
A reunião durou mais de duas horas, ouvindo relatos de lideranças do campo e da corporação dos Bombeiros e Exército, especialmente sobre os recentes casos de incêndios em campos do Município , cujas perdas são incalculáveis. Foram elaborados seis encaminhamentos para enfrentar a difícil situação :
– a organização de um gabinete de crise; a formação de uma brigada voluntária rural com treinamento para atuar nas situações de sinistros no meio rural;
– constituição de um grupo de trabalhos para discutir os efeitos da estiagem e abastecimento de água nas comunidades rurais ;
– elaboração de um plano de ação e de contingenciamento das queimadas e desabastecimento de água;
– busca de recursos para a abertura de poços artesianos comunitários;
– e indicar ao Governo do Estado a aquisição de aeronave de combate a incêndios.
A presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, Fátima Marchezan, que participou do encontro, encaminhou um manifesto por uma ação estratégica para calamidades no campo e na cidade. No documento, elenca três necessidades consideradas primordiais: a falta de gestão, ou gabinete de crise para centralizar as informações, organizar a logística de equipes, defesa Civil, Exército e Bombeiros; falta de estrutura operacional, haja vista que no Município não existe planejamento que contemple a construção de pistas e cisternas estrategicamente localizadas, a fim de otimizar a logística dos aviões; falta de liderança, ou seja, pessoas que pensem o município todos os anos, quanto ao campo desassistido, sem sinal de celular e internet e melhores estradas.
Associação dos Arrozeiros exige um plano estratégico para enfrentar queimadas
A Associação dos Arrozeiros deixou a ideia de um projeto Previncêndio para melhoria da estrutura física e operacional da Defesa Civil e dos Bombeiros e campanhas de promoção da educação ambiental para capacitar e sensibilizar a população no sentido de monitorar, prevenir e combater incêndios e queimadas, especialmente na área rural.
Presidente do Sindicato Rural: os prejuízos são incalculáveis
Na abertura do encontro, o presidente da Frente Parlamentar , Itamar Rodriguez, abriu espaço parta os relatos. O presidente do Sindicato Rural de Alegrete, Luiz Plastina Gomes traçou o quadro considerado desolador, afirmando que houve produtores que perderam todos seus campos. Era muita gente tentando ajudar, mas sem treinamento, daí a necessidade de treinar as equipes e dispor de equipamentos. Somente de sua propriedade, disse o presidente, foram 800 hectares queimados.
O presidente prontificou-se a apoiar no que for possível na criação de um plano de contingência e da Brigada Voluntária.
Bombeiros: chegou reforço de Passo Fundo
O comandante regional dos Bombeiros, tenente- coronel Rafael, ao falar durante a reunião da Frente Parlamentar, relatou as três áreas de Alerta na região: Uruguaiana, Alegrete e Livramento, pela extensão territorial e número de ocorrências. Disse que os bombeiros têm o mesmo efetivo, sem falar nas dificuldades para uma viatura tanque combater incêndios florestais devido ao difícil acesso. O que está sendo feito é pegar o efetivo que está no descanso para não deixar a cidade descoberta. Os bombeiros estão fazendo o seu máximo, destacou o comandante Rafael. O comando geral dos Bombeiros , diante das dificuldades na região, designou uma equipe de oito bombeiros de foram da região para combater os principais focos, assim como está vindo uma equipe de Passo Fundo para ajudar a combater um Alegrete. Além do efetivo orgânico de Alegrete, agora são mais 12 homens que atuam no reforço. O comandante dos Bombeiros agradeceu o apoio do Exército.
Sine reabre dia 18 com um Feirão de Empregos em montadora de ônibus
O deputado estadual Sérgio Turra , da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha fez uma intervenção on-line no encontro para dizer de medidas que devem ser tomadas como a prorrogação de dívidas rurais, sendo que para isso a Ministra Teresa Cristina, da Agricultura e Pecuária e outros organismos devem entrar em campo.

