Diretor da UTI Covid sobre crescimento de óbitos: “quanto mais gente infectada, mais mortes”

Alegrete atingiu os piores números da pandemia, são 41 mortes causadas pela Covid-19 em 15 dias no mês de março. O recorde consolida uma nova onda, porém, muito mais letal, não só no Município mas no Brasil. Desde fevereiro, o volume de casos da doença gerou um impacto muito grande nos sistemas de saúde, chegando a 100% de lotação dos leitos de UTI Covid e também o colapso em vários aspectos, pela falta de vagas em leitos, insumos e oxigênio.

 

Muitas pessoas se questionam sobre esse número expressivo de mortes. Em Alegrete, os últimos dias têm sido de recordes, chegando a seis óbitos em um único dia. Para compreender o quadro, a reportagem do PAT, novamente falou com o médico Dr José Fábio Pereira, diretor técnico da UPA e também responsável pela UTI Covid.

Ao ser questionado sobre esse grande avanço, principalmente nos números de óbitos, o que tem sido mais impactante, ele destaca que uma justificativa é uma nova CEPA. Pois esta, pode ser mais agressiva e realmente fazer com que o paciente entrem em insuficiência respiratória mais rapidamente, desta forma, causa mais lesões pulmonares, além de lesões em outros órgãos.

“Agora, o que a gente se dá conta também é que no ano passado, as confirmações eram de trinta, quarenta contaminados por dia, uma realidade muito diferente dos últimos dias onde o número ultrapassa 100 por dia. Então, se a gente pensar que mundialmente 3% dos pacientes contaminados estão morrendo, se nós tivermos 100 pessoas, três delas irão morrer num dia. Isso é grave, mas números absolutos”- comentou.

Por esse motivo, o médico ressaltou que as mortes estão aumentando pois o número de contaminados é ainda maior. “Quanto mais pessoas contaminadas, mais óbitos vão existir. Quer dizer, enquanto o pessoal não se conscientizar do  que realmente está acontecendo, a situação vai piorar. Hoje mesmo, eu fiquei em casa pelo período da manhã, era um movimento normal na cidade, carro andando pra cima e pra baixo, idosos descendo dos ônibus em quantidade expressiva. Então, realmente, o pessoal não tá se dando conta que tem que se prevenir”- explicou.

O médico também destacou que as pessoas com obesidade, hipertensão, diabetes, estão sendo mais acometidas e ficando em estágios mais críticos em relação a outros pacientes. Inclusive pessoas jovens.”Já tivemos mortes de pessoas jovens de 30 anos ou pouco mais que tinham comorbidades como : obesidade e diabetes. Então, quer dizer, tá atingindo um grupo mais jovem e mais letal, mas porque essas pessoas têm comodidades importantes e que acaba levando a esse trágico quadro ” – concluiu.

Flaviane Antolini Favero