Dilma vai sobrevoar área atingida por enchente na Fronteira Oeste

Visita da presidente aumenta expectativa de maior auxílio do governo federal aos desabrigados e desalojados pelas cheias em Uruguaiana

As quatro casas de alvenaria que ocupavam o terreno da família Azambuja, às margens do Rio Uruguai, em Uruguaiana, não existem mais. Levadas pela água, deixaram oito pessoas – sendo duas crianças – ao relento. Amontoados sob barracas e em meio a pedaços de concreto, madeira e fios elétricos, os Azambuja formam uma das quase 600 famílias que ainda não têm lugar para morar após a chuva das últimas semanas na Fronteira Oeste.

Embora o nível da água já tenha diminuído, o que possibilita o início da limpeza das residências afetadas e o retorno de algumas pessoas para casa, ainda há centenas de moradores sem ter para onde ir, acampados nos locais onde antes estavam as suas moradias. Esse é o cenário que a presidente Dilma Rousseff encontrará na manhã deste sábado ao sobrevoar os 12 bairros atingidos pela enchente na cidade.

A visita é aguardada principalmente pelos moradores das áreas ribeirinhas. Eles esperavam que a presidente visitasse a Fronteira antes, no auge da enchente, mas mantêm esperanças de que Dilma amplie a assistência aos flagelados.

– Desde que começou a cheia, ganhei um quilo de arroz, um de feijão, um pouco de azeite e um kit limpeza. É pouco – diz o pescador Basílio Azambuja, 28 anos.

Parte dos moradores diz não saber a quem recorrer em busca de ajuda. Reclamam que a prefeitura não quer fornecer tábuas de madeira e material para reconstruir casas que fiquem à beira do rio, já que a área é considerada de risco.

– A gente foi na prefeitura e se inscreveu para ganhar o aluguel (social). Eles dizem que vão nos ligar, mas não ligam – reclama a aposentada Marina Melo, 66 anos.

Após sobrevoar a região, a presidente Dilma vai se reunir com prefeitos de Uruguaiana, São Borja, Barra do Quaraí, Alegrete, Garruchos e Itaqui. Os municípios, em situação de emergência, receberam auxílio do Estado para as ações emergenciais.

A situação no Estado

2.950 pessoas permanecem fora de casa por causa das cheias.

2.392 estão em casas de parentes e amigos e 558 em abrigos públicos.

168 municípios foram atingidos, sendo que 138 decretaram estado de emergência.

Iraí e Barra do Guarita decretaram estado de calamidade pública.

Duas pessoas morreram e uma, Paula Thon, 23 anos, permanece desaparecida em Arroio do Tigre.

Cinco estradas seguem interditadas por causa da chuva. Uma delas é a RSC-153, entre os kms 300 e 311, em Vale do Sol, onde houve deslizamento de terra. As outras rodovias com bloqueios são: RSC-480 (Erval Grande), RSC-472 (Humaitá e Boa Vista do Buricá), ERS-110 (Jaquirana) e BR-153 (Marcelino Ramos).

Fonte: Zero Hora