Presidente Anilton: reunião histórica
O presidente da Câmara Municipal, Anilton Oliveira, classificou como reunião histórica realizada na Câmara, na busca de alternativas para sanar problemas dos incêndios em dimensões nunca vistas na cidade. Há alguma alteração na atmosfera para tanto foco de incêndio, ao ponto de, numa extensão de 8 Km, ocorrerem 10 focos. Citou casos dramáticos como o de um produtor que mesmo estando com Covid, fez um plantão, exposto ao perigo, para zelar por sua propriedade para que a casa não fosse atingida pelas chamas. O presidente comentou também sobre os problemas de abastecimento de água em regiões no interior e pediu apoio dos quartéis com caminhão pipa para abastecer comunidades que não dispõem nesse moimento. Deixou a ideia de aquisição de drones para monitorar os campos e as queimadas, assim como a compra de abafadores e a criação da Brigada Rural Voluntária e o devido treinamento a seus integrantes, além de hidrantes nos quadrantes do município.
Concluiu o presidente Anilton afirmando que a Câmara precisa ir atrás dos que tiveram prejuízos e orientá-los, caso tenham dívidas, buscar a revisão dos contratos.
Governo do Estado reduz prazos de isolamento de pessoas com Covid-19
Ivo Mello: o prejuízo com o arroz chega a R$ 41mi
O representante do IRGA e do Comitê da Bacia do Uruguai foi claro ao afirmar que esta é a pior seca que enfrentou nas últimas 36 safras. Um evento natural que não tinha acontecido antes, mas que poderão vir piores, alertou. Defendeu medidas planejadas a curto, médio e longo prazo. Sobre os prejuízos causados pela seca à lavoura de arroz, calculados há dez dias, chegam a R$ 41 milhões.
Também se manifestou a presidente do Conselho Agropecuário, Thais Pires, colocando a entidade à disposição. Disse ter Acompanhado com aflição os pedidos de socorro, mas que ninguém está preparado para este tipo de situação. É uma questão de planejamento.
O vereador Glênio Bolsson atentou para a questão dos poços artesianos que poderia o Município ter um programa de abertura de poços bem amplo para atender às comunidades mais necessitadas. Já o vereador Luciano Belmonte alertou para a necessidade de uma maior conscientização a fim de evitar incêndios. Ao mesmo tempo, manifestou-se a favor da brigada comunitária.

A representante regional do MST, Nilza Azevedo, disse que o problema da água nos assentamentos não é de agora, vem de há muito tempo e continuam. Não tem pasto para o gado, falta água e as lavouras de milho perdidas.
A situação da Defesa Civil foi relatada pelo coordenador Joaquim Segabinazi. Com um caminhão pipa adaptado , diariamente abastece em torno de 50 famílias. No atendimento do incêndio do Itapororó, a Defesa Civil deixou de atender os assentamentos.Também se manifestaram os representantes das unidades militares, Major Evonir Filho, do 10º. B LOG e Capitão Felipe, do 12º. BE COMB BLD.
A comunidade do Capivari, presente na reunião, reclamou da falta de água.
Gindri : a questão dos poços
O secretário de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Daniel Gindri , em sua manifestação, relatou que há duas semanas vem trabalhando na apuração dos dados com vistas à homologação do decreto de emergência. Que vem contatando com entidades oficiais no sentido de apurar os valores dos prejuízos para o devido encaminhamento da documentação. E que , por determinação do prefeito, já teve dois caminhões levando água ao interior. Sobre os poços artesianos, há um ano vinha tratando sobre a abertura de 3 poços mas esbarrava na questão técnica da CEF. Ao contrário do que chegou a ser afirmado, o secretário disse que hoje, um poço artesiano comunitário está na ordem de R$ 120 a R$ 130 mil. A ideia, este ano, é de instalar pelo menos 9 poços artesianos, através de emendas parlamentares e do programa Avançar do Governo do Estado. Portanto, o desafio é grande e a confiança da comunidade muito importante, disse. O secretário informou de reunião a ser realizada pela manhã, para tratar sobre o problema dos incêndios.
Ao final, manifestou-se o tenente Canabarro, oficial bombeiro aposentado, alertando para o fato de que os incêndios estão se agravando e é uma questão global. Para enfrenta-los, resumiu que é preciso treinamento e reestruturação da Defesa Civil.
Na próxima segunda-feira, nova reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária, às 9h.