Denúncias de assédio na Unipampa; “pode haver punição e afastamento de professores”, assegura a Direção

No final da tarde de sexta-feira(27), depois de uma semana de uma intensa programação coordenada pelo Coletivo Por Elas com apoio do Centro Estudantil, que mobilizou o campus da Unipampa Alegrete, além de outros órgãos e a comunidade, foi realizada uma Assembleia. Com a participação do Comitê de Gênero e Sexualidade, ONG Amoras, estudantes, Diretor do campus Roberlaine Ribeiro e o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis e Comunitários, Diogo Alves Elwanger, os alunos aguardavam ansiosos para saber qual seria a posição da Universidade quanto às denúncias de assédio de ordem moral e sexual no ambiente acadêmico. A Vereadora Maria do Horto (PT), acompanhou a assembléia.

Inicialmente, houve uma explanação sobre o assunto realizado por integrantes da ONG Amoras. A presidente, Evelise Leonardi, explicou como ocorreu o início da ONG. Ela sintetizou que ao realizar um trabalho junto às ESFs do Município se deparou com situações lamentáveis principalmente relacionada às crianças. Foi então, que ao buscar uma forma de auxiliar todos os traumas e abusos, concluiu que o grande problema estava na família, principalmente com as mães, na grande maioria vítimas de abusos de toda ordem. Ela e outras integrantes falaram sobre as lutas enfrentadas, a diferença entre o assédio moral e sexual. Ingrid Urbanetto, advogada, também comentou quanto aos direitos das vítimas e tudo que compreende a palavra abuso.

Na segunda-feira o auditório da Unipampa, esteve lotado. O debate inicial sobre o assunto trouxe muitos relatos de alunos e até mesmo ex-alunos. Durante a semana cartazes, faixas e um apitaço foi realizado para chamar atenção quanto à relevância do assunto. Também houve uma palestra com a psicóloga Bárbara Monteiro.

A expectativa, desta assembleia, era ouvir da Direção que os professores apontados nas denúncias fossem afastados. Isso ficou claro durante a discussão quando o Diretor Roberlaine iniciou sua fala. Ele descreveu todas as medidas que a Instituição está realizando. Falou do encontro com a Reitoria e completou que além da Universidade outros órgãos como Policias Civil e Militar e Ministério Público são aliados para que os fatos sejam apurados e os responsáveis punidos. Ele acrescentou o quanto o assunto é delicado, e solicitou que houvesse um acompanhamento psicológico sistemático no Campus.

Neste momento, o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis e Comunitários, Diogo Alves Elwanger, disse que a partir da próxima segunda-feira será criada uma Comissão Sindicante Externa para apurar todos as denúncias. Ele também garantiu o sigilo quanto à identidade dos alunos. Além de colocar que a Coordenadoria de Assuntos Estudantis e comunitários, o NUDE e a Direção estão abertos para o registro de novos casos. Ressaltou que todas as medidas serão tomadas e, se o caso requerer uma punição e/ou afastamento dos docentes, isto sera feito. Atualmente, nesta semana, um dos professores está afastado. Porém, os alunos foram contundentes em afirmar dos receios de muitos em se deparar com situações ainda mais constrangedoras, muitos estão se sentindo coagidos.

O que ficou claro foi o descontentamento dos universitários quanto ao número acentuado de denúncias, principalmente de assedio moral, que ocorre há anos e não há por parte da Universidade uma atitude mais rígida junto ao docente. Houve relatos de casos de estudantes que abandonaram cursos, depressão e até mesmo tentativa de suicídio diante da pressão que muitos sofrem. Nesta semana deve ocorrer uma nova assembleia para que o assunto seja novamente debatido e a direção apresente as medidas que foram tomadas, com resultados conclusivos.

Flaviane Antolini Favero