
Durante muito tempo, alguns estudos sobre o movimento abolicionista destacavam que a “libertação” dos escravizados foi uma concessão benevolente da princesa Isabel e de setores das elites. Para o historiador alegretense Márcio Sônego, é bom destacar, que tais pesquisas já foram questionadas por outros estudos com maior embasamento documental, empírico, teórico e metodológico na utilização das fontes históricas.
De acordo com Márcio, os novos estudos, principalmente a partir da década de 1980, mais especificamente 1988, data do centenário da abolição no país, evidenciam que a luta e a grande campanha abolicionista que se difundiu por todo o Brasil teve a participação de vários segmentos da sociedade, das camadas populares, mulheres e dos próprios escravizados e escravizadas, libertos e libertas, que lutaram, resistiram de diversas formas e ampliaram os seus espaços de autonomia e liberdade.
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A participação fundamental de abolicionistas negros, como Luiz Gama, José do Patrocínio, André Rebouças, Ferreira de Menezes, Vicente de Souza, entre outros, que lutaram arduamente pelo fim da escravidão no Brasil, sendo que muitos desses abolicionistas tinham projetos de inserção e inclusão dos libertos na sociedade brasileira. Exemplo disso são as reformas mais amplas que o abolicionista André Rebouças intencionava, como a distribuição de lotes de terras para ex-escravizados e seus descendentes, promovendo o que chamou de “Democracia Rural”. Infelizmente essas reformas não aconteceram, devido à ausência e negligência do Estado. No entanto, é preciso destacar a luta e mobilização histórica desses abolicionistas negros.
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Ele destaca, a importância de mencionar o mérito da militância e do Movimento Negro, que a partir da década de 1970, numa posição contrária ao mito da princesa Isabel generosa e seus aliados, alvitrou relegar o 13 de maio e celebrar o 20 de novembro como data nacional da consciência negra no Brasil, pois essa data se refere ao dia da morte de Zumbi em 1695, líder do Quilombo dos Palmares. Zumbi se tornou um símbolo de resistência e reflexão sobre escravidão e racismo na sociedade brasileira. Finalizando, o 13 de maio, que extinguiu oficialmente a escravidão no Brasil, não propiciou nenhum tipo de política pública visando incluir socialmente e economicamente os egressos do cativeiro e seus descendentes.
Sônego, reflete sobre a importância de não esquecer da data, sendo que tal efeméride precisa ainda ser muito discutida e debatida. Diante desse contexto é que o 13 de maio passou a ser considerado o Dia Nacional da Denúncia Contra o Racismo, como alternativa à data em que foi assinada a Lei Áurea.
Foto: Marc Ferrez/Coleção Gilberto Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles Colaborou: Márcio Sônego