com menos de cinco anos, Ana se foi ao encontro do marido.
De início,a alegretense, ficava só em casa com Nozomi. Mas logo diz que a guria sentiu falta de outras crianças e foi para uma creche. Hoje,ela é formada em web designer e, em breve,vai casar e morar em Tóquio.
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Enquanto Tonico trabalhava de soldador, Ana saiu para tentar algo para ocupar o tempo. E desde que iniciou a trabalhar, depois já na Província de Hiroshima, na cidade de Kure, está na fábrica de carros Mazda há 19 anos. “Sou uma moleca lá. Outro dia,meu chefe pediu para eu ir à noite ajudar no turno. Fiz tanta bagunça que descontraí o grupo que trabalhou melhor ainda, confessa”.
– Imaginem a rigidez, seriedade dos japoneses e eu com este meu jeito. Enlouqueço-os, mas me dou muito bem com todos e faço com que percam a sisudez nipônica, conta rindo Ana Amélia”. Mas lá tudo funciona muito bem diz ela.  O casal conta que ama o Brasil, sente uma saudade imensa da família e dos amigos de Alegrete. Mas salientam que lá é primeiro mundo e os serviços são excelentes.
Destacam que  a natureza é linda, com suas sakuras-cerejeiras que não dão frutos, as azaléias e as praias mesmo com água mais fria são agradáveis, destaca a família Soares Nakashima”.
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Na província de Schimane Ken, perto de onde moram, tem um lindo templo que ajuda os solteiros a arrumar casamentos e Ana não perde a oportunidade para brincar: “Eu chamo de templo de Santo Antônio.”
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Devido a distancia e os custos da viagem eles só vem ao Brasil de dois em dois anos. E o mais interessante é que Tonico diz que gosta do Brasil, mas que ama Alegrete.
Lá eles continuam com o hábito do chimarrão e sempre que podem comem churrasco com a família de Tonico que vive no Japão e, também com amigos brasileiros. Suchi e Sashimi é tão caro quanto aqui diz  Nakashima. A saída é  a carne de porco e de frango, apesar que meus conterrâneos também gostam muito de carne de gado,completa.
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– Só sentimos falta mesmo é do calor humano dos brasileiros. Lá ninguém se abraça como aqui. Nem dá carona. É  cultural,esclarece Ana. Até para sorrir eles são comedidos. De início sofri um pouco,porque sou muito comunicativa e adoro rir” .
Niko diz que ama o seu povo e sua família que vive lá,porém sente um carinho e amor especial pelos brasileiros, “porque  eles tem algo a mais – um jeito que ilumina qualquer ambiente.”
O cansaço das 27 horas de avião de Osaka-Paris-Rio-São Paulo-Porto Alegre foi esquecido,tão logo pisaram em solo gaúcho e viram amigos sorrindo no aeroporto da capital do RS, fala o casal.
Ana e Niko,aqui em Alegrete, na noite de Natal de 2014
Ana e Niko Natal 2014
Por: Vera Soares Pedroso