Após dois meses hospitalizado, comerciante de Estância Velha se recupera da Covid-19

Cristiano Lopes de Souza, 40 anos, precisou amputar a perna esquerda devido a sequelas da doença. Sogra, de 82 anos, que também foi infectada pelo coronavírus, morreu.

Dois meses e meio após deixar a casa em uma ambulância, Cristiano Lopes de Souza, de 40 anos, deve se reencontrar com a família em Estância Velha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, nesta terça-feira (6). Ele tem previsão de alta hospitalar após ser levado para a UTI, entubado e precisar amputar a perna esquerda devido a sequelas da Covid-19.

“Não hesitei nem nada. Acordei e tava vivo. Olhei pro céu e disse: ‘Estamos aí’”, rememora.

 

O comerciante foi diagnosticado com coronavírus em 12 de julho, mas não teve febre ou outros sintomas típicos de gripe durante o período de isolamento. Ele conta que estava na fase final da recuperação quando sentiu-se mal pela primeira vez.

Na noite de 21 de julho, quando tomava banho, sentiu fraqueza nas pernas e pediu ajuda à esposa. Foi levado para a UTI e entubado, onde permaneceu por uma semana.

Amputação e fasciotomia

 

Cristiano tomava medicamentos para controlar o colesterol e a pressão, já que teve um infarto nove anos atrás. Com problemas de circulação, precisou amputar uma das pernas e fazer cortes em outra para aliviar a pressão.

“Estava bem tonto. Tive que fazer fasciotomia na perna direita e amputação na esquerda. Fiz fisioterapia, mexo tudo. Só não firmo no chão ainda”, descreve.

Nos dois meses seguintes, alternou períodos na recuperação da UTI e no leito clínico. Enquanto se reabilita, os amigos de Estância Velha iniciaram uma campanha para arrecadar verba para a compra de uma prótese.

“Ainda vou ficar um pouco acamado. Minha esposa conseguiu uma cadeira de rodas pra eu pegar um sol, fazer alguma coisa. O começo vai ficar como estou aqui, ainda precisando de ajuda. Mas mais uns dias e a gente já começa a se mexer sozinho”, projeta.

Sogra morreu em decorrência da doença

 

Cristiano morava com a esposa Néli, a filha Luana e a sogra Júlia. Dos quatro, apenas a menina de nove anos não foi infectada pelo coronavírus.

Néli teve mal-estar, dor de cabeça, febre e outros sintomas de gripe. Já Júlia, internada após dias com uma tosse seca e parte do pulmão comprometido, faleceu aos 82 anos.

“Teve uma parada cardiorrespiratória. Não quis ser entubada. Pela tomografia, o pulmão estava bem debilitado. Era uma pessoa lúcida”, relata.

Após a morte da sogra, a família deixou a casa onde morava e passou a alugar um novo imóvel. A residência é bastante acessível, como descreve Cristiano, e ele ainda terá o apoio da esposa e da filha. A única preocupação, no momento, é conter a ansiedade.

“Com fé, a gente vai levando”, conclui.

Fonte: G1