Liana Gomes e Andrio Mazzarro foram mortos pelo ex-companheiro de Liana, que teria cometido suicídio após os crimes.
Liana dos Santos Gomes, 35 anos, e Andrio Andrade Mazzaro, 29 anos, tinham uma paixão em comum: a música e a dança gaúcha. Ele era músico e participava de festivais. Além disso, nas fotos que registram encontros com amigos, quase sempre aparecia com o violão animando as festas. Ela adorava os bailes para dançar músicas gaúchas. O casal foi assassinado em um crime que comoveu Júlio de Castilhos. Andrio foi morto a tiros na tarde de terça-feira no interior do município e Liana foi encontrada morta na manhã de quarta no interior de Condor, no norte do Estado, a mais de 100 quilômetros de Júlio de Castilhos, de onde foi sequestrada. O autor do crime, conforme a Polícia Civil, é ex-namorado de Liana. Ele foi identificado como Everton Luiz Rodrigues, 38 anos.
Andrio era conhecido na área da música. De acordo com o irmão dele, Andrei Andrade Mazzarro, 24 anos, ele já tinha relatado para a família que, após começar o namoro com Liana, o casal tinha recebido ameaças do ex de Liana, principal suspeito do crime. Andrei conta que Liana já tinha medida protetiva contra o ex-companheiro:
– Ele já tinha comentado com a família sobre as ameaças que vinha recebendo. Algumas vezes de forma direta – disse Andrei à reportagem.
Sobre o dia do crime, ele conta que o casal estava dando uma carona aos avós de Liana, que moravam em uma propriedade em Céu Azul, onde tudo começou:
– Era um dia normal como qualquer outro.
Os dois chegaram na propriedade rural, se despediram dos avós de Liana e quando deixavam o local foram surpreendidos pelo Everton próximo à porteira.
O irmão de Liana, Mateus dos Santos Gomes, 32 anos, também falou de ameaças sofridas pelo casal. Ele disse que após o término do relacionamento, Everton teria perseguido Liana em outras ocasiões.
Foto: Reprodução/Facebook
PAIXÃO PELA MÚSICA
A última vez que Andrei se encontrou e conversou com Andrio foi no sábado passado:
– Falamos sobre música. Ele aparentava estar bastante tranquilo. Ele era uma pessoa tranquila. Só tinha amigos. Estava trabalhando com vendas. Nunca imaginávamos que a história dele com a Liana pudesse acabar dessa forma trágica – disse.
– O cara era um baita irmão. Vai deixar muitas saudades. Tava sempre com a família tocado violão. Ele tinha muitos amigos na região. Amizades cultivadas pela música. Tem muita gente da região, de Santa Maria, Alegrete e outras cidades – conta o irmão de Andrio.
O corpo do jovem foi velado na Capela Memorial da Paz durante a tarde desta quarta-feira e foi sepultado às 16h no Cemitério Municipal de Júlio de Castilhos.
Foto: Arquivo pessoal
LIANA ERA TÉCNICA-ADMINISTRATIVA
Liana trabalhava como técnica-administrativa no Instituto Federal Farroupilha (IFFar), lá, segundo o irmão, a colaboradora era querida por todos os colegas. Ela, de uma família de três irmãos, tinha uma filha de dois anos.
– A pequena era a coisa mais importante que a Liana tinha na vida – contou Mateus.
Conforme o irmão, Liana e Andrio estavam juntos há cerca de três meses, e compartilhavam a mesma casa.
Mateus relembra que a irmã não media esforços para ajudar as pessoas ao redor, e que era parceira para qualquer momento:
– Quando tinha uma festa, ela era a primeira a se prontificar a organizar a festa. Com ela não tinha tempo ruim. Sempre foi muito decidida e independente.
Para ele, a perda da irmã é um vazio que nunca será preenchido. A última vez que a família falou com Liana, foi ao meio dia do último domingo.
A direção do IFFar emitiu uma nota de pesar pela morte da servidora:
“Com pesar, o IFFar informa o assassinato da servidora Liana dos Santos Gomes, nesta madrugada (16/09). A instituição decretou, a partir desta quarta-feira (16/09), três dias de luto oficial e suspendeu as atividades acadêmicas e administrativas no dia de hoje.
De acordo com informações preliminares da Polícia Civil de Júlio de Castilhos, o crime ocorreu no município de Condor, na região Norte do Estado. O suspeito pelo assassinato seria seu ex-companheiro.
Liana tinha 35 anos e desempenhava a função de assistente em administração na instituição desde 2008, tendo atuado na Reitoria e no Campus Júlio de Castilhos, unidade onde estava lotada atualmente.
O IFFar repudia com veemência casos de feminicídio e desenvolve ações permanentes de conscientização sobre a igualdade de gênero com a comunidade acadêmica, especialmente por meio do Comitê Institucional do Movimento Eles Por Elas (He For She) e dos Núcleos de Gênero e Diversidade Sexual (NUGEDIS). Mais do que nunca, precisamos discutir a violência, em todas as suas manifestações, para que esses crimes não se repitam.
A instituição lamenta profundamente a perda trágica da servidora e presta condolências a seus familiares, colegas e amigos.”
O CASO
Andrio foi morto na localidade de Céu Azul, interior de Júlio de Castilhos, na tarde de terça-feira. Após disparar, Everton fugiu levando Liana com ele. Os dois foram encontrados mortos na manhã desta quarta-feira no interior da cidade de Condor, no norte do Estado. A principal suspeita é que ele matou a mulher e logo depois cometido suicídio. A Polícia Civil investiga o caso.
Fonte: Gaúcha/ZH