Abuso na infância: hoje, adulta e mãe, ela relata o lado sombrio do homem travestido de bom moço religioso

Em um relato que toca na dor e na resiliência de quem sofreu abusos na infância, uma vítima expôs sua história como forma de alerta e também de indignação contra a brandura das leis que regem esse tipo de crime.

Ao relembrar os episódios dolorosos e expressar sua revolta, ela denuncia a falha do sistema legal e busca conscientizar a sociedade sobre a urgência de um olhar mais rigoroso e empático para os casos de abuso sexual infantil.

É o caso de uma mulher, Josiane Machado, que, após anos carregando o trauma de um abuso sofrido na infância, resolveu compartilhar sua experiência ao perceber quantas histórias semelhantes ainda são ocultadas e quantos sobreviventes sentem-se desamparados por um sistema de justiça que, muitas vezes, parece brando demais para o peso do crime de abuso.

A sobrevivente, agora mãe, traz à luz um passado de dor, marcado por um abuso ocorrido aos oito anos, perpetuado por um familiar de confiança. “Ele era o ‘irmão’ querido da Igreja, aquele que todos viam como um homem de fé, mas escondia um lado obscuro que só eu e outras meninas conhecemos”, ela conta. O agressor, protegido pela reputação de “bom cristão”, manteve-se livre de suspeitas enquanto explorava seu poder para ameaçar e calar suas vítimas.

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O sofrimento foi revelado somente dois anos depois, quando, ainda criança, a vítima conseguiu contar aos pais. Na época, procedimentos legais demoraram anos para serem concluídos, a levando a reviver o trauma repetidas vezes em exames e processos judiciais que culminaram, após seis anos, na prisão do agressor. Contudo, a esperança por justiça durou pouco: após cumprir apenas dois anos de detenção, o agressor voltou à vida em sociedade, com a mesma aparência de “bom cidadão” e amparo daqueles que ignoravam seu histórico.

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A indignação que acompanha esse relato é também um alerta sobre a realidade de tantas outras vítimas, que, diante de leis que frequentemente resultam em penas reduzidas para crimes de abuso, sentem-se abandonadas e revitimizadas. “O sistema falha em proteger as vítimas, enquanto dá ao agressor a chance de retornar à sociedade como se nada tivesse ocorrido”, desabafa.

Ela compartilha sua história na esperança de inspirar outras vítimas a não se calarem e, ao mesmo tempo, como um apelo por mudanças no sistema jurídico, para que crimes de abuso sejam punidos com a severidade que a gravidade do ato exige. “A justiça dos homens é falha, mas ainda tenho fé em outra justiça”, afirma, referindo-se a sua confiança de que a verdade sempre prevalece.

A coragem de expor experiências tão dolorosas também reforça a necessidade de uma consciência coletiva em torno do abuso infantil. Ela agora, como mãe, sente o peso do dever de proteger sua própria filha, expressando o compromisso de lutar para que sua história seja um grito de alerta para todos.

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